Polícia Judiciária não quer ex-inspetores do SEF em mutirão na AIMA para regularizar imigrantes
"Não cabe aos inspetores da PJ que vieram do SEF, como nunca lhes coube, instruir processos administrativos de concessão de autorização de residência", diz o sindicato. Mutirão prevê reforço de 300 profissionais na AIMA.
Texto: Agência Lusa / DN Brasil
O Sindicato dos Profissionais de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (SPIC-PJ) contestou, nesta quinta-feira (4), a decisão do governo de convocar os ex-inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para trabalhos administrativos no mutirão para regularizar imigrantes.
O governo anunciou a criação de uma "estrutura de missão" na Agência para a Integrações, Migrações e Asilo (AIMA) com 300 profissionais, que incluem antigos inspetores do SEF, serviço extinto pelo governo anterior. Segundo o ministro da Presidência, Leitão Amaro, a nova estrutura de missão visa regularizar os 400 mil processos de imigrantes que estão pendentes. Está previsto um "grupo de especialistas, envolvendo trabalhadores da AIMA e ex-inspetores do SEF que podem ajudar a fazer o tratamento administrativo e documental dos processos" pendentes, disse o ministro.
O sindicato da PJ recusa essa proposta. "Aos polícias o trabalho de polícia", afirma o presidente do SPIC-PJ, Rui Paiva, em comunicado citado pela agência Lusa. "Não cabe aos inspetores da PJ que vieram do SEF, como nunca lhes coube, instruir processos administrativos de concessão de autorização de residência", acrescenta.
"Os inspetores do SEF eram polícias antes, polícias são agora como inspetores da PJ. Os inspetores devem dedicar-se ao que fazem como ninguém: combater a criminalidade organizada, complexa e transnacional, e proteger as suas vítimas", diz Rui Paiva.
Para o dirigente sindical, a criação da estrutura com inspetores da PJ vai retirar recursos ao combate à criminalidade. "É do mais elementar bom senso, humanismo e sentido de Estado, colocar o combate ao crime e a defesa das vítimas em primeiro lugar", salienta Rui Paiva, considerando que o "problema da AIMA é administrativo e só se resolve com profissionais administrativos".
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