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Muito além do samba em Lisboa: artistas do Brasil se destacam em todas as áreas
Foto: arquivo pessoal

Muito além do samba em Lisboa: artistas do Brasil se destacam em todas as áreas

Em Lisboa, foi-se o tempo em que a cultura brasileira reduzia-se à feijoada, caipirinha, samba, forró e funk.

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por DN Brasil

Texto: Nuno Tibiriçá

O compositor paraibano Jackson do Pandeiro (1919/1982) afirma: “É samba que eles querem e nada mais”. No caso de Lisboa, porém, foi-se o tempo em que a cultura brasileira reduzia-se à feijoada, caipirinha, samba, forró e funk. A migração da última década trouxe gente de todas as tribos e áreas de cultura, de drags a artistas visuais. 

A nova vaga proporcionou o surgimento de novos espaços e associações que abrem portas para os talentos em Lisboa. Desde finais dos anos 1990, os bairros da região de Arroios foram dos principais redutos de artistas na cidade.

O preço das rendas tem levado muitas associações a mudarem de morada, como foi o caso dos Anjos 70. Outros espaços históricos, como o Crew Hassan, fecharam as portas. Fora do centro, novas associações estabelecem-se e dão espaço aos brasileiros. Marcos Pamplona, de 60 anos, nasceu em Curitiba e é dono da editora Kotter, focada em autores da lusofonia nas categorias de poesia e ficção. 

Morador do Barreiro, na Margem Sul do rio Tejo, Marcos percebeu que era preciso descentralizar a cena cultural de Lisboa, que considera muito elitizada. Ao adentrar cada vez mais o mundo artístico da “outra margem”, viu que ali o potencial era enorme, muito pela presença de artistas brasileiros e outros imigrantes que segundo Marcos, “é quem faz a arte que movimenta a cena em Lisboa”. 

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Em 2023, Marcos  uniu-se com outras duas editoras, a Urutau, do brasileiro Wladimir Paz, e a Poética Editora, da portuguesa Virgínia do Carmo. Desta parceria surgiu a associação Terceira Margem, que conseguiu um espaço físico em um prédio central do Barreiro onde, desde março de 2024, o trio organiza “debates, oficinas, saraus, lançamentos de livros e o que mais quiser inventar”.

Três circuitos 

Em Sintra, a associação cultural Claraboia, que tem a atriz e produtora paulistana Giulia dal Piaz, de 26 anos, como uma das fundadoras, organiza eventos das mais variadas áreas da cultura desde 2021. No ano passado, organizou a Feira Amálgama, destinada a artistas visuais. Foi lá que o também paulistano Henrique Netto, 32, que se define como artista visual, fez uma de suas exposições. Radicado em Lisboa desde 2018, Henrique vê três principais circuitos na cidade.

O primeiro deles é o circuito underground associativo: nele, coloca como espaços que abrem porta para brasileiros lugares, como a Fábrica do Braço de Prata, em Marvila, o Largo Residências, no Campo dos Mártires da Pátria, a Zenith e o Desterro em Arroios e a Casa do Comum no Bairro Alto.  Segundo Henrique, são lugares que dão a facilidade para o artista entrar, pois “têm essa função no contexto social português”. São importantes para apresentar o trabalho e fazer networking, mas não o suficiente para fazer a carreira decolar. 

A inserção nos outros dois circuitos - o institucional e o comercial, que incluem  grandes museus e galerias -exige disposição e muito lobby. A solução é tentar  expandir-se para outros lugares da Europa, a principal vantagem para o artista continuar tendo Lisboa como base, além da possibilidade de continuar mostrando seu trabalho no circuito underground. Em 2024, foi selecionado para participar no festival Art Laguna, realizado em Veneza através do projeto Eletropolvo. 

Para outros artistas, a porta de entrada foi mais complicada. Paolle Santos, 31, nasceu em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Travesti e drag queen, chegou a Lisboa em 2021. Sem possibilidades no mercado de trabalho, teve que entrar na prostituição. Após trabalhar em bar e nas portas de baladas e discotecas, conseguiu finalmente seu lugar nos palcos da noite lisboeta. 

Performer drag há 15 anos, Paolle começou a dançar na Curvs, grupo que atua no Planeta Manas, espaço cultural localizado no bairro do Prior Velho. É onde sente-se mais à vontade: “Ali se cruzam várias culturas, têm imigrantes, pessoas pretas, gordas, pessoas não binárias. Foi onde me encontrei”, conta.

Na cervejaria Musa,  na região de Marvila, Paolle também conquistou seu espaço como DJ, em lugar que foi reduto para os brasileiros nas festas de pós-carnaval em 2024. Paolle também performou no carnaval de 2024 com o misto de coletivo e bloco Colombina Clandestina, em outro desfile realizado por brasileiros que coloriu Lisboa. 

DJ, performer, atriz e muito mais, Paolle considera-se uma multiartista e tem levado o aprendizado dos palcos para a academia. Neste ano, realizou o sonho de  tornar -se mestra em Artes Cênicas na Europa e concluiu os estudos na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Nova Lisboa com uma pesquisa sobre Arte Drag no Brasil e em Portugal.   

dnbrasil@dn.pt

Este texto está na edição impressa do DN Brasil de segunda-feira (4), junto com o Diário de Notícias.

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