Persistência de falhas operacionais, atrasos prolongados e dificuldades críticas no atendimento. Este é o resumo que o Portal da Queixa faz à Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) entre janeiro e novembro deste ano, com base nas milhares de queixas recebidas, de acordo com comunicado enviado ao DN Brasil.Os relatos publicados no site apontam "consequências severas", como separações familiares, dificuldades laborais e impossibilidade de mobilidade internacional. Ao todo, 2.000 cidadãos recorreram ao portal. Entre 1º de janeiro e 19 de novembro de 2025, foram registradas 1.847 reclamações contra a agência, um aumento de 6,46% em comparação com o mesmo período do ano passado.A evolução trimestral revela uma tendência crescente de pressão sobre os serviços: 17,97% no segundo trimestre, 45,41% no terceiro e 46,61% em setembro, frente ao mesmo mês de 2024. Segundo o Portal da Queixa, os meses de abril, maio, junho, julho e setembro de 2025 foram "particularmente críticos", todos com aumentos expressivos no volume de reclamações em relação a 2024.De acordo com a análise das situações relatadas pelos imigrantes, problemas administrativos e técnicos correspondem a 41,53% das queixas. Entre eles estão erros de processos, falhas em sistemas de informática, problemas nos sites e documentação. Essa é a categoria considerada mais crítica e abrangente, por afetar diretamente a regularização e permanência legal de milhares de cidadãos em Portugal.Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!Na sequência aparecem os problemas de atendimento e comunicação, responsáveis por 22,14% das reclamações. São situações que envolvem dificuldade para obter informações, respostas insuficientes ou inexistentes e falhas no apoio ao cliente.Atrasos e falhas de horário representam 19,06% dos registros, incluindo demora nas marcações, incumprimento de prazos e ausência de datas para recolha biométrica ou emissão de documentos. Os demais motivos incluem problemas financeiros (6,33%), qualidade do serviço (6,06%) e questões legais e de segurança (4,87%).Impacto do serviço na vida dos imigrantesO perfil dos usuários que mais recorrem ao Portal da Queixa concentra-se nos principais centros urbanos. Lisboa lidera com 41,92% das ocorrências, seguida por Porto (17,38%) e Setúbal (10,40%). Faro (6,77%) e Braga (5,96%) completam o grupo das regiões mais representadas.Quanto à faixa etária, a maioria está em idade ativa: entre 25 e 34 anos (41,96%) e 35 a 44 anos (31,84%). Homens registram mais queixas (55,77%) do que mulheres (44,23%).O comunicado também apresenta relatos que mostram o impacto do desempenho da AIMA na vida dos imigrantes. Arvind Singh afirma: “Estou há dois anos a tentar trazer os meus pais idosos para Portugal, mas não consigo agendamento na AIMA. [...] Estamos a chorar todos os dias.”Beatriz Garcia relata ter vistos sem decisão há mais de nove meses: “O prazo legal é de 60 dias, mas já passaram mais de nove meses sem resposta, apesar das nossas tentativas de contacto.” Zixuan Guo, por sua vez, diz estar impedida de viajar devido à falta de marcação biométrica: “Isto está a causar grandes inconvenientes; não posso sair de Portugal para visitar os meus pais.”As situações relatadas revelam um padrão de "disrupção na vida pessoal, acadêmica e profissional dos utentes que dependem dos serviços da AIMA". Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa, afirma que a evolução anual das reclamações contra a AIMA reflete "não apenas um aumento do volume de pedidos, mas também uma incapacidade persistente do sistema de responder de forma eficiente, transparente e dentro de prazos aceitáveis".A vida de milhares de pessoas é impactada. “Os dados apontam para um sistema sob pressão, com falhas estruturais e de gestão de processos que afetam milhares de utentes que dependem da AIMA para imigração, residência, vistos e reunificação familiar".O índice de satisfação da AIMA também está em queda. As análises das reclamações apontam uma piora na experiência dos cidadãos, marcada por frustração, insegurança e perda de confiança nos processos administrativos. Atualmente, a agência tem índice de satisfação classificado como “Fraco”, com nota 18/100. As taxas de resposta e de solução permanecem em 13%.amanda.lima@dn.pt.O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil..AIMA: dois anos à procura de um rumo e de como comunicar com os imigrantes.AIMA lança formulário de agendamento para imigrantes com visto de altamente qualificados