O escritor guiou-se pela vida e obra de Fernando Pessoa, passeando pelos lugares onde o célebre escritor português morou em Lisboa. A partir de cada rua, nasceu um poema.
O escritor guiou-se pela vida e obra de Fernando Pessoa, passeando pelos lugares onde o célebre escritor português morou em Lisboa. A partir de cada rua, nasceu um poema.Foto: DR

Inspirado nos endereços onde Fernando Pessoa morou, poeta brasileiro em Portugal lança livro

Irineu Barreto já esteve em várias partes do mundo, mas Lisboa é uma das suas cidades preferidas: é a segunda vez que aqui. Agora, homenageia a capital com o livro "Contemplação de Lisboa".
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"Uma vez alguém me disse que ficou 20 anos sem vir a Lisboa depois de conhecer a cidade. E eu pensei, como alguém fica 20 anos sem vir para Lisboa depois de saber como é a cidade?". A declaração do escritor e diplomata brasileiro Irineu Barreto mostra como é a sua paixão pela capital portuguesa, agora descrita em palavras no novo Contemplação de Lisboa, lançado recentemente pela editora Cordel de Prata.

O escritor guiou-se pela vida e obra de Fernando Pessoa, passeando pelos lugares onde o célebre escritor português morou em Lisboa. A partir de cada rua, nasceu um poema. "Como escritor, pensei primeiro na literatura, por isso parti do Fernando Pessoa, que eu acho fascinante", explica ao DN Brasil o poeta.

Foram meses caminhando pelas ruas da cidade, analisando, imaginando e pensando e depois escrevendo. "Contemplação de Lisboa, acho que até o título é muito vasto, mas tem um foco mesmo em caminhar em alguns trechos onde ele foi, tentar ficar de frente onde ele morou e imaginar", destaca.

E é exatamente o que os poemas refletem. "Eu acabei em vários momentos, estar ali vendo o nome de uma porta em que o Fernando Pessoa residiu e o o leitor vai identificar que é uma espécie de transição entre o passado e o presente, porque há a sensação ou a imaginação de que o escritor viveu ali, mas tudo mudou, não é?".

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Num dos poemas, o escritor explora que muitas pessoas que vivem por ali talvez nem saibam que já foi um local onde Fernando Pessoa também morou. Cada um dos poemas acompanha uma foto do local, tirada pelo próprio escritor. O trabalho de escrita da obra foi acompanhado de várias leituras de Pessoa e de biografias do autor.

Dos vários locais que percorreu, o brasileiro conta ao jornal alguns dos seus preferidos. "O Pedrouços e o Largo de São Carlos, porque faz referência ao nascimento dele", destaca. Neste mesmo último local citado, o poema tem a referência do momento que foi visitado.

"Eu estava almoçando nessa rua e o empregado do restaurante falou que era de Sevilha e ele comentou sobre Lisboa. Então eu vou tentando ir numa sequência até chegar num desenlace mais assim dramático, mas para o leitor a minha impressão é que não fica como algo artificial justamente porque ele vai caminhando passo a passo no poema para ver que aquele final faz sentido", explica.

E vai além da reflexão. "Fernando Pessoa desapareceu. Todas as pessoas que estavam ali naquela época sumiram. Assim como todos nós. Lisboa vai ficar eu e você vamos desaparecer e aquele Largo continua lá, mudou e tal, mas está lá".

Esta não é a primeira obra de Irineu Barreto. O diplomata já escreveu outros dois livros de poesia, Páginas Poluídas e Rancor de Verão. Todas as publicações levam um pouco dos vários lugares onde o diplomata brasileiro já morou, como Montevidéu no Uruguai, Pará (onde nasceu) e Brasília. O mais novo livro, Contemplação de Lisboa, está à venda no site da editora Cordel de Prata e nas principais livrarias de Portugal.

amanda.lima@dn.pt

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