De Lisboa a Bali: pernambucana conecta empreendedoras brasileiras em Portugal com a Indonésia
Há 15 anos, a Indonésia deixou de ser apenas um destino de férias para Juliana Torres e se transformou em um negócio e propósito de vida. A pernambucana, jornalista e "serial entrepreneur" ou empreendedora em série - como gosta de se definir - criou o MIMP ("sonho" em balinês), um serviço de concierge que vai além do turismo: auxilia mulheres em Portugal, especialmente empreendedoras brasileiras, a planejarem viagens de autoconhecimento, negócios ou retiros espirituais em Bali e outras ilhas do arquipélago.
Com experiência em construir marcas e uma trajetória de vida entre Portugal e África, Juliana oferece não só roteiros personalizados, mas também uma rede de apoio para quem busca se reconectar longe de casa.
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Nascida no Recife (PE), a imigrante chegou a Portugal em 1998. "Minha vida profissional começou aqui, num tempo em que a imigração era muito diferente", conta em entrevista ao DN Brasil.
Filha de mãe casada com um português e neta de um professor em Coimbra, ela já tinha laços afetivos com o país, mas enfrentou os desafios já conhecidos por tantos brasileiros hoje em dia. "Se hoje existe preconceito, imagina há 25 anos". Aos "trancos e barrancos", como diz, construiu uma carreira diversa no campo da comunicação: passou por diferentes agências e se especializou na criação de marcas.
A ideia do MIMP surgiu durante a Pandemia da Covid-19, quando Juliana decidiu sair de Portugal par se refugiar em Bali. "As pessoas me questionavam: 'Como assim, você vai sozinha?'". Foi aí que entendeu, então, que muitas mulheres tinham medo ou dúvidas sobre viajar sozinhas.
"Descobri que elas precisavam de inspiração para se jogarem nessa experiência". O serviço da sua empresa, que inclui desde organização de vistos até conexões com co-workings e retiros, é focado em "direcionar" - não guiar. "Não sou agência. Ajudo a construir uma viagem que faça sentido para cada uma", explica.
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Para Juliana, a viagem à Indonésia é especialmente transformadora para as brasileiras que vivem em Portugal. "Lá, o estigma do imigrante desaparece. Você vê que faz parte de um mundo global", sublinha. Ela destaca que Bali atrai mulheres empreendedoras em transição - muitas delas buscando equilibrar vida pessoal e profissional. "É um espaço seguro, com custo acessível, onde podemos sair da rotina e ganhar novas perspectivas". A diferença de fuso horário (8 horas a mais que Portugal) vira vantagem: "Enquanto todos dormem aqui, você tem tempo para refletir e criar. Dá liberdade estar lá", defende.
As viagens do MIMP, geralmente de 10 a 15 dias, são adaptáveis. "Não é grupo com bandeirinha. Algumas ficam menos tempo, outras estendem a estadia", diz. Antes da partida, as participantes já se conectam em Portugal - muitas são empreendedoras que dividem desafios comuns. "Voltam com ideias novas, até parceiras de negócios", revela.
Entre tantos destinos asiáticos que já visitou (como Filipinas e Malásia), Juliana escolheu Bali por segurança, custo-benefício e pela energia do local. "É simplesmente um ímã para quem busca mudança. A experiência de estar lá, principalmente dessas mulheres empreendedoras que vão comigo é de voltar aqui com uma abertura muito maior, de sair das suas próprias bolhas", conta Juliana, que aos poucos quer expandir as experiências para outras ilhas, como Lombok.
No próximo mês de novembro, Juliana lidera mais uma jornada rumo à Bali. Os preços e condições podem ser encontrados na sua página do Instagram.
Com clientes de Angola, Moçambique, Portugal e do Brasil, Juliana celebra as viagens que trazem o que chama de "universalidade". "Lá, somos todas iguais. Aprendemos que nossas lutas são compartilhadas". Para a pernambucana, o maior legado é devolver às mulheres empreendedoras em Portugal a certeza de que pertencem a algo maior.
Como dizia o escritor português José Saramago, citado por ela, "é preciso sair da ilha para ver a ilha".
nuno.tibirica@dn.pt