Marquinha no braço: como ter acesso à vacina BCG em Portugal?
Texto: Caroline Ribeiro
Ter uma marquinha arredondada em um dos braços faz parte da vida dos brasileiros. É resultado da vacina contra tuberculose, a famosa BCG, que está no plano nacional de imunização do Brasil e é aplicada aos bebês ainda nos primeiros dias de vida.
O cenário em Portugal é diferente. Em 2016, a Direção-Geral de Saúde (DGS) revisou as normas e a BCG deixou de fazer parte do programa de vacinação, passando a ser recomendada apenas para "crianças com fatores de risco individuais ou comunitários para a tuberculose". A justificativa é que a doença deixou de ter uma incidência alta, que exija a vacina como mais uma forma de prevenção. Desde 2015, o país passou a registrar menos de 20 casos por cada 100 habitantes.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a BCG é indicada, de forma universal, onde há elevado risco de tuberculose, com uma incidência de mais de 40 casos para cada 100 mil habitantes, e com difícil acesso da população ao diagnóstico e tratamento. O Brasil registra, atualmente, um pouco menos: 38/100.000, mas ainda integra a lista dos 30 países com maior número de infecções no mundo, de acordo com o boletim epidemiológico de 2024 do Ministério da Saúde.
Como vacinar meu bebê?
Ainda durante o acompanhamento de uma gestante em Portugal, seja pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou em hospitais particulares, os profissionais identificam se o bebê que vai nascer será "elegível para BCG de acordo com a Norma 06/2016". Conforme o regulamento vigente, filhos de brasileiros atendem ao critério.
Segundo a DGS, a recomendação é de que o bebê seja vacinado ainda no hospital. "Caso não seja possível, aquando da alta da maternidade devem encaminhar as crianças, com o registo de elegibilidade, para a unidade de saúde de inscrição ou da área de residência", diz a entidade na norma.
O bebê que tiver alta sem ser vacinado deve receber a indicação de que é elegível no documento de nascimento ou no Boletim de Saúde Infantil e Juvenil, caderneta que é entregue aos pais logo após a primeira avaliação do recém-nascido pela pediatria, ainda na maternidade. Com os documentos em mãos, a família deve comunicar ao centro de saúde em que está inscrita.
Como a vacina não faz parte do plano nacional, as famílias devem esperar o contato do centro de saúde com a previsão de data para a imunização. O procedimento não requer nenhum tipo de autorização por parte de médicos de família ou solicitação de receitas. Por isso, mesmo que a família não seja acompanhada por um profissional específico, o centro de saúde deve atender esta demanda e realizar a vacinação, que será incluída nos registros de vacina do bebê junto com as demais.
Após a vacina, é normal que haja uma espécie de reação inflamatória no local da aplicação, no bracinho do bebê. De acordo com o ministério da Saúde do Brasil, "a vacina BCG geralmente deixa uma cicatriz de até 1 cm de diâmetro no braço direito. A reação inclui uma mancha vermelha que evolui para uma pequena ferida e eventualmente cicatriza". É esta ferida que, ao cicatrizar, vai dar origem à marquinha conhecida.
Existem casos em que os bebês não apresentam nenhuma reação, o que não significa que a vacina não funcionou. De acordo com as autoridades de saúde, o bebê que não teve a marquinha não precisa ser vacinado novamente.
A tuberculose é uma doença altamente contagiosa que pode atingir crianças e adultos. Entre os principais sintomas estão:
tosse persistente há mais de 2 a 3 semanas
cansaço
emagrecimento
suores noturnos
aumento da temperatura corporal ao final do dia (febrícula vespertina)
Consulte mais informações sobre prevenção e tratamento na página da Direção-Geral de Saúde de Portugal e na do Ministério da Saúde do Brasil.
caroline.ribeiro@dn.pt