O que há de bom: as dicas culturais do fim de semana do DN Brasil

Como canta Geraldo Azevedo, “Cadê meu Carnaval?”. Pois é, esse infelizmente já passou, deixando para nós, foliões, boas recordações e saudades. Nem por isso, no entanto, os próximos dias em Lisboa deixam de ser recheados de festas que celebram a cultura brasileira. Já nesta sexta-feira inicia o Maria Bonita Forró Festival na capital portuguesa, que ainda acolhe neste final de semana encontro de artistas brasileiras e show especial do Coletivo Gira. A recomendação gastronômica é um bom lugar para encontrar um clássico universal dos finais de semana.

A O que há de bom está no ar!

Edição especial do Coletivo Gira

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, que é assinalado neste sábado (8), o Coletivo Gira fará um show temático acerca da data. Nesta sexta-feira (7), a tradicional apresentação do grupo começa às 20h com perfomance da cantora cearense Heidy Samantha. Após o primeiro bloco da roda, às 21h, e intervalo com Dj Set da MX, a roda volta para o segundo bloco às 23h com a presença do Pandeiro Lx e do Patú Samba para o Carnaval poder dizer “Ainda Estou Aqui”, com o perdão do trocadilho com o nosso premiado filme.  

Onde? Na Casa da Gira (Clube Oriental de Lisboa, Praça David Leandro da Silva, 22, Lisboa)

Quando? Sexta-feira (7), às 20h

Quanto? €5 - €10

Inauguração do MAC - Mulheres na Arte Contemporânea

Já no próprio Dia Internacional da Mulher, um encontro para promover artistas brasileiras ocorrerá na Ericeira (conta como arredores de Lisboa?). O projeto Na Rede fará o evento de lançamento do projeto MAC - Mulheres na Arte Contemporânea. A iniciativa visa reunir artistas brasileiras independentes de diferentes vertentes, com um foco especial na produção artística feminina.  

O evento contará com a participação da poeta Gabriella Hedegaard, vencedora do Todo Mundo Slam, e da artista Fernanda Feher, que inaugurou no dia 8 de fevereiro a sua exposição "O Caminho do Ouriço", que segue em cartaz até 16 de março, na Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, na Ericeira, onde ocorre o encontro, que terá participação de outras artistas brasileiras residentes em Portugal. O cocktail está marcado para às 15h.

Onde? na Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva (Ericeira)

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Show de Lauana Prado

Nome importante do sertanejo brasileiro, a cantora Lauana Prado se apresenta neste domingo em Lisboa, mais precisamente no Sagres Campo Pequeno, em show marcado para às 21h. Os ingressos para a apresentação de Lauana Prado no Campo Pequeno variam entre os €30 e os €75 e estão disponíveis aqui. Nesta semana, a artista concedeu entrevista ao DN Brasil e falou sobre a expectativa de estrear em Portugal. 

Onde? No Sagres Campo Pequeno (Centro Comercial Campo Pequeno) 

Quando? Domingo (9)

Preço: €30 - €75

Maria Bonita Forró Festival

E olha a turma do Espaço Baião trazendo de novo forró para Lisboa. Depois do Baião in Lisboa em dezembro e do bloquinho Qui Nem Jiló no Carnaval, chega o Maria Bonita Forró Festival, também organizado pela mesma associação. Com foco no conceito “Active Follower”, o evento deste ano pretende incentivar os followers a serem mais participativos na dança, enquanto os líderes são convidados a serem mais receptivos e flexíveis na dança a dois. A programação se inicia na sexta-feira (7 de março) com workshops, um Meet & Greet dançante de abertura e, para finalizar, um baile do Forró Factory na Fábrica Braço de Prata. Saiba mais aqui. 

Onde? No Fábrica Braço de Prata

Quando? De sexta (7) a domingo (9)

Preço: €45 - €90

Extra: a dica gastronômica da semana

Tropical da Graça

Já faz mais de um ano que tento semanalmente cumprir um ritual sagrado: comer frango de churrasco aos sábados. Indispensável quando morava em São Paulo, fosse no sábado com a família “pequena”, fosse no domingo com a família completa nas macarronadas da avó, o frango assado, grelhado, ou de churrasco, chame do que quiser, é assim como no Brasil, um clássico do fim de semana também em Portugal. 

