Texto: Caroline Ribeiro.Há 18 anos, o publicitário Vinicius de Carvalho, natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, desembarcava em Portugal com a família para ter uma "experiência de viver fora", conta ao DN Brasil. A ideia não poderia ter sido mais bem sucedida. O gaúcho entrou no marketing imobiliário do país e, hoje, comanda a estratégia de uma das maiores empresas do mercado nacional..O diferencial para o sucesso, diz Vinicius, foi trazer os conhecimentos do Brasil e entender as características de Portugal. "No início, como qualquer negócio, no caso da agência de publicidade, era um pouco de tudo. E aí eu comecei a focar muito numa coisa que aqui ainda era fraca, que era a comunicação interna, um mercado que aqui não se trabalhava. No Brasil, o endomarketing já estava muito à frente. Então, percebi que tinha um nicho ali e aí que eu consegui entrar em alguns bons contratos. Isso ajudou a me consolidar", relata o brasileiro..Quando surgiu o primeiro contato com o setor imobiliário, "eu tive uma vantagem, de novo, porque o marketing imobiliário no Brasil é muito mais maduro do que o mercado português. A estratégia sempre foi aproveitar o meu diferencial, partir da minha experiência e do meu conhecimento do Brasil", diz Vinicius..Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!.Atualmente, o gaúcho é diretor de marketing da Porta da Frente Christie’s. Começou na empresa com uma sala "com duas pessoas, uma designer júnior e um cara que fazia tudo o que você imaginar" e transformou num departamento "com 12 pessoas e outro status. A verba, que era nada, hoje passa fácil de 10, 15% da faturação. Ou seja, é muito dinheiro. A gente conseguiu consolidar com o tempo", conta..Peso dos brasileiros.Com o tempo, Vinícius avalia que a própria evolução do mercado imobiliário nacional foi mostrando que os brasileiros, sempre entre os principais compradores, passariam a estar no centro das estratégias. Com sua expertise, acabou transformando o setor de marketing da empresa em referência no país.."Os promotores imobiliários nos consultam, porque a gente tem muitos dados. Por exemplo, prédio com fachada histórica, brasileiro não gosta, o francês adora. O francês gosta de caminhar, sair na rua e comprar pão. O brasileiro gosta de espaço. Nas casas de banho, brasileiros querem pias amplas, porque tem a mulher e o homem para se cuidar, e não precisa de bidê", diz o publicitário..Os projetos começaram a sofrer adaptações por causa do impacto da presença dos brasileiros. "Hoje tu tens cozinhas abertas com a sala, tens muito mais varandas e áreas exteriores, isso não existia. Aqui já se começa a investir em átrios e halls muito mais imponentes, que é uma coisa que se traz do Brasil. Hoje tem que ter o espaço gourmet, tem que ter o kids club, coisa de brasileiro", acrescenta..A forma de promoção dos empreendimentos também foi alterada pelo padrão que os brasileiros exigem. "Tem que fazer uma brochura, tem que fazer vídeos, tem que fazer evento, porque o cliente brasileiro, no nosso segmento, é um cliente que não tem problema com o capital. Ele tem que achar a casa certa, só isso. Dinheiro pra ele não é problema, ele compra uma casa de dois milhões [de euros] fácil", afirma Vinicius..O programa Christie's Owners, lançado recentemente por Vinicius e a equipe da empresa, que foca na promoção dos imóveis adotando estratégias influenciadas pelo perfil dos brasileiros, já conta com cerca de 35% de clientes do Brasil no total. No segmento de clientes para casas acima de 4 milhões de euros [mais de 25 milhões de reais na cotação atual], o número sobe para 65%..caroline.ribeiro@dn.pt.Relacionadas