Maria Fernanda Cândido interpreta G.H.
Maria Fernanda Cândido interpreta G.H.Antonio Garcia Couto / Divulgação

O que há de bom: as dicas culturais do fim de semana do DN Brasil

Cinema, música e festival de cerveja são destaques na coluna.
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Chegou a quinta-feira, dia da agenda cultural do DN Brasil para Lisboa e arredores. Para a programação dos próximos dias, destacamos exibições de filmes brasileiros nos cinemas, shows e um festival de cerveja artesanal com rótulos inspirados nas regiões de Portugal. A dica gastronômica é um restaurante que resiste em meio à tubarões nas vielas do Bairro Alto.

A edição semanal da O que há de bom está no ar!

Mestrinho no Tokyo

A casa de shows Tokyo, na região do Cais do Sodré, terá uma noite de quinta-feira (8) recheada de forró. O espaço recebe a apresentação de Mestrinho, sanfoneiro reconhecido por dar outra cara a um dos principais gêneros musicais nordestinos mesclando a tradição e a modernidade sem perder suas raízes.

Trazendo novas influências ao forró ao explorar sonoridades que dialogam com o jazz, o pop e a MPB, Mestrinho tem uma carreira que inclui colaborações com Gilberto Gil, Elba Ramalho, Dominguinhos e Mariana Aydar, com quem lançou, em 2024, o álbum Mariana e Mestrinho, vencedor do Grammy Latino de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa. A apresentação nesta quinta está marcada para às 21h30.

Onde? No Tokyo Lisboa (Cais Gás 1. Lisboa)

Quando? Quinta-feira (8), a partir das 21h30

Preço: €20. Disponíveis neste link.

Filmes brasileiros no Cinema Nimas

É também a partir desta quinta-feira que o Cinema Nimas, no Saldanha, inicia mais um fim de semana de programação com filmes brasileiros. O programa começa com a exibição de A Lavoura Arcaica (2001), dirigido por Luiz Fernando Carvalho, que estará presente no cinema para uma conversa após a projeção, marcada para às 18h.

Já no dia seguinte (9), o mais recente filme do diretor, a Paixão segundo G.H., inspirado no romance de Clarice Lispector terá uma exibição às 21h30, também com a presença de Carvalho. Por fim, no domingo (11), o incontornável Central do Brasil (1999), de Walter Salles, é projetado no cinema a partir das 12h.

Onde? No Cinema Nimas

Quando? De quinta (8) a domingo (11)

Preço: €6 - €8

Festival de Cerveja artesanal

Criada pelos brasileiros Ariane Monteiro e Leandro Claro, a Cervejaria Canil, no Marquês de Pombal, promove a partir desta sexta-feira (9) a terceira edição do festival Beer Nation - Portugal no Copo. O evento reúne cervejarias portuguesas que desenvolveram receitas inéditas inspiradas nas regiões do país, incluindo ilhas e junta música, comida de rua, flash tattoos e até produção de cerveja ao vivo.

Durante os três dias, o Canil se transforma para receber o público em formato de festa. O acesso é feito pela compra de um copo (3€) ou mediante doação de ração para cães ou gatos (mínimo de 3 kg), que será encaminhada a um abrigo local. O festival rola até domingo (11).

Onde? Na Cervejaria Canil (R. de Santa Marta 35, 1150-295 Lisboa)

Quando? Sexta (9), das 17h às 02h, sábado (10), das 14h às 02h e domingo (11), das 14h à meia-noite.

Preço: €3 (copo) ou doação de ração (mínimo 3kg)

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Música argentina na Fábrica Braço de Prata

E se a quinta é de música brasileira no Tokyo, a sexta-feira será aquecida com ritmos argentinos na Fábrica Braço de Prata. Ignacio María Gómez, artista que já se apresentou em festivais de mais de 20 países ao redor do mundo e com mais de cinco milhões de streamings nas plataformas digitais traz a sua mistura entre influências africanas, sul-americanas e do folk para a Fábrica. "Uma estrela em ascensão no cenário mundial da música", de acordo com a organização do evento, Gómez se apresenta a partir das 22h.

Onde? Na Fábrica Braço de Prata (R. Fábrica de Material de Guerra 1. Lisboa)

Quando? Na sexta-feira (8), a partir das 22h.

Preço: €30. Disponíveis neste link.

Extra: a dica gastronômica da semana

Papo Cheio

Há quem diga que já tenha visto de tudo nas charmosas vielas do Bairro Alto. Situado no coração de Lisboa, o bairro que acolhe gente bêbada e tarada, traficantes de droga falsa e agentes do caos em geral, é praticamente uma entidade nas noites de festa na capital.

De fato, acho que já vi e vivi bastante nos anos que frequentei madrugadas naquelas ruas íngremes, mas nunca pensei que seria por ali que encontraria uma das maiores pérolas da cidade: o Papo Cheio.

A Rua de São Pedro de Alcântara é uma das clássicas da zona, e serve de passagem para chegar ao miradouro de mesmo nome. Por anos passou despercebido por mim e tantos outros a presença do Papo Cheio por ali, uma tasca situada um pouco antes do miradouro, entre um restaurante de kebab’s e uma loja com lembrancinhas para turistas – ou um hotel.

Apesar dos tempos pandêmicos e da gentrificação lisboeta terem nos tirado alguns dos motivos que nos levavam ao Bairro, como bares com balde de meio litro de cerveja por um euro, ou outros com shots de procedência duvidosa, ainda bem que o Papo Cheio continuou bem ali, intacto.

Lamentações à parte, a primeira impressão no Papo Cheio não deixa a desejar, simplicidade na fachada, menu na porta, uma mesinha na parte de fora, poucas dentro: gabarito. E o prato com maior fama no lugar? Ele mesmo, o bitoque.

A apresentação do prato do Papo Cheio já denuncia o que está por vir, a começar pela infalível estratégia de trazer o bife com o ovo e molho na travessa de inox, alhuda, enquanto o arroz e as batatas chegam numa separada.

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Já a carne... com espécie de furos que esguicham a suculência interior para sua superfície e arredores, o corte traz um tamanho ideal, que cobre a maior parte daquela sortuda travessa de inox, que para além de acolher a carne e o ovo ainda dá cama e cobertor para provavelmente uma inteira cabeça de alho.

A cabeça de alho, aliás, é muito bem tratada pela turma da cozinha. O alho não é picado, não é ralado, não é triturado. É laminado rusticamente se juntando numa relação amorosa com o ovo. O olhudo, diga-se, chega com uma expressão de velho que voltou da guerra, com extremidades torradas, grudando na travessa e uma clara não tão clara. Mas chega bem da guerra o ovo, justamente por todas essas características que contribuem para o sabor. Dez de dez, mesmo que as batatas servidas sejam um pouco pálidas.

Foi, por tempos, um dos meus bitoques favoritos da cidade, mas, com o passar do tempo, comecei a notar uma certa inconstância no Papo Cheio. Já peguei vezes que estava no mesmo nível da primeira visita, outras, na média da cantina da faculdade: frustrante. O senhor que me atendeu lá pela primeira vez segue no cargo, mas disse que o cozinheiro mudou algumas vezes. Acaba por ser uma questão de sorte.

De todo jeito, ficando onde fica, cercado de tubarões turísticos que servem comida cara como se fosse tradicional, escolher o bitoque do Papo Cheio para jantar numa noite no Bairro Alto é sempre a melhor alternativa possível.

Onde? No Papo Cheio (R. de São Pedro de Alcântara 15. Lisboa)

Preço: €10 - €15

Até semana que vem!

nuno.tibirica@dn.pt

O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil.
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