Série da RTP estreia nesta segunda-feira e revisita o Brasil colônia com historiadores brasileiros
A RTP estreia nesta segunda-feira (22) uma nova temporada da série documental Visita Guiada focada no período do Brasil colônia. A produção mergulha na história do período com a participação de especialistas brasileiros convidados a dar contexto e complexidade à narrativa. A transmissão de estreia está marcada para às 22h45, no canal RTP2.
O programa busca reconstruir a trajetória do Brasil colônia sem suavizar os episódios mais violentos da história. "É uma história épica, mas é também uma história de extrema violência. Não só não fugimos à questão, como em todos os episódios se fala da escravatura, das mortes indígenas e de tudo que percorre a história da Europa na América. E ouvimos os maiores especialistas na matéria", conta Paula Moura Pinheiro, entrevistadora do Visita Guiada, ao DN Brasil.
A série tem como objetivo ser um programa de divulgação ampla sobre o período. "É muito importante que os portugueses tenham consciência de como as coisas aconteceram - o bom e o terrível, tudo, fora que também é uma oportunidade para os brasileiros que moram em Portugal terem esse contato com nossa história em comum", reforça Paula.
Para garantir a pluralidade de vozes, a RTP ouviu brasileiros como Ailton Krenak, ativista pelos direitos dos indígenas e outras referências na área. A serie, pontua Paula, dá especial atenção às feridas abertas da colonização, sem deixar de lado temas delicados como a escravatura, a dizimação das populações indígenas e os fluxos de riqueza entre Brasil e Portugal, objeto de debates nas redes sociais entre portugueses e brasileiros.
"Claro que saiu muito ouro do Brasil, mas a esmagadora maioria da riqueza, incluindo a produzida pelos engenhos de açúcar, ficou no Brasil", pontua Paula. "Isso é explicado na série por uma historiadora brasileira, acima de qualquer suspeita", destaca.
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Segundo a apresentadora, o objetivo da produção é ajudar tanto portugueses quanto brasileiros a desmontar "lugares comuns errados", com uma abordagem comprometida com a honestidade intelectual. "Escutando os especialistas, não fugindo às questões mais indigestas, assumindo tudo - o bom e o mau -, acredito que a série pode nos ajudar a compreender melhor quem somos e de onde viemos."
De acordo com a entrevistadora, a série começa com a chegada da esquadra de Cabral, o primeiro contato com os povos indígenas e a leitura comentada da famosa carta de Pêro Vaz de Caminha, feita por Sheila Hue, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Passa depois por Salvador, com o historiador Evergton Sales Souza, que mostra como a cidade se tornou sede do Governo-Geral e epicentro da presença da Igreja Católica no Brasil.
O tráfico de africanos escravizados, os quilombos e o ciclo do açúcar no Recôncavo Baiano também são tratados, com participação de nomes como João José Reis, Carlos da Silva Júnior e Fabricio Lyrio Santos. Em outro episódio, o foco vai para Minas Gerais, onde a corrida do ouro e conflitos como a Guerra dos Emboabas revelam os choques entre portugueses e brasileiros já no século XVIII.
Um nono episódio extra encerra a temporada com histórias ambientadas em Salvador, Diamantina e no Rio de Janeiro. Lançada num momento em que o número de brasileiros em Portugal atinge recordes, a série oferece uma oportunidade de revisitar, com rigor e vozes do Brasil, a história compartilhada e não esquecida entre os dois países.
O episódio de estreia será transmitido na RTP2 às 22h45 da próxima segunda-feira (21), data que, como ressalta Paula Moura Pinheiro, "não tem nada de inocente". A escolha do dia é marcada pela celebração de Tiradentes, herói nacional do Brasil, e também pela véspera dos 525 anos da chegada da armada de Pedro Álvares Cabral ao território que viria a se tornar o Brasil.
Os demais episódios também serão transmitidos às segundas-feiras, no mesmo horário, e poderão ser acessados no serviço de streaming RTP Play.
nuno.tibirica@dn.pt