Brasileiro está gravando um documento na Europa sobre os trabalhadores imigrantes.
Brasileiro está gravando um documento na Europa sobre os trabalhadores imigrantes.Foto: Reinaldo Rodrigues

Paulo Galo. "O trabalhador imigrante produz luta, por isso querem que saia"

Ativista brasileiro conhecido como "Galo de Luta" está gravando um documentário na Europa sobre a importância dos imigrantes. Em Lisboa, conversou com o DN Brasil.
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A importância dos imigrantes na Europa é tema de um documentário que está sendo gravado pelo ativista brasileiro Paulo Galo, conhecido como Galo de Luta. Parte desta história é gravada em Portugal, onde ele estará nos próximos dias para gravações e encontros com a comunidade imigrante.

"O que a gente quer contar nesse documentário é sobre a importância dos imigrantes na Europa e que isso da extrema direita perseguir os imigrantes é muito mais do que só uma tensão racial. Tem a ver com as lutas que os trabalhadores imigrantes têm provocado na Europa e que a extrema direita quer que essas lutas saiam do seu território", diz em entrevista ao DN Brasil.

A ideia do documentário surgiu após uma viagem para a Europa no ano passado, quando Paulo Galo conheceu imigrantes de várias nacionalidades que trabalham na Inglaterra e na Itália. Em Londres, por exemplo, o ativista viu que 80% dos entregadores eram brasileiros. É exatamente nesta área que Galo de Luta começou o ativismo, ao trabalhador como entregador por aplicativo em São Paulo. "A gente sente uma necessidade de conectar as lutas no Brasil com as lutas que estão acontecendo no mundo", pontua.

Na visão do brasileiro, os cenários têm sido muito semelhante em vários países europeus, com os imigrantes sendo um alvo. "Ao perseguir os imigrantes, eles estão visando perseguir as lutas. E não é só uma questão de pele, não é só uma questão de raça, de cultura e de etnia, é também, mas não é só essa questão, é o medo do poder do povo", analisa.

Segundo o brasileiro, não se trata de um movimento de esquerda ou de direita. "Em Londres, por exemplo, quase todos são bolsonaristas, mas são, antes de tudo, trabalhadores, a materialidade se impõe, a gente não entra neste contexto", cita.

Ao mesmo tempo, destaca que, muitas vezes, falta consciência política, quando imigrantes apoiam partidos que são contra a imigração, mas com uma razão. "Se esses trabalhadores estão trabalhando 12 horas por dia, 14, 15, 16 horas por dia, qual é o momento que esses trabalhadores vão ter para ter uma percepção política?", questiona.

Priscila Araújo, também ativista pelos direitos dos trabalhadores, reflete que o trabalhador vai apoiar quem se comunica com ele. "Ele está com raiva, esse trabalhador se sente explorado. Então é você olhar, quem é que está traduzindo esse sentimento dele? Quem é que está se conectando com esses sentimentos dele? É quem consegue dialogar com esse sentimento que ele está carregando", destaca.

Agenda em Portugal

Antes de Portugal, o Galo de Luta e a equipe estiveram na Itália, convidados por um sindicato. Em Portugal, a ideia partiu do próprio brasileiro, que fez contato com o movimento Vida Justa. Aqui, a agenda inclui as gravações, rodas de conversa e ações sociais, como o apoio ao Vida Justa na comunidade do Talude, em Loures. As rodas de conversa e um jantar solidário de arrecadação de fundos para o documentário serão na Favela LX, em Lisboa.

amanda.lima@dn.pt

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