O que há de bom: as dicas culturais do fim de semana do DN Brasil
Chegou a quinta-feira em Lisboa, chegou o dia da agenda cultural do DN Brasil! Neste dia 16 de janeiro, o destaque da coluna não poderia ser diferente que não a estreia de Ainda Estou Aqui em Portugal! Além da chegada do filme brasileiro mais aguardado do ano, tem a exibição gratuita de outra produção brasileira - com direito a pipoca na faixa - e uma programação eclética, do forró ao ballet clássico, nos diferentes palcos da cidade. A dica gastronômica da semana é em dose dupla, com dois dos lugares mais icônicos de Lisboa para um lanchinho da tarde, mas também tem feijoada e samba nas nossas dicas pro fim de semana.
Está no ar a edição semanal da O que há de bom!
Estreia de Ainda Estou Aqui
O badalado filme de Walter Salles finalmente chega a Portugal nesta quinta-feira (16) e prestigiar o candidato brasileiro ao Oscar é a nossa primeira dica para sua programação do fim de semana em Lisboa. Na capital, o filme está disponível em nove diferentes cinemas - veja lista completa aqui - sendo a principal estreia da semana. A chegada de Ainda Estou Aqui em Portugal ocorre num momento em que o filme segue cada vez mais prestigiado por público e crítica. Na quarta-feira, a película recebeu a indicação na categoria de melhor filme estrangeiro do renomado Prêmio Bafta (Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão).
No Brasil, mais de 3 milhões de pessoas já assistiram à Ainda Estou Aqui, um filme que promete ser geracional no cinema brasileiro e internacional. Agora, chegou a vez de quem mora em Portugal acompanhar as atuações de Fernanda Torres, Fernanda Montenegro e Selton Mello nas telonas do país.
Onde? No cinema de sua preferência.
Quando? A partir desta quinta (16)
Exibição de “Eu te amo, Renato”
Cinema brasileiro em alta na coluna! Além da estreia de Ainda Estou Aqui, o fim de semana também reserva uma exibição do filme “Eu te amo, Renato”, do diretor Fabiano Cafure, no Instituto Kreatori, na região da Estrela. Lançado em 2013, o filme é uma homenagem ao músico Renato Russo, membro fundador da Legião Urbana e um dos grandes nomes do rock brasileiro de todos os tempos. A exibição do filme será gratuita e contará com a presença do diretor, que participa de um debate após a projeção. E há um miminho a mais para quem quiser colocar o programa na agenda: a pipoca por cortesia da casa.
Onde? No Instituto Kreatori (Rua Domingos Sequeira, 13B, Estrela, Lisboa)
Quando? Sábado (18), das 19h30 às 22h00 - bate-papo com o diretor Fabiano Cafure após a exibição
Preço: entrada gratuita - e com pipoca grátis!
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Forró do Até Logo na Fábrica Braço de Prata
A cantora pernambucana radicada em Lisboa Madu é uma das participantes do Forró do Até Logo, que ocorre na Fábrica Braço de Prata neste sábado (18), às 22h. A cantora, que tem rodado cada vez mais pelo circuito português e brasileiro - por lá fez show inclusive com Alceu Valença - se apresenta ao lado dos músicos Juba, Neto Trajano e Ely Janouville. No dia anterior, ela também se apresenta com o grupo Coco Voador, já tradicional na Fábrica.
Onde? Na Fábrica Braço de Prata (R. Fábrica de Material de Guerra 1. Lisboa)
Quando? Sábado (18), às 22h
Feijoada e samba no Duque BrewPub
Forró na Fábrica, samba no centro de Lisboa. O BrewPub, na Calçada do Duque, perto da Bica, recebe no sábado um evento com a cantora e compositora brasileira Nega Jaci, que comanda o samba numa tarde especial na cervejaria, com feijoada no cardápio - Jaci é responsável pela empresa Jacilambuzou, especializada em típicas comidas brasileiras. A partir das 14h, o BrewPub serve uma das especialidade de Jaci e um dos mais tradicionais do Brasil - especialmente aos sábados - por €8. A cerveja pilsner sai por €2,50 e o samba, gratuito, embala tarde a fora.
Onde? No Duque BrewPub (Calçada do Duque, 51. Lisboa)
Quando? Sábado, às 14h
Preço: feijoada (€8)
Ballet Clássico no Coliseu dos Recreios
Para quem é fã de ballet clássico, o Coliseu dos Recreios reserva para o domingo (19), uma atração especial. O espetáculo Lago dos Cisnes, da renomada companhia Tchaikovsky National Ballet, terá lugar numa das salas mais especiais da cidade a partir das 19h. Se seguir as dicas da coluna, com filmes brasileiros, forró, samba e feijoada, terminar o final de semana com ballet e música clássica de um dos maiores compositores de sempre configura um programa cultural eclético e de respeito.
Onde? No Coliseu dos Recreios (R. das Portas de Santo Antão 96. Lisboa)
Quando? No domingo (19), às 19h30
Entrada: €35 - €45. Disponíveis aqui.
