O que há de bom: as dicas culturais do fim de semana do DN Brasil
Chegou a quinta-feira em Lisboa, o que significa que é dia de agenda cultural no DN Brasil! Para os próximos dias, destaque para a estreia de uma peça realizada por artistas brasileiros, show de stand-up comedy, exposições e roda de samba. A dica gastronômica é uma típica tasca portuguesa com preço que cabe no bolso.
A edição semanal da O que há de bom está no ar!
Estreia de Divino Banquete
O Teatro Ibérico, situado na região de Xabregas, recebe neste fim de semana duas apresentações de Divino Banquete, peça teatral criada por artistas brasileiros que une a linguagem do melodrama com a estética Drag Queer. A obra se destaca pela representatividade e inclusão, fruto de um processo colaborativo conduzido por uma equipe inteiramente brasileira.
O espetáculo estreia no sábado, dia 11 de janeiro, às 21h e terá também uma exibição no domingo, dia 12, às 17h. Com uma dramaturgia autoral e inédita, o espetáculo convida o público a participar ativamente da encenação, interferindo no desfecho dos personagens e ajudando a resolver o mistério central: quem envenenou Divino? Vale pontuar que a diretora da peça é Paolle Berklyn, que já teve sua história contada aqui no DN Brasil.
Onde? No Teatro Ibérico (Rua de Xabregas 54. Lisboa)
Quando? Sábado (11) e domingo (12), das 14h às 19h
Quanto? €15. Informações neste link.
Tiago Santineli
No mesmo dia 11, o humorista Tiago Santineli se apresenta em Lisboa. Após show no Porto, ele chega a capital portuguesa para o espetáculo de seu stand-up comedy no Teatro Bocage, localizado no bairro dos Anjos. Conhecido por ser uma das vozes do humor brasileiro que une críticas sociais, culturais e políticas em seus shows, Santinelli promete muitas risadas ao público que comparecer no espetáculo. O show está marcado para às 18h.
Onde? No Teatro Bocage (R. Manuel Soares Guedes 13A. Lisboa)
Quando? Sábado (11), às 18h
Preço: €30 - €50. Informações aqui.
Exposições de Augusto Brázio e Luísa Costa Gomes
Se você quer conhecer melhor o trabalho de alguns nomes da cultura portuguesa, duas boas oportunidades surgem a partir deste sábado. No atelier Narrativa, no Areeiro, o fotógrafo Augusto Brázio inaugura a sua exposição Viagens na Minha Terra a partir das 14h. Já na Galeria Monumental, nos Mártires da Pátria, a escritora e pintora Luísa Costa Gomes, que recentemente lançou o elogiado livro Visitar Amigos e Outros Contos, estreia sua primeira exposição individual, A Outra Coisa. Ambas tem entrada livre.
Onde? Viagens na Minha Terra - Narrativa (R. Dr. Gama Barros 60, Lisboa) e A Outra Coisa - Galeria Monumental (Campo dos Mártires da Pátria 101, Lisboa)
Quando? A partir de sábado (11)
Entrada: livre
Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!
Samba Jazz na Fábrica Braço de Prata
De sexta para sábado - o show será na madrugada de um dia para o outro - a Fábrica Braço de Prata promove mais uma apresentação de música brasileira. O espaço traz o Samba Jazz, uma roda de samba criada por amantes e compositores brasileiros de Jazz. A banda é formada por Junior Maceió Sax, Rogério Pitomba, Eduardo Mineiro, Giovanni Barbieri e Filipe Morais. A roda está marcada para começar às 00h15.
Onde? Na Fábrica Braço de Prata (R. Fábrica de Material de Guerra 1. Lisboa)
Quando? Sexta (10), às 00h15
Extra: a dica gastronômica da semana
A Rampa
Numa das tantas ruas inclinadas da região que liga a Avenida da Libertade ao Campo Mártires da Mátria, uma das minhas zonas favoritas de Lisboa, há um restaurante que quase todo gastronônomo de confiança me recomenda. O nome do estabelecimento em questão é oportuno uma vez que encontra-se entre uma daquelas "pirambeiras": A Rampa.
