Estudo acadêmico procura histórias de discriminação de brasileiros em Portugal
Um novo estudo em Portugal busca entender a discriminação sofrida por brasileiros que vivem no país. O projeto BRIP - Experiências de Discriminação e Resiliência de Pessoas Portuguesas e Migrantes Brasileiras Residentes em Portugal -, na primeira fase, está em busca de pessoas para responder um questionário online e anônimo.
A psicóloga portuguesa Inês de Santos Vázquez está à frente da iniciativa, que é financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). “O tema de investigação surgiu da auscultação das necessidades práticas e da existência de uma lacuna de evidência científica nesta temática com esta população”, conta Inês ao DN Brasil.
A profissional é doutoranda em Psicologia na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. “Embora existam estudos realizados com pessoas imigrantes brasileiras em Portugal, a maioria recorre a dados qualitativos, nomeadamente entrevistas. Estes estudos contribuíram de forma relevante para o avanço do conhecimento científico, mas como são realizados com amostras pequenas não é possível fazer a generalização dos resultados para a população em geral e, consequentemente, informar práticas, intervenções e políticas”, detalha a pesquisadora.
Segundo Inês, o objetivo do BRIP é “contribuir para um maior conhecimento da problemática da discriminação e resiliência em pessoas imigrantes brasileiras em Portugal e informar intervenções, práticas e políticas sobre estas temáticas”. A acadêmica diz ter, com sua equipe, “a responsabilidade social de contribuir para o avanço do conhecimento científico nesta área”.
Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!
Na visão da pesquisadora, a pesquisa pode ajudar no combate à discriminação. “Acredito que o combate à discriminação requer um esforço coletivo dos/as mais variados/as agentes da sociedade, incluindo os/as investigadores/as. Para agir eficazmente sobre um fenómeno é necessário compreendê-lo em profundidade. É precisamente nesse ponto que a ciência, e mais concretamente esta investigação, desempenha um papel fundamental na promoção de uma sociedade mais justa e inclusiva para as pessoas imigrantes brasileiras”, analisa Inês.
O BRIP é um projeto com duração total de quatro anos, dividido em três fases. Atualmente é a fase de buscar o máximo de respostas possíveis no questionário. A segunda terá workshops de narrativas digitais com algumas das pessoas imigrantes brasileiras que responderam ao questionário. Caso a pessoa tenha interesse em participar, deverá deixar o interesse assinalado no final do questionário.
Destes workshops serão produzidos vídeos de dois a três minutos sobre as suas experiências de vida. A terceira e última fase será a dinamização de grupos de discussão focalizada com stakeholders, isto é, pessoas cujo trabalho implique contacto regular com imigrantes brasileiros em Portugal.
Os vídeos produzidos servirão de ponto de partida para reflexão nestes grupos. “O objetivo será compreender como é que estes profissionais podem, através do seu trabalho, promover o bem-estar e a saúde mental das pessoas imigrantes brasileiras em Portugal”, pontua a pesquisadora. Por fim, destas três fases será criado um guia de boas práticas sobre o tema. Todas as informações podem ser consultadas aqui.
amanda.lima@dn.pt