Rede de apoio é "fundamental", destaca profissional
Rede de apoio é "fundamental", destaca profissionalFoto: Canva

Psicóloga chama atenção para cuidado com a saúde mental dos imigrantes, em especial nesta época

A chamada "depressão sazonal" pode ser mais grave entre quem está longe da família e sem rede de apoio.
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Trabalho, trabalho e poucas folgas. Estar a um oceano de distância da família e sem rede de apoio em um país diferente. Pouco tempo para exercício físico ou hobbies. Esse cenário, que é o de muitos brasileiros e brasileiras em Portugal, pode ser um potencializador de crises de saúde mental.

O alerta é da psicóloga brasileira Maria Cândida Oliveira, que vive em Portugal e atende majoritariamente imigrantes. “As festas de fim de ano acabam por trazer essas emoções um pouco mais negativas. Para alguns, obviamente, não é para todos, mas principalmente para o imigrante isso acontece”, explica ao DN Brasil.

A psicóloga destaca que alguns sentimentos que pesam nesta época de fim de ano estão relacionados com a vivência da pessoa imigrante. “É a saudade da família, a culpa por ter deixado os pais. Muitas vezes não estão a trabalhar em algo de que gostam. Vejo muitos casos assim, e isso pesa muito.”

As constantes mudanças na lei do país, que marcaram 2025 e vão continuar em 2026, também são fatores que influenciam nesse período de reflexões. “Vem aquela coisa: como é que vai ser meu ano de 2026? Será que continuo aqui? Tem a questão da dúvida, se vale a pena estar aqui. Então, são emoções que, de fato, não são muito boas de sentir”, analisa.

E como lidar com essa situação? A primeira orientação da psicóloga é tomar consciência dos sentimentos. “É preciso reconhecer esses sentimentos e não camuflar, não fingir que está tudo bem”, orienta. “Não é apenas pensar que tudo vai passar, porque o tempo vai passando e tudo fica pior”, complementa.

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Depois de reconhecer esses sentimentos, é preciso também saber os limites diante da tendência ao isolamento. “A pessoa precisa respeitar o momento. Cada um é diferente, mas veja só, nem todo mundo tem essa eficácia de entender que pode estar sozinha”, pontua.

Se a pessoa não souber lidar com a solitude, o ideal é procurar estar com pessoas que façam bem. “Se achar que não consegue ficar sozinha, é importante que esteja com outras pessoas, porque a rede de apoio é muito importante. Ou seja, é preciso ter maturidade emocional para estar sozinha. Nem todo mundo sabe ou consegue estar só”, complementa.

Cuidado com a saúde mental o ano todo

Apesar de esta ser uma época de maior atenção ao tema, Maria alerta que é necessário ter esse cuidado o ano todo. A psicóloga ressalta que existem vários projetos de apoio psicológico gratuito ou com preços reduzidos, caso a pessoa não tenha recursos para pagar.

Ela lembra ainda da Linha Nacional de Prevenção do Suicídio, que atende 24 horas por dia, todos os dias do ano. A chamada é gratuita e confidencial. O número é 1411.

Além disso, ela pontua que a rede de apoio é fundamental. Essa rede pode ser formada por amigos, colegas de trabalho ou ambientes como igrejas. “Enfrentar a vida de imigrante sozinho, sem dúvida, é muito mais difícil”, finaliza.

amanda.lima@dn.pt

O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil.
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