Por aqui, aliás, me arrisco a dizer que os portugueses são até mais especialistas do que nós no critério frango assado. O primeiro ponto é que a maioria dos lugares faz os frangos no estilo churrascaria, ou seja, com carvão e grelha, enquanto no Brasil vemos mais os tais frangos de televisão, que ficam ali girando e sem o contato com o fogo e, consequentemente, com ela, a reação de Maillard. 

Outro importante fator que faz o frango português crescer é o molho. Os portugueses levam muito a sério o conceito “frango com piri-piri”. Foi aliás das primeiras coisas que me lembro de comer em Portugal quando visitei o país pela primeira vez com os meus pais. Eles, que já haviam vivido na terrinha nos anos 90, me levaram num dos restaurantes favoritos no qual comiam os frangos naquela época. Seguia excelente e sim, muito diferente dos que costumávamos encomendar em casa. 

Em churrascarias como o Tropical da Graça e na maioria das que se preze, os restaurantes dão três opções de molho. Uma é o piri-piri clássico, quase um azeite perfumado com pimenta que pinta o frango após este sair da grelha. Outro muito tradicional, destinado aos que não adoram a picância, é o de manteiga e limão. Este, no Tropical da Graça, fica ali aquecendo ao lado da grelha sendo que vira e mexe é temperado com outras especiarias misteriosas que os trabalhadores - quase todos brasileiros - colocam. 

Por fim, o Tropical ainda tem a opção para quem já conhece a casa. “O molho debaixo do balcão, se faz favor”. É pedir isso, e o camarada do outro lado tira um picante nervoso, não tanto de picância, sim de sabor, que fica escondido em uma gavetinha. Tudo isso aliado ao bom produto da casa, a ave em si, grelhada no ponto que o cliente quiser - mais branquinho, mais moreno - fazem aquela churrascaria ser qualquer coisa de especial para a vizinhança da Graça. 

E olha que nem só do frango e do(s) viciante(s) molho(s) vive o Tropical da Graça. No furor que forma-se no interior e arredores do espaços nas horas mais movimentadas, são diversas as carnes que tentam o cliente: espetadas, linguiças, costelas… uma legítima churrascaria, de fato. Isso sem contar as batatinhas caseiras, também disponíveis num chips de batata doce e outros clássicos portugueses, como a broa, bola de sal, queijo e azeitonas temperadas. 

Bom avisar que no fim de semana não tem jeito, é melhor ligar para reservar, se não a espera será longa. Esse talvez seja um dos principais critérios para saber se o frango é bom, diga-se. Pelo menos nos meus outros favoritos da cidade (mercado de Arroios, Primavera e Dom Manolo, em Cascais), a concorrência é forte para pôr as mãos e bocas nos frangotes. 

E por falar em concorrência, desde que passei a frequentar o Tropical da Graça ficou difícil de amar um outro frango. Só vendo o barato que é estar naquele ecossistema aos sábados e experimentando o quitute para entender. 

E já que falei barato, aproveito para colocar que é mais provável encontrar frangos por melhor preço do que no Tropical, mas mesmo sendo um pouco mais caro, compensa. Ainda mais que o frango costuma sobrar para mais de uma refeição e, no caso do Tropical, muito por conta do molho que vai entranhando na ave, ele só fica melhor ao longo dos dias. 

No mais, sempre que como um franguinho lembro de uma vez vi uma daquelas pegadinhas infames de rede social, mas que despertava a curiosidade do comensal. O título era “Como fazer o seu frango de churrasco em casa”. Após a cena começar na cozinha, cortava para a rua, com a segunda parte do vídeo que dizia “vá à churrascaria mais próxima da sua casa e compre um frango de churrasco com batatinhas caseiras”.

Não poderia estar mais de acordo.

Onde? No Tropical da Graça (Rua da Graça 72. Lisboa)

Preço: €10 - €15

nuno.tibirica@dn.pt