Quais as principais recomendações do que fazer e do que não fazer ao exportar produtos para Portugal? Este foi o tema do workshop "Desbravando fronteiras: do local ao global, como conquistar mercados internacionais com inteligência e segurança", realizado na manhã deste sábado, 13 de setembro, no escritório da ApexBrasil em Lisboa. O evento fez parte da programação do Brasil Origem Week. O DN Brasil esteve lá e conversou com especialistas para informar as recomendações.Atenção aos impostosO alerta é da contabilista portuguesa Dulce Forte. "Os impostos vão sempre impactar o preço de venda final. A parte que nós apuramos como margem de lucro é a que é taxada. Portanto, é importante perceber o negócio, perceber a margem, como é que compram, como é que vão vender, que margem de lucro vão apurar, porque os impostos e o lucro vêm por último: quanto mais lucro, mais impostos", explica a profissional.Balanços em diaDe acordo com a contabilista, a forma mais eficaz de saber qual será a margem de lucro e os impostos a pagar é manter o balanço das contas em dia. "Durante o ano, à medida que vamos lançando a documentação, as compras e os custos da empresa, conseguimos mensalmente ir apurando qual é o lucro da empresa em cada mês", analisa.Não esquecer da Segurança SocialDulce ainda pontua que é preciso ter na ponta da caneta os gastos com contratação de funcionários e, consequentemente, os descontos na Segurança Social. "A empresa tem que considerar se vai contratar pessoas, quais são essas pessoas, quais ordenados vai pagar, porque depois tem as taxas da Segurança Social para pagar", pontua.Estudar, estudar e estudarPara Leandro Tertuliano, que há oito anos atua na área de internacionalização em Portugal, o que nunca pode acontecer é começar a exportar sem estudar antes. "É muito importante fazer todo o estudo antes, a nível do produto, das regras de entrada da mercadoria e do estudo de viabilidade. Antes de qualquer coisa, também é interessante testar o produto, trazer algumas amostras. O produto estando validado, aí sim vale a pena seguir com a internacionalização", recomenda.Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!E este é o principal erro que ele observa: os apuros que surgem no meio do caminho pela falta de conhecimento. "Existem muitos erros, mas o principal que eu vejo é realmente a falta de informação. Por exemplo, quase toda semana recebo empresários já no desespero, com cargas presas na alfândega, que não fizeram o processo certo. O segredo se torna simples quando se faz a coisa certa, que é realizar toda a análise antecipada", contextualiza.Conhecer a cultura – o produto serve?A recomendação é do especialista Diego Maia. "A principal estratégia que esse empreendedor tem que ter é pensar que está em um país onde a cultura é diferente do local de origem. O primeiro de tudo nesse processo é perceber se o produto novo tem adaptabilidade para esse mercado", analisa.De acordo com o profissional, só depois dessa fase é que vale a pena continuar com o processo. "É necessário ter a certeza de que esse produto faz sentido", complementa.Adequar a marcaOutra orientação do especialista é analisar a estética do produto — como marca, design e embalagem, por exemplo. "Às vezes a gente tem um empreendedor que, lá no Brasil, o produto dele tem uma embalagem, um design, um formato que faz todo sentido, mas fora não", pontua.A maneira de fazer negóciosDiego ainda chama atenção para a necessidade de saber como fazer negócios em outra cultura. "Muitas vezes, a forma como esse empresário atende lá no Brasil envolve uma comunicação mais informal, marca um almoço, por exemplo. Em Portugal há certa similaridade, mas dentro da Europa isso pode ser mal visto, pode não ser positivo, seja para um produto, seja para um serviço", adiciona.Preparação acima de tudoDouglas de Lima, que atua na área há quase 25 anos, afirma que a preparação do negócio, com estratégias bem delineadas, não pode ser desprezada. "Entender do seu negócio e se preparar para o mercado europeu. Isso é o mais importante: você, com o entendimento do seu negócio, uma análise prática e principalmente um objetivo bem esclarecido de para que mercado ou para quais mercados quer entrar aqui na Europa, é fundamental", destaca.Se o negócio está ruim, melhor esperarHá quem pense que começar a exportar é a saída para melhorar o negócio que está ruim. Segundo Douglas, é um erro. "Não é uma boa estratégia. É preciso se estabilizar no Brasil. Mesmo você não estando bem no Brasil, pode pensar em levar sua marca, seu produto, seu serviço para o exterior, mas se não se planejar, vai ser um segundo fiasco, digamos assim", recomenda.Participar de feiras e eventos no exteriorPara Douglas Lima, participar de feiras e eventos no exterior, especialmente no país em que deseja exportar, é um investimento, não um gasto. "É fundamental. Eu já tive a oportunidade de estar em mais de 70 países nesses 24 anos, e estar no mercado, olho no olho, falando com as pessoas, com distribuidores, concorrentes, conhecendo o mercado, é fundamental. Abre sua mente e dá novos insights para poder levar seu produto para o exterior", conta.Documentos em diaRoma Andrade, que é despachante em Portugal, explica que ter todos os documentos em dia é meio caminho andado para evitar problemas no despacho aduaneiro. "Não pode ser sem ter todos os documentos certos. Chegam as mercadorias e depois deparam-se com problemas de documentação, pagamento de taxas, cargas paradas ou mesmo ficam sem as mercadorias", afirma. Segundo o profissional, ter um bom despachante que trate dessas questões é importante.Confira a galeria de imagens pelo fotojornalista do DN Leonardo Negrão: . amanda.lima@dn.pt.O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil.."Brasil e Portugal agora estão mais perto", ressaltam autoridades com Apex em Lisboa.Com entrada gratuita, feira brasileira começa nesta quinta em Lisboa