Lucas Macedo (de gorro) com a banda Terapia do Pagode
Lucas Macedo (de gorro) com a banda Terapia do PagodeREINALDO RODRIGUES

"Terapia de Pagode": brasileiro anima Lisboa e conquista europeus

Em Portugal há mais de 20 anos, Lucas Macedo é hoje produtor de eventos e criador do Terapia do Pagode, grupo que conquistou as noites de sexta-feira na famosa Rua Cor de Rosa. Em fevereiro, o evento ganhará nova casa: “Será um evento premium, num lugar maior e com mais condições”, conta ao DN Brasil.
Publicado a

Foi num restaurante indiano na Rua Cor de Rosa, uma das mais badaladas de Lisboa, que a festa Terapia do Pagode, criada pelo produtor de eventos brasileiro Lucas Macedo, 31, começou a chamar atenção não só da comunidade brasileira, mas de pessoas vindas dos mais diferentes países que ali passavam. “Ingleses, alemães, franceses começaram a querer ver o que que tava acontecendo dentro daquele restaurante que estava cheio: mesmo que não entendessem as músicas, a vibe chamou muito a atenção. Virou uma mistura de culturas ao redor do pagode”, conta Lucas, natural de Maringá (PR), em entrevista ao DN Brasil.

Em Portugal há mais de 20 anos, o brasileiro é formado em comunicação social e posteriormente se especializou em produção de eventos. Dois anos atrás deu início ao projeto Terapia do Pagode, uma roda de pagode semanal que teve suas primeiras edições nas noites de sexta-feira na região do Cais do Sodré e aos domingos no Barrio Latino, em Santos, momento mantido pela produção até hoje.

Lucas conta que a ideia surgiu para reunir a comunidade brasileira em Lisboa e animar um ambiente um pouco mais frio da cidade, não só no clima. “O português é mais do cafezinho, né? Aqui eles tem mais aquela pegada ‘vamos tomar um cafezinho, coisa tranquila’, e o brasileiro quer sair do trabalho e tomar um chope, ouvir uma música ao vivo, conviver com a galera, temos uma energia muito específica. Criei essa parada exatamente pra isso, para o pessoal, depois de um dia de trabalho ter essa diversão, uma coisa que a gente já estava muito acostumado no Brasil e que aqui em Lisboa não tinha”, explica o produtor.

O brasileiro explica que o evento começou pequeno, quase como um experimento. “Na época, não tinha ninguém fazendo pagode às sextas. Vi que era uma oportunidade e comecei de forma despretensiosa, não era uma coisa para ganhar dinheiro, era apenas para reunir amigos, fazer uma coisa bacana para os brasileiros. O primeiro evento foi nesse restaurante indiano, que topou tirar todas as mesas para a gente colocar uma banda”, relembra.

Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!

O produtor recorda que, originalmente, a iniciativa surgiu com outro nome, mas foi depois das primeiras edições que Lucas se inspirou para mudar para o atual. “Chamava República, para remeter a uma coisa mais jovem, pessoal que estuda em Portugal. Depois notei que a gente estava num momento que muita gente estava fazendo terapia, falando sobre terapia e eu pensei na ‘Terapia do Pagode’. Ficou”, relembra.

De dois anos para cá, o que começou com um público modesto virou um fenômeno. Hoje, o Terapia do Pagode que até pouco tempo ainda tinha noites de sexta-feira fixas no mesmo restaurante Cais do Sodré, faz no Barrio Latino, aos domingos, uma roda de pagode em 360 graus. 

Produtor registra o sound check no pagode do Barrio Latino.
Produtor registra o sound check no pagode do Barrio Latino.REINALDO RODRIGUES

O evento também já percorreu cidades como Porto e Figueira da Foz, sempre atraindo brasileiros e portugueses, um feito que orgulho o idealizador do evento: “Quando cheguei aqui não era assim, mas hoje em dia os portugueses consomem muita música brasileira, de diferentes gêneros. Começou com sertanejo, agora já conhecem bem o samba, o pagode, inclusive pagodeiros muito específicos. É legal, acho que cerca de 30% do público da roda é português”, comemora.

Para um futuro próximo Lucas já foca em novos desafios. A partir de fevereiro, o evento terá um formato expandido e uma casa nova na região do Prior Velho, zona próxima do aeroporto de Lisboa e que tem recebido cada vez mais casas de festa. Segundo o brasileiro, o bar no Cais do Sodré acabou “ficando pequeno” para tamanho crescimento da Terapia do Pagode. “Foi muito bom, mas já não fazia sentido. Agora teremos o Terapia de Pagode Premium nessa região do Prior Velho, é um lugar que dá para ter coisas funcionando até mais tarde, vamos também retornar com o sertanejo, acho que vai ser bem legal”, prevê.

Com a Terapia do Pagode fazendo mais sucesso entre pessoas de diferentes países que vivem em Lisboa, mas especialmente como um elo para conectar a comunidade brasileira em Portugal, Lucas diz que, com o evento crescendo, outro foco que a organização quer explorar é participar de projetos solidários de brasileiros no país. “Gosto muito de abraçar campanhas solidárias, portanto estamos de portas abertas para dar visibilidade para esses projetos. Quem estiver por trás de ações de doação de roupas, especialmente vestimentas para o frio nessa época de inverno, brasileiros que tenham ONG's são sempre bem-vindos para trabalharmos juntos. São atividades que já tivemos nos nossos eventos e queremos aplicar cada vez”, finaliza o produtor.

nuno.tibirica@dn.pt

O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil.

Lucas Macedo (de gorro) com a banda Terapia do Pagode
Coletivo Gira: brasileiras formam a roda de samba que se tornou referência em Lisboa
Lucas Macedo (de gorro) com a banda Terapia do Pagode
Brasileiro Japa System: "Portugal projeta a minha arte para o resto do mundo"
Diário de Notícias
www.dn.pt