Pretende morar em Portugal em 2025? Veja quanto custa viver no país atualmente

Virando destino cada vez mais comum – seja para quem pretende morar, seja para quem quer apenas turistar – estranho seria se Portugal não passasse por um boom nos preços, como tem acontecido nos últimos anos.

Entre aluguéis nas alturas e uma ida ao supermercado que já não custa o que custava há cinco ou dez anos, o DN Brasil preparou um Guia do Imigrante para quem está de mudança para Portugal e fica a questão: ainda vale a pena a mudança? Veja os dados atualizados de 2025 e tire suas próprias conclusões.

Quanto custa morar em Portugal hoje?

O valor médio para um casal sem filhos viver em Portugal gira em torno de 1.900€ por mês. Esse total inclui moradia, contas básicas, alimentação, transporte, saúde e lazer – mas pode facilmente ultrapassar os 2.400€ em cidades como Lisboa ou Cascais, ou ficar abaixo de 1.600€ em localidades como Coimbra, Leiria ou Guimarães. Tudo depende da cidade, do padrão de vida e da composição familiar.

Custos mensais estimados para um casal:

- Aluguel (apartamento de um quarto no centro): cerca de 920€

- Contas (energia, água, gás, internet): em torno de 150€

- Alimentação (supermercado): entre 350€ e 450€

- Transporte público (passe mensal): entre 30€ e 50€, dependendo da cidade

- Seguro de saúde básico: cerca de 60€

- Lazer e imprevistos: 250€ a 300€

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A maior do dor de cabeça do orçamento: o aluguel

O aluguel - renda por aqui - segue como o maior peso no custo de vida em Portugal. Lisboa continua liderando a lista das cidades mais caras da Europa, com preços médios acima de 1.500€ por um T1 no centro. No Porto, o mesmo tipo de imóvel custa em torno de 1.000€. Já em cidades como Braga, Faro ou Coimbra, o valor pode cair para a faixa dos 700€ a 800€, sobretudo fora das zonas centrais.

A mobília também influencia no preço: imóveis mobiliados custam mais caro, mas economizam no início. Por outro lado, casas sem mobília geralmente vêm com cozinha equipada.

Inflação nas compras

Depois da moradia, a alimentação é o segundo item mais pesado no orçamento. Os preços seguem em alta em 2025, reflexo da inflação acumulada desde o início da guerra na Ucrânia.

- Um casal gasta em média 350€ a 450€ por mês no supermercado;

- Produtos como café, peixe e hortícolas tiveram aumentos acima de 20% no último ano;

- Um litro de leite custa cerca de 0,94€, uma dúzia de ovos 2,69€, e um quilo de frango cerca de 6,60€;

Os valores variam pouco de uma cidade para outra, mas os hábitos alimentares podem fazer muita diferença no orçamento final.

Transportes

Na parte dos transportes públicos, Portugal tem opções funcionais e acessíveis. Em Lisboa e Porto, o bilhete único (passe mensal) custa 30€ a 40€, com acesso integrado a ônibus, metrô, trem e elétricos. Braga e Faro oferecem tarifas ainda mais baixas, com passes mensais por menos de 30€.

Quem opta pelo carro próprio precisa considerar custos como:

- Gasolina a cerca de 1,67€ por litro;

- Seguro anual obrigatório a partir de 200€;

- Imposto Único de Circulação (IUC) e inspeção obrigatória:

- E possíveis pedágios, comuns nas autoestradas portuguesas;

Ter um carro pode adicionar de 200€ a 1.200€ ao custo mensal, dependendo do modelo e do uso.

E quem tem filhos?

Para famílias com crianças, entram os gastos com creche, alimentação escolar e material didático. A boa notícia é que:

- A educação básica pública é gratuita e tem boa reputação;

- O programa Creche Feliz cobre a mensalidade de instituições sociais e, desde 2025, também de creches privadas conveniadas;

- Colégios particulares custam entre 1.800€ e 5.100€ ao ano, enquanto escolas internacionais ultrapassam 20 mil euros;

No ensino superior público, estudantes estrangeiros pagam propinas que vão de 2.500€ a 6.000€ anuais, dependendo da universidade e do curso. Algumas instituições oferecem valores reduzidos para estudantes da CPLP.

Saúde: pública ou privada?

Portugal tem um sistema público de saúde (SNS) que funciona gratuitamente. Já no setor privado:

- Consultas especializadas custam entre 60€ e 100€;

- Um seguro básico sai por 30€ a 60€ mensais por pessoa, com acesso a redes de clínicas privadas;

Para quem tem poucos problemas de saúde, o sistema público costuma ser suficiente. Já quem prefere rapidez no atendimento pode considerar o seguro como investimento.

E afinal, ainda vale a pena?

Apesar da alta nos preços, Portugal continua sendo um dos países com menor custo de vida da Europa Ocidental – mas isso não significa que seja barato para quem chega do Brasil. O salário mínimo em 2025 é de 870€, e o salário médio ronda os 1.777€, segundo dados do INE. Isso significa que viver com conforto exige planejamento, reserva financeira e adaptação.

Cidades menores, como Braga, Coimbra ou Aveiro, continuam sendo boas alternativas para quem quer qualidade de vida com menos gastos. Já Lisboa e Porto oferecem mais oportunidades, mas a um custo significativamente maior.

Se você está entre os que chegam agora em agosto – seja para estudar, trabalhar ou recomeçar a vida –, vale colocar tudo no papel e na calculadora. Apesar de ainda ser dos países mais baratos da Europa, Portugal já não é tão rentável como antigamente.

nuno.tibirica@dn.pt