Opinião. O mundo cabe num escritório? Sim, quando o espaço é flexível
Texto: Martim de Botton*
Num mundo cada vez mais interligado, o local onde trabalhamos deixou de ser apenas um endereço fixo e tornou-se mais móvel, mais digital e, sobretudo, mais diverso. E se há espaços que ilustram bem essa transformação, são os espaços de trabalho flexíveis — ambientes que, mais do que oferecer apenas uma secretária e uma ligação à internet, funcionam como pontos de encontro entre pessoas que partilham culturas, experiências e perspetivas distintas.
Ao reunir profissionais de diferentes nacionalidades, sectores e percursos de vida, os espaços de trabalho flexíveis estão a criar comunidades profissionais multiculturais que promovem o networking, a empatia e a colaboração. E isso tem um valor inestimável, não apenas para quem lá trabalha, mas também para a sociedade e a economia em geral.
Num só espaço, é possível cruzar um designer espanhol, uma empreendedora francesa, um programador brasileiro e uma equipa de marketing portuguesa. Esta convivência gera, naturalmente, oportunidades para partilhar ideias, para aprender com outras formas de pensar e sobretudo para identificar sinergias improváveis. O café partilhado, a mesa comunitária ou a sala de brainstorming tornam-se pontos de contacto informais, onde muitas vezes nascem colaborações e projetos que dificilmente aconteceriam num modelo mais tradicional.
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Além disso, estes espaços assumem um papel cada vez mais relevante na integração de profissionais estrangeiros nas cidades onde se instalam. Ao oferecerem não só um local de trabalho, mas também uma comunidade, contribuem para uma adaptação mais rápida à realidade local, sem que isso signifique abdicar da identidade ou bagagem cultural que cada pessoa traz consigo. É esse equilíbrio entre pertença e abertura que torna os espaços flexíveis tão ricos. Porque, no fim, é nas ligações que criamos uns com os outros — independentemente da língua, do país de origem ou da profissão — que construímos o futuro do trabalho.
* Martim de Botton é CEO do LACS