Sonho de muitos portugueses é estudar em Harvard.
Sonho de muitos portugueses é estudar em Harvard.Foto: DR/Kris Snibbe/Universidade de Harvard

Opinião. Portugueses que querem estudar nos EUA vivem realidade conhecida de brasileiros em Portugal

Na espera, a vida fica em suspenso. Deve ser exatamente essa a sensação que hoje vivem os estudantes portugueses a caminho dos EUA. Entretanto, há anos que essa situação é vivenciada por brasileiros.
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Texto: Priscila Santos Nazareth Ferreira*

Recentemente, como parte de uma política bastante rígida de controle de imigração, os Estados Unidos suspenderam a análise dos vistos de estudantes. O que inclui uma etapa detalhada de conferências de redes sociais e certidões criminais, uma investigação acurada de todo aquele que pretende estudar no seio da nação mais famosa do mundo. 

O ano letivo começa em setembro e é na época de junho e julho que as candidaturas estão na etapa final, o que resulta numa corrida aos vistos nos consulados americanos espalhados pelo mundo. Em Portugal não é diferente. E um número considerável de candidatos espera ansioso o resultado das propostas, e alguns já estão iniciando as tratativas de visto. 

Do outro lado do Atlântico existem milhares de brasileiros que ambicionam vir para Portugal, e da mesma forma se preparam junto às universidades e escolas profissionalizantes do país para o início da vida acadêmica em terras lusitanas.

Mas em Portugal o desafio é outro. Alguns vistos estão há mais de um ano pendentes de análise, o que afeta de maneira cruel a quem espera uma resposta. A vida fica em suspenso, e deve ser exatamente essa a sensação que hoje vivem os estudantes portugueses a caminho dos Estados Unidos.

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Entretanto, há anos que essa situação é vivenciada por brasileiros, argentinos, cubanos, venezuelanos, chilenos, indianos, marroquinos, as mais diversas nacionalidades. Mas o imigrante que sofre no seu país não é visto ou ouvido por um Estado omisso e desorganizado.

Agora, o atraso e incerteza batem à porta dos estudantes portugueses: a dor não será mais de "ouvir falar", mas sim, sentir. A incerteza a espera desoladora será capaz de tornar palpável aos portugueses o que sofrem os imigrantes nos consulados de Portugal mundo afora?

Fica a pergunta. O exercício da empatia tem sido esquecido por aqui. Agora não se precisa falar de empatia. Num mundo global, os estudantes são iguais. Todos são cidadãos do mundo em busca da riqueza educacional e cultural que só o ambiente acadêmico é capaz de lhes dar.

Em Harvard ou na Universidade de Lisboa, a sala de aula é lugar de acolhida. Espero que o Governo português esteja atento a isso no semestre que se avizinha. E que nos Estados Unidos a harmonia volte a ser o cenário presente em todas as universidades país à fora. Estamos acompanhando!

Obs: você pode discordar de mim no instagram no @narealnaeuropa.

*Priscila Santos Nazareth Ferreira, advogada de Direito Internacional Privado

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