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Opinião: quero um “O Globo Portugal”!

Portugueses e brasileiros precisam cada vez mais de se comunicarem – por isso, o DN Brasil é tão bem-vindo.

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por DN Brasil
Opinião: quero um “O Globo Portugal”!
João tem a missão de contar a realidade brasileira aos leitores do Diário de Notícias. Foto: Arquivo pessoal

Texto: João Almeida Moreira, correspondente do Diário de Notícias em São Paulo

Os brasileiros que moram em Portugal receberam um presente daqueles: um jornal, o DN Brasil, que se dirige diretamente a eles. Como é “dando que se recebe”, como ensina a oração de São Francisco de Assis, eu, colaborador do DN e português a morar no Brasil, peço agora humildemente uma retribuição – uma “Folha de S. Paulo Portugal”, um “O Globo Portugal”, um “Estadão Portugal” ou alguma coisa equivalente.

Afinal, sem retirar o peso, já fundamental, da comunidade brasileira em Portugal, a portuguesa no Brasil também não é de se jogar fora – são uns 150 mil, segundo algumas contas mais formais, ou muitos milhões, segundo outras contas, mais genéticas.

A questão é que, ao contrário dos descendentes de italianos, espanhóis, árabes, japoneses, alemães e de outras nacionalidades, os portugueses no Brasil estão camuflados nos sobrenomes iguais, a lista dos 20 mais comuns num e noutro país são quase decalcadas, e na língua idêntica, porque logo aos primeiros contatos no gigante sul-americano o sotaque lusitano tende a ficar mais tropical e mais açucarado.

Mercado há, portanto. E necessidade de notícias também. Portugal raramente é notícia no mundo, o que se compreende dada a exiguidade geográfica e demográfica e a irrelevância económica e geoestratégica do periférico país europeu, mas nesta vasta porção do planeta chamada Brasil, devia sê-lo muito mais.

Afinal, foram os portugueses que batizaram o Brasil de Brasil, que lhe impuseram a religião e a língua dominantes e que negociaram 99% das fronteiras do país, válidas ainda hoje em dia. E se argumentarmos que o Brasil, entretanto, já é independente de Portugal há quase 202 anos, convém sublinhar que até o autor da declaração de independência foi um português nascido em Queluz, o célebre Dom Pedro do grito do Ipiranga.

Ou seja, com esta ligação umbilical, Portugal devia ser muito mais notícia no Brasil do que é: quando sabemos a história de vida dos nossos pais ou avós, imediatamente ficamos a entender muito mais da nossa própria. 

Hoje, Portugal só aparece nos noticiários, em notas de rodapé, quando há eleições, ou em especiais bissextos, como os publicados recentemente na chamada grande imprensa sobre o cinquentenário do 25 de abril. 

De resto, é citado apenas quando algum cretino anónimo no aeroporto de Lisboa ou num supermercado do Porto manda os brasileiros para a terra deles ou coisa pior. Com isso, os leitores, permeáveis a metonímias e sinédoques, aquelas figuras de estilo que exprimem a parte pelo todo, concluem imediatamente que os portugueses – assim mesmo, no geral, os 10 milhões todinhos – são xenófobos e detestam brasileiros. E isso, amplificado pelas redes antissociais, gera afastamento, estranhamento, até raiva.

Portugueses e brasileiros precisam cada vez mais de se comunicarem – por isso, o DN Brasil é tão bem-vindo. E um eventual “O Globo Portugal” também seria. O silêncio gera ignorância, que gera preconceito. A notícia gera empatia, que gera amizade - aquela verdadeira mesmo, não a da boca para fora.   

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