Pode conferir: se procurar por qualquer guia, ranking, página de Instagram que liste os melhores restaurantes baratos de Lisboa, é certeza que a Rampa estará por lá. Até a revista Time Out na edição especial dos melhores estabelecimentos da cidade de "A a Z" publicada em maio do ano passado, colocou o simpático espaço que, dando o nome aos bois, ou as ruas, fica situado na Nogueira e Sousa, entre uma das recomendações.
Por questões laborais, de viagem, ou ambas, falhei um ou dois jantares de grupo com amigos na Rampa. Em um destes, recebi mensagens dos pratos no Whatsapp, com os seguintes dizeres de um amigo: "Tens que vir cá. A Rampa. Bom bitoque, rechonchudo e mal passado. Valeu a pena", dizia a mensagem, acompanhada de fotos do meu querido bitoque, prato que analiso com insistência, paixão e exagero há mais de três anos.
No da Rampa, o prato parecia seguir o manual básico das tascas: bife de porte médio, molinho de frigideira, ovo que veio da guerra, batatinhas caseiras e aquela salada clássica com alface, tomate e cebola crua, esta última uma insistência que não entendo. Tradicional que sou - ponto que não me ajuda quando visto minha fantasia de cronista gastronômico, afinal, até por uma questão de produção de textos tenho que conhecer novos lugares - preteri a Rampa à minhas tascas de eleição diversas vezes nos últimos anos quando ía escolher o restaurante do jantar.
Foi só quando tive a devastadora notícia do fecho do Girassol, na Travessa do Fôrno, até então um dos maiores resistentes à gentrificação na Baixa de Lisboa, que alterei a rota para finalmente ir conhecer a Rampa. Naquele dia tinha acordado com o desejo de comer os chocos grelhados que a Dona Graça fazia como quase ninguém no Girassol e, ao chegar a Rampa e ver o prato no menu, não tive dúvidas de que seria a pedida.
E é logo no pedido que entra um ponto que me incomoda na Rampa: diferentemente de tantos restaurantes que a reclamação é a demora no pedido, na Rampa o que é chato é exatamente o contrário. Chega rápido. Demais. É tão rápido que nem dá para sentir o ambiente do restaurante, comer as azeitonas e o pãozinho, tomar uma cerveja, não dá tempo nem de ficar com vontade que o prato chegue logo.
Essa coisa de chegar rápido é uma frustração difícil de explicar. Isso já tinha acontecido comigo alguns anos atrás quando meus pais me visitavam em Lisboa e voltei ao Café Império depois de muito tempo. Chegamos, pedimos e literalmente quando ía pegar o primeiro pedaço de pão chegou. Evidentemente, não estava incrível, assim como os chocos da Rampa estavam longe de ser os da Dona Graça.
Mesmo assim, comida barata e ambiente agradável o da Rampa. Gostei mais da segunda vez que fui, uma semana atrás, quando o jogo do Vitória de Guimarães 4 x 4 Sporting que passava na televisão dava uma injeção de ânimo a mais para o jantar. Neste dia, no entanto, a pressa do pessoal da cozinha d'a Rampa jogou a meu favor.
Meus amigos fizeram os pedidos deles pouco antes de mim. Ao chegar, segui aquela recomendação antiga e fui pro bitoque. Quando os pratos dos meus amigos chegaram, o garçom pediu para a cozinheira acelerar o meu e o resultado foi um belo bife malpassado, do jeito que gosto. Dos meus companheiros passou um pouco do ponto. Mesmo assim, veio rápido.
Preço, como disse, é dos melhores: o bitoque sai por €6,80 e tem pratos até mais baratos como a alheira e outros de porco. Digamos que é para aquele almoço ou jantar "jogo rápido" e justo pelo que se propõe. Não está entre os meus favoritos de Lisboa como a maioria coloca, mas não deixo de recomendar. Especialmente se estiver com muita pressa. Aí é o lugar perfeito.
Onde? No restaurante A Rampa (R. Nogueira e Sousa 12. Lisboa)
Preço: até €10
Até semana que vem!
nuno.tibirica@dn.pt