Recém-inaugurado, Wave Gastrobar traz Bossa Nova ao vivo e mistura pratos de Brasil e Portugal
Restaurante foi inaugurado há pouco menos de um mês pela dupla de empresários paraenses Rodrigo Cunha e Altino Teixeira.
Texto: Nuno Tibiriçá
Os paraenses Rodrigo Cunha e Altino Teixeira viram potencial em ter um negócio na Calçada da Estrela, número 35, mesmo após o primeiro empreendimento da dupla por ali não ter tido os melhores resultados. Em Lisboa há pouco mais de três anos, onde, além de gerirem uma filial da rede de supermercados do Mini Preço na região de Benfica, a dupla de empresários também foi responsável por abrir uma filial do Outbêco naquele endereço.
Sem êxito em chamar a atenção de clientes na região, os dois resolveram mudar a rota e há pouco menos de um mês inauguraram o Wave Gastrobar no mesmo lugar. A casa traz o conceito da Bossa Nova desde o nome, uma homenagem à famosa música de Tom Jobim, até o som ao vivo que promove às quintas-feiras, dia no qual o DN Brasil visitou o restaurante e entrevistou os proprietários do espaço.
"Queríamos trazer a brasilidade para cá e Wave traz essa pegada internacional da Bossa Nova, é uma palavra que comunica com todo mundo. Essa região tem muitos estrangeiros, então acabou por ser uma opção que mantinha a nossa vontade de ser bem brasileiro, mas também dialogando com esse público", explica Rodrigo Cunha.
A mudança de Outbêco para Wave, desde a decoração, passando por cardápio e trâmites burocráticos, foi feita em "tempo recorde" de acordo com os próprios idealizadores. A dupla decidiu fechar a filial em agosto e, pouco menos de um mês, o Wave Gastrobar já estava pronto para o primeiro dia de trabalho - foi inaugurado no dia 20 de setembro.
Além de trazer entradas, pratos e drinks com ingredientes brasileiros, Rodrigo e Altino também queriam que o cardápio tivesse opções clássicas de Portugal. "Sinto que assim todos se sentem valorizados, tanto os portugueses como os brasileiros. E por incrível que pareça o que acontece mais é brasileiro pedir o bacalhau e o português pedir a picanha", afirma Altino.
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Para construir a parte portuguesa do menu, Rodrigo e Altino, até então com pouca intimidade com a culinária lusitana, tiveram a consultoria de quem entende da coisa: o chef Júlio Fernandes, responsável pela cozinha do premiado restaurante D’Bacalhau, deu o caminho das pedras de alguns dos principais pratos portugueses para a dupla. E uma dica preciosa:
"Ele nos cedeu a receita premiada da patanisca. Acabou que ficamos amigos, ele veio aqui na pré-inauguração que fizemos e fazemos questão de colocar o nome dele aqui na carta. O que ele fez com nós, ajudando nessa parte de criar um cardápio, foi um gesto muito bonito", conta Rodrigo, que garante ter tido bom feedback do público nesse primeiro mês de casa, mesmo com a concorrência da região.
"Aqui na zona da Assembleia tem muitos restaurantes então estamos tentando nos adaptar às necessidades da região para ter um destaque. Nós começamos da estaca zero, então leva um tempo para começar a ficar conhecido, até mesmo no Google e outros meios. Então, por ter sido algo mesmo do zero, acho que estamos satisfeitos com o resultado e penso que o público também", destaca Rodrigo.
O menu
Como dito pelos proprietários, a ideia do cardápio da casa foi de unir um pouco de Brasil e Portugal na experança de trazer ao Wave brasileiros, portugueses e turistas: "São muitos estrangeiros nessa região, é fundamental pensar nesse público também", afirma Altino.
Nas entradas portuguesas, além da patanista de bacalhau - feita com o lombo do peixe e que vale muito a pedida - há o clássico bolinho ou pastel de bacalhau. Por falar em pastel, na parte brasileira dos acepipes está ali o nosso tradicional pastel de vento. A porção vem metade recheada com queijo coalho e outra metade com ragú de costela.
Ainda nos aperitivos, o mais impressionante da casa: o bolinho de feijoada. Feito com feijão preto, bacon, couve e farinha de panko para simular a farofa, o bolinho vem acompanhado por uma impressionante maionese de laranja, que ajuda a cortar os ingredientes mais pesados e suaviza o aperitivo.
"Aqui a ideia foi realmente trazer um prato para o bolinho. Além do feijão, couve e bacon, trouxemos a farinha panko para, não só ser a farofa, mas também ela segura o bolinho e ajuda na apresentação. E a maionese é para ter a mesma função que tem a laranja na feijoada, trazer acidez ao prato", pontua Altino, antes da chegada do dadinho de tapioca com geléia de goiabada à mesa, outra boa opção para entrada.
Nos pratos principais, Rodrigo e Altino seguiram a linha das entradas, trazendo o melhor de lá e de cá. Picanha com queijo coalho de um lado e arroz caldoso com camarão e bacalhau à brás, do outro, são algumas das especialidades do menu. Já nas sobremesas, o Brasil domina, com opções como o quindim com sorvete de côco e o brigadeiro de colher.
Às quintas-feiras, tudo isso é acompanhado de música ao vivo, com a interpretação de clássicos da Bossa nova. Prestes a completar o primeiro mês de vida, o Wave pretende, em breve dar os próximos passos, como abertura ao almoço, samba aos sábados e, principalmente, trazer um pouco das comidas típicas do Pará, terra de Rodrigo e Altino, para o espaço.
"Ainda não conseguimos um fornecedor que nos garanta iss0, mas quando conseguirmos, pode ter certeza que vamos ter aqui o pato no tucupi, tacacá, jambu e outras especialidades paraenses", diz Rodrigo.
nuno.tibirica@dn.pt