Sucesso literário e teatral no Brasil, peça "Diário de Pilar na Amazônia" estreia em Portugal
Adaptação do livro de mesmo nome da escritora Flávia Lins e Silva, que vendeu milhares de cópias no Brasil, a peça quer fazer com que a floresta se torne viva diante dos olhos do público.
Texto: Caroline Ribeiro
Uma menina, seu melhor amigo e um gatinho viajam por uma rede mágica e vão parar na beira do rio Amazonas. Lá, fazem uma nova amiga e, junto, o trio vai lutar contra criminosos que derrubam árvores e ameaçam a floresta. As aventuras e encanto do enredo de Diário de Pilar na Amazônia chegam ao palco em Portugal, com estreia no dia 7 de setembro no Teatro Independente de Oeiras.
Adaptação do livro de mesmo nome da escritora brasileira Flávia Lins e Silva, a peça entrou em cartaz pela primeira vez no ano passado, em São Paulo. Os atores Miriam Freeland, que interpreta Pilar, e Roberto Bomtempo, que faz o vilão Serra, são os responsáveis pela produção. Em 2022, o casal já tinha trazido para Portugal a montagem de Diário de Pilar na Grécia, outro sucesso da coleção. Foram duas temporadas de casa cheia em todas as apresentações.
"O livro da Flávia está completamente inserido dentro das escolas no Brasil. Então a gente já tem um público e conquista públicos também que não conhecem o livro, mas vêm com uma vivência com a Pilar de alguma maneira. Da personagem, das referências que ela cita na história. E aqui a gente vem com o desafio de não conhecedores do livro. A peça precisa comunicar por ela mesma. Com a Grécia foi incrível, porque a gente sabia tinha uma peça bonita. Temos muito orgulho do trabalho que fizemos e agora também com a Amazônia", conta Miriam Freeland ao DN Brasil.
A peça quer fazer com que a floresta se torne viva diante dos olhos do público, com cores, músicas, luzes. Pilar e Breno percorrem a mata com Maiara, interpretada pela atriz indígena brasileira Ludimila D'Angelis. "Ela está sozinha em meio a uma destruição muito grande, perdeu toda a sua aldeia queimada e vê na Pilar e no Breno a possibilidade de contato com alguém", conta Ludimila ao DN Brasil.
Embora seja um sucesso infantojuvenil, o enredo abraça crianças e adultos. Na história, Pilar e Breno têm um clubinho de investigação de mistérios e Maiara tem um clube de reflorestamento. "A Maiara é convidada a participar desse clubinho de investigação e chama a Pilar e o Breno para participarem do clubinho de reflorestamento que ela tem. Porque é preciso reflorestar muita terra no Brasil, e esse clubinho tá espalhado por todo canto, pode entrar adulto, crianças", conta Ludimila, garantindo que a mensagem principal da peça, de cuidado com a floresta, animais e povos originários, é reforçada. "É necessário a gente tocar nesse tema, principalmente fora do Brasil, para que as pessoas se conscientizem e possam pensar em estratégias para isso mudar", diz a atriz.
Pilar, Breno e Maiara têm encontro com o Curupira, com a sereia Iara, falam do Boto, da Cobra Grande. Personagens do folclore brasileiro que vão ser apresentados ao público português.
Miriam Freeland diz que o desafio de trazer as adaptações das histórias de Pilar para Portugal foi "instigante" e que, por isso, buscaram inserir profissionais locais nas produções, como os atores Beatriz Cadete, que dá vida a Iara, e Gonçalo Lima, que interpreta Breno, o melhor amigo da protagonista. "Acho que isso também fala um pouco do que a gente veio fazer aqui, que é se misturar, é compartilhar. É assim que o mundo enriquece e que a gente enriquece como pessoas também. Isso apresentado para o público português foi uma experiência muito positiva".
A mistura gera um "encontro de línguas muito bom", diz a escritora Flávia Lins e Silva ao DN Brasil. Vivendo em Portugal há oito anos, a brasileira garante que o momento para que a montagem chegue a um palco europeu é mais do que adequado. "É muito difícil proteger a Amazônia e é preciso que todo mundo tome consciência. Na Europa, já arderam tantas florestas. Portugal também sofre tantos incêndios. Acho que os jovens têm toda razão de estrarem gritando para que a crise climática se torne pauta mundial. É uma peça que ajuda nessa tomada de consciência em relação aos problemas climáticos e a defesa da floresta".
Diário de Pilar na Amazônia foi indicada a vários prêmios no Brasil, como o de Melhor Espetáculo de 2023 pela Associação dos Produtores de Teatro APTR. No Teatro Independente de Oeiras, a peça fica em cartaz de 7 de setembro a 27 de outubro, com sessões aos sábados e domingos às 15h30.
Os ingressos variam de 10 a 15 euros e já estão à venda.
Confira o convite feito pela atriz Ludimila D'Angelis.
caroline.ribeiro@dn.pt