O que há de bom: as dicas culturais do fim de semana do DN Brasil
Na agenda cultural deste fim de semana, destaques para shows de brasileiros e as últimas apresentações de peça do Teatro do Imigrante. Confira!
Texto: Nuno Tibiriçá
Muita música brasileira, últimas apresentações da segunda temporada de peça do Teatro do Imigrante e a nossas tradicional dica gastronômica para você conferir nos próximos dias. Mais um fim de semana chega em Lisboa e com ele as nossas dicas culturais para a capital e arredores.
A edição semanal da O que há de bom está no ar!
Música brasileira no Malandro do Marquês com Sami Tarik
A primeira dica da semana rola já nesta quinta-feira (21) e envolve música brasileira e gastronomia. O Malandro do Marquês é um clássico restaurante das próximidades da Avenida da Liberdade e do Marquês de Pombal e, nesta quinta, recebe música ao vivo com a presença do potiguar Sami Tarik. Residente em Lisboa, Sami é um músico, arranjador, instrumentista, cantautor e realizador de projetos socioculturais na capital portuguesa, onde fica sempre num "cá e lá", com o Brasil. Percussionista de primeira, tanto que é conhecido como o "Executivo do Pandeiro", Sami Tarik é convidado do guitarrista Rolando Semedo para uma noite na qual pelo menos o bom som está garantido.
Não posso garantir se a comida está à altura do som do Sami, já que este está disponível no Spotify, enquanto ainda não tive a oportunidade de visitar o Malandro do Marquês. Pelas as avaliações e fotos parece legítima. De qualquer forma, é possível garantir a reserva apenas para o show ou optar pelo combo de comida e música.
Onde? No Malandro do Marquês (Rua Camilo Castelo Branco 23B, Lisboa )
Quando? Quinta (21), às 20h30
Preço: Jantar com música ao vivo - €25 (bebidas não incluíds) - €30 (com bebidas à discrição: vinho da casa, cerveja, água). Apenas o show €7. Reservas disponíveis aqui.
Últimas apresentações no Teatro do Imigrante
"Vocês precisam do teatro e o teatro precisa de vocês", dizia aos seus alunos um querido professor de literatura que tive no ensino médio e que, evidentemente, era um grande entusiasta da arte cênica. Pensando nas palavras daquele professor, fica aqui a segunda dica para o final de semana. Na sexta-feira (22) e no sábado (23), o Teatro do Imigrante, formado maioritariamente por atores brasileiros, faz as últimas duas apresentações da segunda temporada da peça Na Boca do Tubarão.
O espetáculo, que está em cartaz desde o último dia 10, aborda histórias de personagens que enfrentam o impacto das crises migratórias de maneiras diferentes: desde as dificuldades de adaptação e choque cultural em um novo país até a luta pela sobrevivência de refugiados no Mar Mediterrâneo. A peça está em cartaz no bairro da Ajuda, zona ocidental de Lisboa.
Onde? Na Sociedade Filarmónica Recordação D'Apolo (Rua do Cruzeiro, 46A)
Quando? Sexta (22) e sábado (23)
Preço: €8. Disponíveis neste link.
RioLisboa na BOTA
Apesar do Teatro do Imigrante ser em sua maior parte composto por brasileiros, a companhia também conta com atores portugueses. Outro programa para esse fim de semana que assim como o Teatro, tem essa mistura na estrutura, é a banda RioLisboa, que se apresenta como um grupo que traz a fusão da musicalidade entre Brasil e Portugal. Com uma mescla entre o fado e a bossa nova, o grupo tem mais um espetáculo marcado para esta sexta-feira (22), quando se apresenta na Base Organizada da Toca das Artes (BOTA) um novo trabalho, intitulado "Cantam, Revolução".
Para este projeto, uma forma de homenagear os 50 anos da Revolução dos Cravos, o grupo convidou Cassandra Cunha, uma jovem fadista, que trouxe "frescura e leveza à sonoridade do grupo", e a conceituada cantora Luanda Cozetti. Ao todo, são mais de 15 músicos envolvidos no projeto.
Onde? Na BOTA Anjos (Largo Santa Bárbara 3 D, 1150-287 Lisboa)
Quando? Sexta (22), às 21h. Reservas neste link.
Preço: entrada gratuita.
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Noite solidária ao Afeganistão na Fábrica Braço de Prata
Saindo um pouco da programação brasileira, afinal, como já referi aqui outras vezes, a Fábrica Braço de Prata é uma porta aberta às mais diversas culturas, vamos ao programa que julgo ser dos mais curiosos do fim de semana na fábrica. O espaço promoverá um evento de Noite Solidária ao Afeganistão no próximo sábado, com apresentações de artistas como Mohammad Shafi Sepehr, Wahdillah Amiri, Basir Mohid e Ebrahim Mohammadi, todos mestres da música afegã e com décadas de carreira.
O evento ainda incluirá um jantar com comida típica do Afeganistão. Toda a renda será destinada a apoiar músicos refugiados afegãos que, ao chegarem nos novos países, precisam de suporte para manter viva a arte e tradição. Um bom programa para quebrar barreiras, dar a conhecer uma nova cultura e ainda ajudar uma boa causa.