Extra: a dica gastronômica da semana
Croquetes ao balcão
Em Liverpool, 983 metros definem a distância entre o Goodison Park, do Everton, e Anfield Road, casa dos reds. Em Campinas, o Moisés Lucarelli, da Ponte Preta, e o Brinco de Ouro da Princesa, do Guarani, são ainda mais próximos, separados por apenas 650 metros. Já a Avenida da República, no refinado bairro do Saldanha – oficialmente Avenidas Novas – divide dois dos mais clássicos estabelecimentos de Lisboa.
No lado direito de quem vai em direção à Praça de Touros encontra-se o Galeto, construído em 1966, enquanto no lado esquerdo fica a Pastelaria Versailles, no mesmo lugar desde a década de 1920. Os dois edifícios são espécies de patrimônios da cidade por terem um interior diferente e sofisticado, além de especialidades gastronômicas que vão dos salgados, pratos e sanduíches até os docinhos.
A Versailles tem dois salões, um com um grande balcão com todos os bolos e salgados e uma parede espelhada com diversas bebidas, e outro que serve mais para as refeições que uma escadinha dá acesso. O Galeto é mais ousado: o restaurante é todo composto por balcões, os trabalhadores ficam na parte de dentro e servem os clientes numa arquitetura retangular mais moderna que a Versailles e que lembra filmes dos anos 1970.
São dois restaurantes bonitos, clássicos, com pessoal com décadas de casa e, possivelmente, redutos da elite intelectual lisboeta. Curiosamente, nenhum dos dois cedeu ao boom turístico na cidade e é muito mais fácil encontrar locais do que estrangeiros nos estabelecimentos.
Os dois também oferecem esplanadas quase que frente a frente, agradáveis nas tardes de verão. Por falar em tardes, o horário é um dos pontos que os distinguem, afinal, a Versailles é mais um café, sendo muito movimento durante o dia e encerrando às 20h, enquanto o Galeto abriga noitadas - é um dos poucos estabelecimentos da região que serve comida e bebida até as 2h da manhã. Já que uma das dicas da semana é a estreia de Ainda Estou Aqui, recomendo para quem for ver o filme em algum dos cinemas do centro de Lisboa que confira um dos dois lugares antes ou depois da sessão.
Passando ao que mais interessa e voltando ao início do texto, criei na minha cabeça uma espécie de rivalidade entre as duas casas, e encontrei a discórdia perfeita. Depois do bolinho – ou pastel – de bacalhau, tenho o croquete como meu salgado português preferido. Alguns anos atrás, na busca pelo melhor bitoque, fiquei curioso por descobrir também qual o melhor croquete de Lisboa. Procurando em outros blogs e no boca a boca, várias sugestões: a Portugália da Almirante Reis, o Califa em Benfica, Tico-Tico em Alvalade, Croqueteria do Mercado da Ribeira, Gambrinus, e sim, Versailles e Galeto.
Embora prefira comer com a mão, o croquete da Versailles é invariavelmente servido com garfo e faca, e dei muita sorte da primeira vez que lá fui. Costuma sair uma travessa enorme de croquetes acabadinhos de fazer às 18h e confesso que me encantei. O croquete da Versailles é diferente do que costumamos ver em qualquer café de esquina: é um croquete gordo, recheado de muita carne boa, mas com uma massa muito fina e nesse horário proporciona uma experiência ímpar, com o salgado desmanchando quase desastrosamente - endenderão a seguir.
O croquete do Galeto, por outro lado – e no outro lado – lembra mais o croquete que conhecemos no dia a dia, mas também tem sua particularidade por parecer mais um enchido, quando experimentei achei parecido com uma mini alheira ou farinheira. Também muito bom, e excelente se acompanhado por uma imperalzinha, tal e qual seu vizinho.
Diferentes e dos melhores que já comi na cidade os croquetes de Versailles e Galeto. Eu, pessoalmente, fico com o primeiro, e costumo ir lá sempre que vou ao meu cinema de preferência ali perto para comer a iguaria no balcão, pertinho da cozinha e das garrafas de Drambuie, bebida que meu tio me ensinou a gostar.
Curiosamente, vi outro dia uma entrevista do chef basco Andoni Aduriz, dono do restaurante de comida experimental Mugaritz, perto de San Sebastián, que sustenta bem a ideia do melhor croquete. Questionado sobre o porquê da ousadia de seu restaurante, Aduriz sintetiza: “As melhores coisas da gastronomia estão à beira da catástrofe. O melhor croquete, aquele que quase se parte ao meio, por exemplo… as melhores coisas estão entre o genial e o desastroso”. Concordo com o chefe.
Onde? Na Pastelaria Versailles (Avenida da República, 15A) e no seu vizinho Galeto (Avenida da República, 14)
Preço: depende de quantos croquetes aguentar.
Até semana que vem!
nuno.tibirica@dn.pt