O que portugueses podem fazer para ajudar na integração de imigrantes?
Inclusão pode ser promovida com atitudes tão simples como respeitar diferenças culturais. "É voce estar aberto para compreender o outro", diz diretora da associação Diásporas, Elisangela Rocha.
Texto: Caroline Ribeiro
Foi durante a pandemia, em 2020, que um grupo de amigos brasileiros resolveu se unir para criar uma associação de apoio a imigrantes. Os efeitos da crise que abalou todo o mundo foram sentidos, ainda mais intensamente, por populações vulneráveis, muitas formadas por estrangeiros sem acesso à informação e assistência básica.
Assim nasceu a Associação Diásporas, sediada em Cascais, que divide o trabalho em três eixos que se interligam. Credenciada como um CLAIM (Centro Local de Apoio ao Imigrante), presta apoio com documentação. O segundo eixo foca em educação política e educação para não violência. O terceiro, investigação e advocacy, já que, segundo Elisangela Rocha, presidente da direção da entidade, houve “a necessidade de ter dados a partir do trabalho que fazemos com imigrantes e de agir de maneira política pela causa", diz ao DN Brasil.
"Quando a Diásporas surge, fazíamos atendimento num bairro social chamado Fim do Mundo. Foi construído a partir dos chamados 'bairros de lata', que aqui não tem o termo favela. Lugar lindíssimo, com uma vista maravilhosa para o mar. Quando atendíamos lá, era maioritariamente a população guineense. Agora, que estamos em uma área mais central de Cascais, estamos com 50% de brasileiros e 50% originários dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). Há também, mas muito menos, alguns do leste europeu e asiáticos, diz Elisangela sobre o perfil de quem procura a associação.
Para a diretora, o momento atual pede mais sensibilização das pessoas.
"Observamos que existe mesmo um crescimento do discurso anti-imigração. Não acho que seja um discuros majoritário, é um grupo pequeno que o perpetua, mas é muito ruidoso e isso acaba gerando um eco muito maior. E pensamos principalmente nas pessoas que estão fora dessa pauta. Como é que a gente chega aos portugueses comuns, que estão ali, mas não estão inseridos nesse debate? Essa é a nossa preocupação", explica Elisangela.
De maneira simples e didática, a Diásporas utiliza materiais educativos em redes sociais para tentar alcançar, como define Elisangela, pessoas que estão distantes de debates construtivos sobre imigração. Abaixo, o DN Brasil elenca cinco ações que a Diásporas sugere para que pessoas portuguesas possam ajudar na inclusão de migrantes.
- forneça orientações: para quem chega a um novo país, ainda mais se não fala o idioma local, o dia-a-dia pode se tornar difícil. Oferecer informações básicas sobre transporte públicos, serviços de saúde e projetos de assistência é uma ação valiosa.
- promova a inclusão ativa: convidar um vizinho imigrante para um almoço de boas-vindas no domingo ou para a festinha de aniversário da freguesia vai fazer com que ele se sinta parte da comunidade.
- incentive a interação: incentivar as conexões entre portugueses e imigrantes pode ser enriquecedor para os dois lados. Criar espaço para troca de experiências, integração em eventos culturais, favorece uma aproximação positiva.
- respeite as diferenças culturais: um ambiente inclusivo é aquele em que diferentes culturas podem se manifestar livres de preconceito. Esteja aberto para aprender, demonstrar curiosidade e respeito e evite estereótipos.
- apoie entidades que trabalham com migrações: diversas organizações fornecem assistência fundamental para imigrantes. Ajude em ações de voluntariado, com donativos ou promovendo a mensagem delas entre a comunidade.
caroline.ribeiro@dn.pt