Onde? Na Fábrica Braço de Prata (Rua Fábrica de Material de Guerra, 1. Lisboa.)
Quando? Sábado (22), às 21h30
Extra: a dica gastronômica da semana
Dallas Burger Joint
Nesta semana, a coluna traz uma recomendação aparentemente simples: um hambúrguer. Mas quão bom pode ser um simples hambúrguer? Foi a pergunta de uma amiga, intrigada com o Dallas Burger Joint, a recomendação desta semana, que me levou a refletir. Por que acho tão bom? Vou tentar responder.
Primeiro de tudo, há quem diga que, em alguns pedaços, em alguns momentos da vida, a palavra hambúrguer é proibida. Mencionou, já era, vai ter que ser esse o jantar da noite, especialmente naqueles sábados ou domingos que só pensar em cozinhar já é tarefa árdua e "apetece miminhos", no bom PT-PT. É quase como se qualquer outra coisa que coma não fosse capaz de satisfazer o desejo, algo que também sentia com sushi antes, mas que tem se intensificado com os hambúrgueres. Especialmente depois que conheci o Dallas.
Demorei mais de cinco anos em Lisboa para descobrir uma hamburgueria para chamar de minha e que remetesse às memórias de São Paulo. Lá, cresci frequentando aquelas típicas lanchonetes que haviam se popularizado nos anos 1960, como o New Dog, Joaquins, Sujinho ou Hamburguinho, ou mesmo as padarias que serviam o mais clássico hambúrguer paulistano.
Depois, já de uns 10 anos para cá, teve o boom das hamburguerias artesanais, que deixaram para trás as mais antigas e começaram a alcançar o topo das críticas gastronômicas nos guias das cidades. Cada vez que volto lá há mais meia dúzia de hamburguerias ou pizzarias - outra especialidade histórica da cidade tanto no conceito tradicional, quanto nas novatas - entre as melhores de São Paulo.
Em Lisboa, nunca fui de frequentar hamburguerias, julgava ter ido às principais e que eram apresentadas como as melhores ou mais tradicionais: Hamburgueria do Bairro, The Wall Burger, Honorato, etcs e tal. Só quando me deparei com a pequena porta do Dallas, na Forno do Tijolo, reduto dos Anjos, é que encontrei o bom companheiro para dias mais tristes-difíceis-preguiçosos.
Com uma pegada vintage e um ambiente charmoso, literalmente formado por cozinha, balcão e duas mesinhas de esplanada, sem salão interior, aquilo já chamou a atenção. Só depois fui descobrir que, na verdade, aquilo era uma franquia e a casa original do Dallas fica em pleno Cais do Sodré, o que com certeza diminuiu um pouco o charme. Achava eu, na minha inocência, que tinha encontrado a pequena portinha de hambúrguer ali do bairro.
Charme a mais ou a menos, no que importa, a comida, o Dallas de 10 a 0 em qualquer outra hamburgueria que frequentei por aqui. O que faz ser tão especial, respondendo à minha amiga e a você, caro leitor e caro leitora? Bem, para mim, duas coisas são fundamentais para um bom hambúguer: a carne e as batatas fritas tem que ser espetaculares. Se estes dois pilares cumprirem o que deles é esperado, o resto será detalhe. No caso do Dallas, tudo casa bem, mas os protagonistas são esses dois.
A carne "ao ponto" da casa é malpassada, do jeito que julgo ser o correto para o sanduíche. Mas não se assuste! A carne não jorra sangue, não está crua, não está mugindo, é só mal passada. As batatas são o gabarito que gostamos e que já é clichê falar - crocantes por fora, macias por dentro - mas são impulsionadas pelo impressionante leque de molhos do Dallas. É impossível ser triste colocando a maionese de manjericão ou de chipotle, que é bem picante, nas batatas ou no hambúguer. Se misturar as duas então...
O clássico e que sempre pedi, pois gosto de jogar no seguro, é o cheeseburguer da casa. Vem com bom bacon, bom queijo, picles e cebola. Digo bons porquê não são espetaculares, mas cumprem o papel de coadjuvantes da refeição. Ah, antes que me esqueça, o pão do Dallas também é de categoria, brioche, o favoritinho dessas novas casas e que, de fato, orna bem com o restante da turma.
Recomendo take-away, para depois dar uma "ressucitada" no hambúrguer e batatas em casa, até para deixar o pão numa textura de quase crocância. Também dá para comer ali, mas como já escrevi aqui em muitas oportunidades, aquela zona é concorrida, reúne diferentes tribos que habitam a cidade de Lisboa e, portanto, sentar pode ser tarefa complicada.
Também tem sempre a opção de ir na "casa 1", no Cais do Sodré, que pelas fotos parece ser bem maior e melhor para quem quer sair para jantar e não só ficar no programa sofá, Netflix/MAX/Amazon/Apple TV/Filmin/Disney+ e hambúguer. Nunca fui no Dallas do Cais, mas o dos Anjos é melhor!
Onde: No Dallas Burger Joint (Rua do Forno do Tijolo 26A)
Quanto? €10 - €15
Até semana que vem!
nuno.tibirica@dn.pt