A artista brasileira mistura vários elementos nas obras, como crochet e pedaços de tecido.
A artista brasileira mistura vários elementos nas obras, como crochet e pedaços de tecido.Divulgação

Brasileira inaugura exposição em Guimarães sobre violência contra as mulheres

“Segunda Instância: Estórias de Violência, Abandono e Perdão” pode ser visitada até 15 de julho no Tribunal da Relação de Guimarães, com entrada gratuita.   
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Com fios, cores e sensibilidade, a brasileira Zelia Mendonça chama a atenção para um problema grave em Portugal e no mundo: a violência contra as mulheres. A exposição “Segunda Instância: Estórias de Violência, Abandono e Perdão” foi inaugurada ontem (02) e pode ser visitada até 15 de julho, no Tribunal da Relação de Guimarães. A entrada é gratuita.   

A artista brasileira, que divide o trabalho entre Brasil e Portugal, Zélia cria as obras a partir de uma mistura de elementos. Nesta exposição, são 25 obras que retratam a situação de violência sofrida pelas mulheres, a subordinação e também a força das vítimas em resistir. As peças mesclam bijuteria, fuxicos, pedaços de crochet, restos de tecidos e de roupas.

A curadora é Helena Mendes Pereira. "Cada uma das suas obras conta-nos uma estória, de uma mulher ou de uma tipologia de perfil, e há, nos últimos anos, uma centralidade para a denúncia da violência sobre as mulheres, do abuso sexual, do feminicídio”, explica.

Zélia visitou uma das casas de abrigo e passou um dia todo com vítimas de violência doméstica e criaram uma das peças em conjunto. "Foi momento de partilha que se revelou extraordinário. Se, num primeiro momento, elas estavam retraídas, rapidamente permitiram entregar-se à arte e desenvolveram, em conjunto com a artista, uma obra fantástica da exposição", revela Helena.

A exposição marca o 23º aniversário do Tribunal da Relação de Guimarães, onde diariamente são tratados casos de violência contra as mulheres. “É possível [juntar] a Justiça com Arte. No palco dos Tribunais são múltiplos os cenários de violência, abandono e perdão que emergem da tela da vida e as obras de Zélia Mendonça transportam-nos para essa intensidade/ímpeto, partida/afastamento e indulgência/absolvição tão presentes no silogismo judiciário. As suas peças irradiam, sobretudo, uma mescla de humanidade e natureza, de feminismo e coloração tão características da tropicalidade”, ressalta o juiz Álvaro Sobrinho, presidente do tribunal.

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Para Marta Mendes, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), "esta iniciativa tem a importante vertente de, através da arte, promover a sensibilização para a violência que diariamente afeta mulheres, homens, crianças e pessoas idosas”.

A organização é da zet gallery, em parceria com a APAV. As obras da exposição também estarão à venda, com destinação de 10% para a entidade que apoia as vítimas.

A violência contra as mulheres é o crime mais praticado em Portugal, de acordo com dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI). Foram 30.221 denúncias em 2024.

amanda.lima@dn.pt

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