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Opinião. Como foi o G20 e o que ele nos apontou

"Pela primeira vez, o documento focou na emergência climática e no combate à fome e à pobreza. Também abordou a necessidade de discutir a tributação dos super-ricos"

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Opinião. Como foi o G20 e o que ele nos apontou
Foto: Divulgação / G20

Texto: Paulo Dalla Nora Macedo

Tive a grande satisfação de acompanhar o G20 no Rio de Janeiro como articulista do Diário de Notícias Brasil. Nos dias em que estive no Rio, foi possível conversar com diversos jornalistas que estavam cobrindo o evento, assim como membros dos corpos diplomáticos. O G20 reúne os líderes das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Seus membros respondem por 85% do PIB mundial. Portugal, assim como outros países de língua portuguesa, participou como convidado do Brasil, membro efetivo e que presidia o grupo nos últimos 12 meses.

Começo com uma observação sobre o Rio de Janeiro: há tempos não via a cidade tão bonita, limpa e organizada. É verdade que o Rio enfrenta imensos problemas, entre eles a segurança e a ocupação urbana, mas isso não apaga o fato de ser uma das cidades globais mais belas e particulares do mundo. O Rio não é uma Nova Iorque tropical; o Rio é o Rio, e outras cidades é que se comparam a ela, e não o contrário.

A região onde foi realizado o evento, o Aterro do Flamengo, é uma amostra das dimensões majestosas da cidade. Foi inaugurada em 1965 como parte de uma renovação urbana de 120 hectares, com jardins de Burle Marx no imenso parque construído sobre o aterro. Hoje, é Patrimônio Cultural da Humanidade na categoria “Paisagem Cultural Urbana”, título concedido pela UNESCO em 2012. A cúpula foi realizada no prédio modernista do Museu de Arte Moderna, equipamento central do Parque do Flamengo. A foto dos líderes, tirada com vista para a Baía do Flamengo, é a mais bonita da história das cúpulas.

Esse foi o palco onde o Brasil, sob a liderança do Presidente Lula, demonstrou habilidade em construir um consenso na declaração final do G20. Pela primeira vez, o documento focou na emergência climática e no combate à fome e à pobreza. Também abordou a necessidade de discutir a tributação dos super-ricos. O Brasil se esforçou para mostrar que a declaração não seria apenas retórica, anunciando diversas iniciativas na área climática. Destacou-se o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que revelou captações de mais de 4 bilhões de euros para um fundo de preservação da Amazônia.

Havia dúvidas sobre se a declaração final do G20 conseguiria ser assinada por todos. No entanto, os países emergentes, como China e Índia, foram decisivos no apoio ao Brasil para colocar os temas escolhidos no centro da pauta. As guerras, uma preocupação maior para os países desenvolvidos, foram mencionadas no documento, mas não como tema central. Foi uma vitória da força geopolítica do chamado Sul Global.

Mesmo com o Brasil sendo o anfitrião e conduzindo com habilidade o difícil consenso, é preciso reconhecer que o grande vitorioso da cúpula foi a China. Com os EUA às vésperas de uma possível mudança para um governo isolacionista, a China tornou-se a única grande potência disponível para parcerias multilaterais no evento. E o Presidente Xi soube aproveitar o palco: centenas de cidadãos chineses espalharam-se pelo Rio com bandeiras para saudar o seu líder. Foi a única comitiva que ocupou um hotel inteiro, um enorme resort na estrada que liga o Leblon à Barra da Tijuca. Além disso, o país trouxe uma das maiores quantidades de jornalistas cobrindo o evento.

Para completar a demonstração de força, a China emendou o G20, nos dias 18 e 19, com uma visita de Estado oficial ao governo brasileiro na quarta-feira, 20 de novembro, onde foram assinados 37 protocolos de cooperação econômica. Ficou claro que o país não hesitará em ocupar o espaço que os Estados Unidos podem deixar vago com a nova política externa. Esse deve ser o tom do futuro: é provável que vejamos mais presença chinesa e brasileira em Portugal e na Europa, já que o Sul Global está se articulando em conjunto. Isso pode ser uma boa notícia para Portugal, que mantém uma proximidade privilegiada com o Brasil. O mundo está mudando muito rapidamente, e essas transformações devem se acelerar nos próximos anos.

Paulo Dalla Nora Macedo é brasileiro, radicado em Lisboa. É economista de formação e empresário. Tem mais de 20 anos de experiência atuando em instituições multilaterais, relações governamentais e investimentos de impacto.

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