Paralisação está prevista para ser 100% na maioria dos postos.
Paralisação está prevista para ser 100% na maioria dos postos.Foto: Facebook Consulado Geral de Portugal em São Paulo

"Esta greve vai rebentar os serviços consulares no Brasil", diz sindicato. Adesão prevista é de 100%

"Há uma sobrecarga sobre os funcionários extrema e esta greve vem demonstrar que os funcionários são necessários", explica ao DN Brasil Alexandre Vieira, secretário-geral adjunto STCDE.
Publicado a

A greve nos consulados portugueses no Brasil, iniciada hoje (03) vai "rebentar os serviços consulares" no país. A declaração é Alexandre Vieira, secretário adjunto do Sindicato dos Trabalhadores Consulares, Missões Diplomáticas e Serviços Centrais (STCDE), em entrevista ao DN Brasil.

O sindicato prevê uma paralisação de praticamente 100% em todos os postos consulares. Segundo Vieira, apenas em Curitiba será de 75%, porque um dos trabalhadores está no período experimental. "De resto a adesão é de 100% ou 80%", adianta o secretário adjunto.

De acordo com o profissional, a greve vai impactar bastante no andamento dos pedidos de visto. "Vai ter uma grande influência e impacto em todos, quer os portugueses que têm que renovar o seu passaporte porque estão cidadãos e também para a comunidade brasileira que está a residir e precisa dos vistos para estarem legalmente a viver em Portugal", explica.

Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp

Alexandre vê como "grave" que o discurso do Governo seja de incentivar a migração com visto, mas sem fortalecer os postos consulares de meios. "É grave essa situação, aliás, nós temos visto manifestações em frente ao consulado de brasileiros. O problema saiu de Portugal e foi transferido para os consulados. Isto é uma sobrecarga de trabalho enorme", analisa.

Os cerca de 100 trabalhadores reivindicam a fixação dos salários em euros e não mais no "câmbio fictício de 2,16 arranjado desde 2013", diz. Conforme Alexandre, os profissionais recebem "metade daquilo que é produzido". Hoje a taxa de câmbio é de 6 por 1. "Em vez de receber 6 mil reais, recebem 2 mil reais", ressalta. A classe ainda reivindica o pagamento retroativo de janeiro de 2023 sobre o aumento de 9% na função pública.

O profissional diz que a greve "não é por vontade", mas sim por reivindicações. "Nós não fazemos greves porque temos vontade, não é por vontade. Fazemos uma greve porque não há mais possibilidade de aguentar mais os funcionários nessa situação", destaca.

A situação preocupa os requerentes de visto no Brasil. Os últimos meses foram marcados por um aumento no número de pedidos de visto e também atrasos na análise dos documentos, o que levou brasileiros a realizarem diversos protestos em frente aos consulados de várias cidades, como São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. Houve também uma onda de indeferimentos após os protestos.

Em alguns casos o tempo de análise passa dos 200 dias, enquanto o prazo legal é de 60 dias. O Governo reafirma que a única maneira de vir para Portugal é com visto e, ao mesmo tempo, reconhece que existem problemas com a rede consular. É esperado que 50 novos funcionários comecem a trabalhar neste mês, medida anunciada em junho do ano passado, no Plano de Ação para as Migrações.

DN Brasil tentou buscar respostas com o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) sobre a greve, mas não teve retorno.

O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil.
Paralisação está prevista para ser 100% na maioria dos postos.
Com atraso nos vistos, brasileiros cogitam desistir e arriscar como turistas
Paralisação está prevista para ser 100% na maioria dos postos.
Situação dos consulados fica de fora da cimeira, mas reforço está confirmado para março
Diário de Notícias
www.dn.pt