Pensa em sair do Brasil e trabalhar em Portugal? Preste atenção nestas dicas
Para quem quer começar esta jornada e trabalhar em Portugal, planejamento é necessário.
Texto: Amanda Lima
Morar e trabalhar fora do Brasil é o sonho de muitos brasileiros. Quase 195 mil cidadãos deixaram o país entre 2021 e 2022, última estatística oficial do Itamaraty sobre o tema. Portugal é o segundo destino preferido, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
Para quem quer começar esta jornada e trabalhar em Portugal, planejamento é necessário. Em um episódio recente do podcast do DN Brasil, o brasileiro Gustavo Miller, que atuou no mercado de tecnologia e marketing do Brasil, deu algumas dicas valiosas. Ele conta que, com muita frequência, recebe mensagens do Linkedin de pessoas que estão no Brasil e querem se aventurar no mercado de trabalho português, além de dar palestras sobre o tema.
No episódio do podcast, Gustavo compartilhou seu conhecimento sobre o mercado de trabalho no país e o DN Brasil compila essas dicas:
Falar o básico de inglês
Segundo Gustavo, não é apenas uma questão de conseguir a vaga porque o inglês é exigido. “Lisboa é uma cidade em que você consegue ser melhor remunerado falando inglês”, explica. Se tiver um segundo ou terceiro idioma, como francês, italiano ou alemão, o salário pode até dobrar.
O imigrante - que agora acaba de voltar ao mercado brasileiro - citou o exemplo de uma fisioterapeuta brasileira que o atendeu em casa, em Lisboa. Muitos colegas queriam o contato em busca de atendimento na área de ergonomia, por ficarem muito tempo sentados. Mas a profissional não sabia falar inglês, o que diminuía o número de potenciais pacientes - de lucro.
De acordo com Gustavo, muitos até falam o básico, mas têm vergonha por questões do sotaque. “Quando eu digo falar inglês não é falar inglês perfeito, é saber se comunicar”, detalha. Conseguir manter uma conversa no idioma “vai abrir muitas portas”, complementa.
Hoje em dia, além de cursos online, existem vídeos na internet, uma imensidão de conteúdos para aprender gratuitamente e aplicativos que ajudam a aprender e a treinar o inglês. Let’s go?
Ter uma reserva financeira
Na internet o que não faltam são vídeos de pessoas vendendo uma vida perfeita e fácil em Portugal, com facilidade para alugar casas e altos salários. A realidade não é bem assim. É um consenso entre especialistas - e também entre muitos imigrantes que vivem a vida real - que é preciso dinheiro para recomeçar em novas terras.
Gustavo não pensa diferente. “Tem que vir com uma reserva financeira, ponto”, diz. Uma reserva financeira, na visão do imigrante, não é dinheiro para 30 ou 60 dias. “Um ano de reserva financeira para, se caso der errado, você consiga ter tempo para se adaptar, porque vai surgir muita coisa no caminho”, ressalta.
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No caso do brasileiro, mesmo vindo com proposta de trabalho já fechada, muita coisa surgiu: pandemia de Covid-19, teve um acidente e quebrou o pé, mudança de casa com cinco meses de adiantamento. “Imagina se eu não tivesse a reserva financeira?”, questiona. Conforme Miller, nós não conseguimos controlar algumas coisas. “Acho que a pandemia nos ensinou isso. Quando vem uma coisa externa, um lay off. Não te pagaram? Ficou doente? Surgiu uma doença que você não imaginou. Tem que ter uma reserva financeira pra conseguir ficar”.
Ter uma rede de apoio
A terceira dica de Gustavo é ter uma rede de apoio de confiança. Quando chegou a Lisboa, em 2019, o brasileiro ficou hospedado com as duas cachorras na casa de uma amiga. Mais do que oferecer um teto neste início, a amiga de Gustavo mostrou por onde começar no novo país, apresentando pessoas em jantares e ensinando o funcionamento das coisas. “Foi muito importante ter essa pessoa que me recebeu e que me ensinou o caminho das pedras. Quando fui para Alemanha, não tive esse apoio e senti muita falta”, destaca,
Plus: preparar o currículo e “dar uns passos atrás na carreira”
As dicas extras são ter um currículo adequado para a vaga que pretende. Em algumas áreas, como a tecnologia, não há milagres: é preciso ter alguma experiência anterior. Outra hipótese é “dar uns passos atrás” no percurso, mesmo que dentro da mesma área. É comum que brasileiros que tinham cargos de liderança no Brasil tenham que baixar na hierarquia ao recomeçar em Portugal. “Tem que vir preparado e disposto para isso”, finaliza Gustavo.
amanda.lima@dn.pt