Diferenças culturais: topless é permitido em Portugal
É comum ver as mulheres sem a parte de cima do maiô ou do biquíni curtindo o sol.
Texto: Amanda Lima
Já escrevemos aqui no DN Brasil que o estilo de curtir praia dos brasileiros e portugueses não é o mesmo, apesar de o sol, a areia e o mar serem paixões unânimes entre as duas nações. Uma diferença cultural, na comparação com as praias brasileiras, é que aqui a prática do topless é permitida. É comum ver as mulheres sem a parte de cima do maiô ou do biquíni curtindo o sol.
Parece paradoxal se pensarmos que, no Brasil, roupas de banho pequenas e roupas curtas façam parte do estilo de muitas pessoas e nós brasileiras sermos sexualizadas internacionalmente. O país ainda segue uma lei em vigor com mais de 80 anos de existência. Vem de 1940 a legislação que prevê multa e pode até dar cadeia.
É muito diferente da Europa, onde a prática é comum. Em Portugal, vi pela primeira vez em uma praia do Algarve. Era um casal de turistas com um bebê pequeno. Lembro que voltei a refletir sobre a prática, que me parece libertadora e normal, afinal, estava ali uma família curtindo normalmente as férias em paz e sossego.
Em países como Itália, França e Espanha, fazer topless é ainda mais normalizado do que em Portugal. Foi em Madri que vi, pela primeira vez, uma mulher tomando sol sem sutiã. Foi em um parque da cidade, numa tarde ensolarada de domingo no mês de fevereiro, mais quente que o habitual pra época. Achei curioso, no sentido que é algo natural, sem tabus ou preconceitos. Mais do que isso, o pensamento que me veio à cabeça foi de que pareceu ser libertador.
É assim que a brasileira Elayne Esmeraldo, psicóloga que mora em Portugal, vê a prática. “Eu gosto de fazer topless porque gosto de me sentir nua e livre com meu corpo sem necessariamente ser sexualizada ou estar num contexto sexual”, conta ao DN Brasil. A imigrante já fez topless em Portugal e Espanha, mas confessa que só se sente segura em fazer nas praias naturistas.
Sobre a sexualização da mulher brasileira, a profissional destaca que isso já acontece, com ou sem roupa. “A mulher brasileira tem o estigma da hipersexualizaçao, e ela sempre vai sofrer preconceito independente da roupa que estiver a usar”, ressalta. Mesmo assim, sente que para as brasileiras fazer topless em Portugal pode ser mais problemático ou menos seguro.
Ao mesmo tempo, considera que a prática deve ser normalizada, afinal, a nudez não precisa estar sempre associada com o sexo. “considero que o corpo humano é uma beleza que deve ser apreciada e não apenas em contexto sexual. Por que nudez virou pecado se nascemos nus? A nudez é associada ao sexo e pra mim, isso é que precisa ser desconstruído”, analisa a brasileira.
Em Portugal não existe uma lei que proíba a prática, porém, se alguém se sentir incomodado ao ver uma mulher sem a parte de cima do biquíni, pode fazer uma queixa às autoridades da praia. Mesmo não constituindo, por si só, um crime, as autoridades podem recomendar que a pessoa vista a peça de roupa para que o incomodado ou incomodada deixe de se sentir desconfortável por ver um corpo humano na praia.
amanda.lima@dn.pt