Um brasileiro está vendendo títulos de residência da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP) falsos em Portugal. O DN Brasil conversou com várias vítimas e teve acesso às conversas com o imigrante, que cobra de 120 a 150 euros pelo documento, que é idêntico ao original - uma folha de papel A4 com QR Code, enviada em formato PDF - mas falso.Uma das vítimas descobriu que o documento não era verdadeiro quando uma conhecida, que tinha contratado o mesmo serviço, foi parada em uma fiscalização. "Eu descobri que era falso porque uma das amigas da minha prima que fez também foi viajar e a polícia do aeroporto viu que era falso. A minha prima me ligou e então meu marido entrou no site da AIMA e não consta nada lá", conta ao jornal.Assim como a indicação do serviço foi correndo entre imigrantes, a informação de que era falso também. Quem vende o serviço é Guilherme Martins de Souza, através de um perfil denominado Martins Assessoria. Na descrição da empresa, diz que faz prestação de serviços, como NIF e NISS. O DN Brasil conversou inicialmente com Guilherme, alegando querer adquirir o serviço. As respostas foram iguais aos que o jornal já havia visto nos prints dos diálogos com as vítimas.Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!O brasileiro confirma nas conversas que o título é emitido mesmo sem ter manifestação de interesse ou visto - algo impossível dentro da lei atualmente. O portal da CPLP ainda não foi aberto para solicitar o documento para quem não possui visto ou manifestação de interesse. "Faremos pelo artigo 87, estatuto da igualdade". O artigo a que se refere de fato existe - é o da CPLP, mas impossível de ser solicitado neste momento sem ação judicial. . Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!As perguntas aos que compram o serviço são padrão: pede se a pessoa possui NISS, NIF, passaporte, contrato de trabalho ou recibos verdes e diz entregar o título de residência em 20 dias úteis, após o pagamento pelo serviço. Guilherme afirma nas respostas que o trabalho é "100% garantido".Uma das pessoas lesadas que conversou com o DN Brasil diz sabe que foi "um erro confiar em um desconhecido, mas é o desespero de muitos que estão na busca de viver numa forma regular no país". Ela ficou sabendo do serviço através de uma conhecida, que, até então, também não sabia que o documento era falso.A vítima pagou por dois títulos de residência CPLP não verdadeiros. Ao receber os documentos, testou as chaves no site da Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e não funcionava. Ao confrontar Guilherme, ele não a respondeu mais nem atendeu as chamadas..O que diz Guilherme .Contatado pelo DN Brasil, Guilherme confirma que teve "alguns problemas com um suposto solicitador que me ofereceu esse serviço", mas que devolveu "alguns valores" e pretende estornar "todos que se sentirem lesados pela situação". As vítimas que conversaram com o jornal informaram não terem recebido qualquer valor.O imigrante se recusou a informar o contato do suposto solicitador - nem apresentou prova de conversas com tal pessoa. Apenas destacou que conversava "pelo WhatsApp" e que se identifica como "Eduardo". Ele ainda ressaltou que o suposto solicitador "parou de o responder" na segunda-feira (03) quando o cobrou explicações.No entanto, o DN Brasil fez contato na terça-feira (04) alegando querer adquirir o serviço e Guilherme forneceu as informações normalmente. Confrontado sobre o fato de não existir na lei atualmente uma forma de fazer a residência CPLP como vendia, o brasileiro não respondeu.Formato em papel facilita falsificações, afirma advogada .Para a advogada Priscila Nazareth Ferreira, o fato de a residência CPLP ser apenas um papel com QR Code facilita a falsificação. "O modelo é um prato cheio para os falsificadores. A fragilidade do documento é usada para burlar o estado e os imigrantes", explica. A profissional orienta que as pessoas lesadas prestem boletim de ocorrência, dizendo que achavam contratar um serviço legítimo. De acordo com a advogada, o registro policial é importante também para evitar que a vítima seja vista como cúmplice em crime de falsificação de documentos ou de auxílio à imigração ilegal.amanda.lima@dn.pt.O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil..Entrar em Portugal e pedir título CPLP segue sem prazo, confirma ministro ao DN Brasil .Falsos agendamentos, moradia fantasma e mais: advogada lista golpes comuns em Portugal