Texto: Amanda Lima, com informações da Agência Lusa.Na próxima semana, a imigração voltará a ser tema de debate na Assembleia da República de Portugal. O reforço de profissionais na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) está na agenda de discussão de quinta-feira (27). A iniciativa é da bancada do Partido Comunista Português (PCP), que propôs um Projeto de Lei (PL) para contratar "até 10 mil trabalhadores" na agência..O PL prevê um “procedimento extraordinário, e transitório, para que, num período de seis meses, se consiga mobilizar pessoas, espaços e meios logísticos para que, pelo menos a maior parte desses processos, seja resolvido”. Segundo o deputado António Filipe (PCP), somente com reforço na AIMA "será possível funcionar em condições de normalidade”. .A bancada do PCP defende um programa de emergência para a regularização de processos entre o dia 1 de outubro de 2024 e 31 de março de 2025. O objetivo é colocar em dia as "400 mil pendências" da AIMA. Como o DN Brasil noticiou com exclusividade na semana passada, a recuperação da alta demanda de processos já está em andamento. Foram convocados e já agendadas marcações com 110 mil imigrantes que ingressaram com manifestação de interesse até abril do ano passado. .O projeto de lei do PCP havia dado entrada no Parlamento ainda no início do mês. A bancada ingressou com uma medida chamada "direito potestativo", uma espécie de imposição, prevista no regulamento da Assembleia da República..Será a segunda semana seguida de um debate no Parlamento sobre imigração. Na última quarta-feira, o Chega convocou uma discussão plenária, com cinco propostas anti-imigração - todas rejeitadas. Uma delas previa que os imigrantes só tivessem direito à prestações sociais, como seguro-desemprego, depois de cinco anos de contribuições à Segurança Social, enquanto outra tinha objetivo de facilitar o retorno de imigrantes ao país de origem. O debate foi marcado por gritos e insultos, em que deputados do partido Chega repetiam, sem dados, que houve aumento de criminalidade por causa dos imigrantes..Na mesma sessão, foi derrotada a proposta de lei do Bloco de Esquerda (BE) que requeria o retorno da manifestação de interesse. O projeto teve abstenção do PS, votos à favor dos demais partidos de esquerda e contrários de toda a direita. .Na mesma semana, o PS propôs um regime de transição para para os que já estão em Portugal contribuindo, mas não conseguiram pedir a manifestação de interesse. No entanto, por causa da agenda de votações da Assembleia da República, o assunto só será votado na volta do recesso parlamentar, em setembro..A proposta é de uma regularização dos imigrantes que já estão a contribuir “há quase um ano” e ainda não haviam submetido a manifestação de interesse. O o deputado Pedro Delgado Alves (PS) afirma que não se trata de voltar ao que era antes. .“Sabemos que não podemos contar com o Chega, temos o apoio de todos os demais partidos de esquerda, é matemática, temos que dialogar com o PSD”, avalia. Segundo Delgado Alves, pelo debate sobre as migrações realizado em plenária nesta semana, “o PSD não fechou por completa a porta a ter de revalidar este tema”. O que o deputado espera é que o Governo possa dialogar. “A esperança que temos é que o Governo perceba que a solução que construiu não é suficiente e pode gerar problemas e que tem essa recetividade de ajudar a evitar problemas maiores. O nosso objetivo é resolver um problema, não é criar outro”, explica..amanda.lima@dn.pt