Brasileira reforça time do Porto Digital em Aveiro e quer trazer discussões sobre diversidade

Com uma longa carreira na área de Serviço Social, docência e inovação com foco nas pessoas, a recifense Marcela Valença é o mais novo reforço do Porto Digital Europa, localizado em Aveiro. Nos últimos seis anos, a brasileira trabalhou no porto irmão, no Recife. Agora, trouxe o conhecimento e vontade de aplicá-lo deste lado do oceano. “Queremos dar mais um toque de brasilidade no processo”, diz ao DN Brasil. A brasileira é a nova country operations manager (gerente de operações) da operação, um reforço para o time do português João Barbosa, presença constante em eventos com a comunidade empresarial brasileira em Portugal que está no projeto em Aveiro desde o início, em 2024.

Foi neste evento, em outubro do ano passado, durante o Brazil Tech Days, que Marcela veio para Aveiro ajudar na organização da inauguração. “Acabei conhecendo o evento, conhecendo as pessoas, me integrando, e no final do ano eu recebi a proposta de vir pra cá”, destaca. Ela ressalta que vai atuar mais na parte de projetos e operacional, enquanto João continuará se dedicando nas parcerias estratégicas e interação com as instituições.

A brasileira pontua que está animada para esta nova fase da carreira. “A gente nunca deixa de ser quem é, não é? Então a gente acaba carregando o trabalho. Você quando acredita no trabalho você acaba carregando ele para onde quer que você vá. Eu atravessei o oceano, mas vim para cá com também esse olhar de diversidade, de ver a cidade, de ver o país, de ver como que a gente pode contribuir”, explica.

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Ao chegar no país, a imigrante já identificou áreas que quer dar mais atenção. “A ideia é que a gente possa trazer um pouco do que a gente já trabalhava lá, a questão da mulher, a questão da diversidade, a questão da pauta LGBTQIA+, que é uma pauta que eu particularmente vejo ainda pouco discutida aqui”, analisa. Uma das experiências profissionais da pernambucana é com os direitos das mulheres. “É assunto que precisa de atenção e tem tido já alguns focos de debate no país sobre a igualdade de gênero, também sobre a questão da violência doméstica, que muito me espantou pelos números e pelas notícias que eu vi aqui em Portugal”, salienta.

O tema da imigração - central para trazer mais empresas brasileiras - também é outra preocupação. “Isso nos interessa muito em virtude das empresas que a gente está trazendo para cá e do processo de internacionalização de empresas, porque as empresas são feitas por pessoas e as pessoas trazem suas famílias, naturalmente, assim como eu trouxe a minha família, e essa discussão sobre a imigração e todo o preconceito que tem perpassado esse debate tem nos preocupado”, afirma.

Sobre a internacionalização das empresas, a profissional quer atrair mais empresas, promover mais eventos e interações no ecosistema de inovação português. Atualmente, o Porto Digital Europa em Aveiro conta com 49 empresas em processo de internacionalização. As metas também são de conseguir mais recursos para desenvolvimento de novos projetos, especialmente para acelerar o processo de trazer as empresas para Portugal. Outra articulação que está sendo desenhada é com a Apex Brasil, que acaba de abrir um escritório em Lisboa. “Temos muito a fazer pela inovação em Portugal”, resume.

amanda.lima@dn.pt