Natalia "desengavetou" um sonho com apoio de programa para microempreendedores em Lisboa

Natalia "desengavetou" um sonho com apoio de programa para microempreendedores em Lisboa

Paulistana cria acessórios de moda em resina e, há um ano, conseguiu abrir a primeira loja física na capital portuguesa.
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Texto: Caroline Ribeiro

O colorido das peças criadas por Natalia Ludwig chama a atenção de quem passa pelo número 13 da rua Augusto Gil, no Areeiro, em Lisboa. Rosa, verde, laranja, azul, aplicados em acessórios como brincos, colares e pulseiras, em tons que combinam com a vivacidade da microempresária paulistana que encontrou na capital portuguesa a chance para despertar o "sonho engavetado" no Brasil.

A Fridali abriu as portas no ano passado, depois que Natalia participou do programa Lisboa Empreende +, uma ferramenta da Câmara Municipal de Lisboa para incentivar a criação de novos negócios na capital, com foco em micro e pequenos empreendedores. Pelo programa, Natália teve acesso a apoios em diversas áreas relacionadas à gestão de uma empresa e até a um financiamento inicial.

"Uma amiga minha empreendedora que também conseguiu me sugeriu e eu procurei as informações. Eu senti essa abertura. Não sei se no Brasil faria isso e aqui fui bem recebida. Se eles acreditam no negócio, se você demonstra que vai continuar, eles super apoiam", conta Natalia ao DN Brasil sobre a experiência.

Participar do programa foi o incentivo que faltava para que a paulistana de 33 anos, agora designer de acessórios de moda, concretizasse um desejo antigo. Antes da mudança para Portugal, Natalia acumulou experiências em administração e marketing de grandes marcas no segmento. Cinco anos atrás, veio a proposta. "Uma das minhas melhores amigas veio pra cá fazer mestrado e me chamou pra vir com ela. Sempre tive vontade de morar fora e ela me fez pensar. Decidi vir fazer um curso também, uma especialização em marketing de moda. E como decidi ficar depois do curso, tive que arranjar um emprego", conta.

A empreendedora começou a trabalhar com o público também no varejo, em uma marca nacional. "Tive muito contato com o consumo, hábitos das portuguesas, com a cultura e tudo mais. E foi assim que eu despertei o meu sonho engavetado do Brasil. Vi potencial de coisas diferentes, que aqui não tinha. Era sempre mais do mesmo. Falei, 'por que não investir agora?' e resolvi tentar".

Natalia aposta em cores vivas e acessórios em resina, pela versatilidade do material. Foto: Reinaldo Rodrigues / Global Imagens.

As cores de Natália

A aposta foi nos acessórios feitos de resina, pela versatilidade. "Por ser um material diferente, que não é aço, nem metal. Queria algo que impactasse, que trouxesse alegria para as pessoas. A resina pode molhar, é muito raro quebrar, pode até acontecer, mas no máximo vai ter uns arranhões. E as peças são super leves também, apesar do tamanho", ressalta.

Maxi brincos e colares dominam as vitrines da Fridali. Mas há também acessórios de cabelo, anéis, pulseiras. Tudo desenhado por Natalia, à base de muita cor. "Sempre gostei de cores, desde pequena. O que eu mais gosto de fazer é ver o que combina com o que. Também fiz um curso de consultoria de imagem, com uma parte focada só em coloração pessoal".

Até conseguir o apoio do Lisboa Empreende +, a empreendedora percorreu "um processo demorado" para começar a entrar no mercado. "Já comecei a fazer algumas feiras, eventos para a marca ficar mais conhecida e também vender pela internet". Com a abertura da loja física, veio uma outra etapa a ser superada. "Os desafios são enormes e diários, o maior é você manter o negócio, além das contas, e sempre ter que trazer novidades, sempre ter que estar atualizado, se adaptar ao mercado", explica.

Natalia é uma empresa de uma funcionária só. Está de segunda a sexta pessoalmente na loja. Abre, atende, contabiliza, cuida das redes sociais e sempre encerra o expediente com a sensação de missão cumprida. "Ainda mais por ser uma imigrante, tenho também que conhecer a outra cultura. É preciso ter uma constância de todas as partes da empresa. Tenho alguns parceiros, mas tudo eu resolvo sozinha", ressalta.

Em um ano, a brasileira já consegue ver os resultados. Conta ter um "mix" de clientes entre portuguesas, brasileiras e outras estrangeiras e que o feedback tem compensado a rotina puxada. "Algumas ficam até eufóricas quando veem. Falam 'que coisa linda, dá até vontade de comer', já me falaram isso. É muito gratificante, parece que estou fazendo um bom trabalho".

O reconhecimento é impulso para o próximo passo, ainda que sem pressa. "A minha ideia agora é expandir para outros países. Tenho até uma parceira que está na França e levou algumas peças para a loja dela lá. Então quem estiver aí na França já pode encontrar Fridali. Mas essa é a minha ideia, expandir, focar mais no online, para as pessoas realmente conhecerem a marca", conta a brasileira, com a confiança de que seguirá espalhando cores por aí.

caroline.ribeiro@dn.pt

Para mais informações sobre o Lisboa Empreende +, consulte o site do programa.

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