Planejamento: o primeiro passo para emigrar para Portugal
Uma guinada no percurso, com direito à travessia do Oceano Atlântico, envolve organização de orçamento, burocracia e demanda muitos cuidados para evitar dores de cabeça mais à frente, que podem transformar o sonho em pesadelo.
Texto: Redação DN Brasil
Planejar. Se você pensa em arrumar as malas e mudar para Portugal, esse é o verbo (em Portugal sem o J) que deve conjugar diariamente. Afinal, uma guinada no percurso, com direito à travessia do Oceano Atlântico, envolve organização de orçamento, burocracia e demanda muitos cuidados para evitar dores de cabeça mais à frente, que podem transformar o sonho em pesadelo.
Conforme a Organização Internacional de Migrações (OIM), mais de 80% dos pedidos de ajuda para retornar ao país de origem registrados no Projeto ARVoRE VIII, foram feitos por cidadãos do Brasil. O motivo, na maioria das vezes, tem a ver com questões financeiras.
Por isso, brasileiros como a hair stylist Nayara Lacerda, de Goiás, região Centro-Oeste do Brasil, procuram cada vez mais informação para evitar um revés. “Busquei muita informação, com ajuda de guias para quem deseja morar fora. Foi assim que optei pelo visto de procura de trabalho”, relembra.
Desde quando estava no Brasil, Nayara já pesquisava vagas relacionadas a sua área de atuação, o que a ajudou a encontrar um posto de trabalho tão logo chegou a Portugal.
Em Lisboa há mais de meio ano, a goiana já alimentava o desejo de se mudar para Portugal para ter novas experiências na sua área de atuação. “Quando decidi que era a hora, comecei a juntar dinheiro para o visto e para me sustentar nos primeiros meses”, conta.
Quando chegou, a profissional já tinha o Número de Identificação Fiscal (NIF) e uma entrevista para um posto de trabalho agendada, que acabou por se concretizar. “O planejamento financeiro e a chegada com a documentação correta foi fundamental para uma mudança tranquila”, destaca.
Ainda na etapa de preparação para se mudar para no segundo semestre deste ano, o analista financeiro Darlan Kern também segue um planejamento cuidadoso à caça de um futuro melhor. “Devo ir primeiro para, depois, levar a minha família”, explica o morador de Jaraguá do Sul, interior de Santa Catarina, no Sul do Brasil.
Casado e com dois filhos, a ideia é ter uma nova perspectiva, com mais segurança e um futuro melhor para a família. “De início, aceito me encaixar em outras áreas”, diz.
No planejamento, o primeiro passo foi começar a juntar dinheiro para o período da busca de trabalho e para, assim que possível, providenciar o reagrupamento familiar. “Agora, comecei o processo da documentação, com informações para conseguir o visto de procura de trabalho”, diz Darlan. O cuidado com o planejamento financeiro e com o pedido do visto correto mudar-se, citados por Darlan Kern e Nayara Lacerda são, de fato, as primeiras providências a serem tomadas.
Inicialmente, é necessário se certificar de que o plano cabe no orçamento, o que envolve uma pesquisa cuidadosa sobre o custo de vida na cidade portuguesa escolhida. Moradia, luz, água, gás, telefone, transporte, entre outros, devem ser colocados na ponta do lápis, sem esquecer da conversão dos valores de euros para reais.
Outro aspecto fundamental, ligado às questões financeiras, é o tipo de atividade que se pretende exercer em Portugal. Afinal, mesmo com uma boa reserva, inserir-se no mercado de trabalho é essencial para permanecer no país. Se, depois desta etapa de análise, a decisão for realmente de mudar, parte-se para as questões práticas.
Passo a passo: o essencial
O primeiro de tudo, é claro, é emitir o passaporte na Polícia Federal (PF), fundamental para solicitar o visto.
Turistas não precisam de visto para entrar em Portugal, mas a o limite de permanência é de 90 dias, tempo que muitos utilizam para dar entrada na Manifestação de Interesse, o método menos recomendado para se mudar - mas também o mais utilizado pelos brasileiros.
Para cada atividade há um visto específico. Nesta etapa, é importante conhecer os detalhes sobre cada enquadramento, para fazer a submissão do pedido corretamente. O processo envolve custos, que, aliás, também precisam entrar na planilha de contas. Recomenda-se ainda pedir o visto com antecedência, pois, a emissão pode levar até seis meses ou mais.
Passaporte e visto em mãos e passagens emitidas, é a hora de organizar a mudança. Muitos brasileiros optam por levar mobília e outros pertences e contratam serviços de transporte internacional.
Há quem prefira vender ou doar as coisas no Brasil e comprar outras ao chegar a Portugal. Neste caso, é importante incluir esses gastos nos custos iniciais no planejamento.
Na conjugação do verbo planejar, ter amigos ou conhecidos que já estão no país pode ajudar, bem como recorrer às fontes oficiais de informação, consulados e sites governamentais, por exemplo. Há, ainda, empresas que prestam assessoria, mas, com custos envolvidos.
Depois do planejamento afinado, é só arrumar as malas e apanhar o avião rumo a Portugal. Se tudo for feito com cuidado, o cidadão tem tudo para iniciar sua nova jornada com o pé direito.