Mudança para Portugal com pets exige planejamento: preparação de documentos pode levar seis meses
Os documentos exigidos por Portugal para entrada de cães ou gatos vindos do Brasil seguem as diretrizes da União Europeia. Ao chegar, também há exigências que precisam ser cumpridas, como registro dos animais nas juntas de freguesia.
Texto: Caroline Ribeiro
O começo de um novo ano vai se aproximando e, com isso, chega a hora de traçar as próximas metas da família. Se a mudança para Portugal for uma delas, organização com antecedência é a única opção para tentar garantir que vai dar tudo certo. A viagem só com seres humanos já exige bastante planejamento, mas, quando também vão embarcar os "quase humanos", a preparação torna-se ainda mais rigorosa.
A médica veterinária Danielle de Simon Sinigaglia, de São Paulo, trabalha há sete anos acompanhando famílias que deixam o Brasil com seus pets. "O ideal é que faça o processo com cinco a seis meses de antecedência da viagem e procure o veterinário para passar as orientações adequadas para cada etapa", explica ao DN Brasil.
Segundo Danielle, os documentos exigidos por Portugal para entrada de cães ou gatos vindos do Brasil seguem as diretrizes da União Europeia. São eles:
- Microchip;
- Vacinação contra raiva;
- Exame de sorologia de raiva;
- Atestado de saúde geral do animal e emissão do Certificado Veterinário Internacional (CVI).
A obtenção de cada um não é imediata. "A gente tem um período a respeitar, por exemplo, entre a vacina e coleta da sorologia de pelo menos 30 dias. Depois tem uma quarentena de 90 dias", explica a veterinária.
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Danielle ressalta que a parte burocrática obrigatória não é a única a exigir organização. Os cuidados para que o animal viaje em segurança também passam pelo conhecimento das exigências da empresa aérea escolhida. "Cada companhia tem a sua regra, mas a maioria permite animais na cabine até os oito quilos e no porão até 45 quilos com a caixa. Quando for comprar a passagem, entrar em contato com a companhia para ver as regras naquele momento. Muitas vezes há mudanças", explica.
A adaptação à caixa de transporte deve ser feita antecipadamente, para evitar estresse nos animais. Além disso, a veterinária lembra. "Um animal no porão do avião é responsabilidade da companhia aérea". Por isso, conhecer as políticas de transporte da empresa é fundamental. "Procure auxílio veterinário, de pessoas especializadas, que saibam acompanhar todo o processo", diz Danielle, "para minimizar riscos", completa.
Obrigações ao chegar
Levar o animal de estimação junto garante que a adaptação no novo país, muitas vezes um desafio, vai ser melhor. "Essa construção de vida em outro país, sem o animalzinho que faz parte da família, seria muito difícil. Isso já é um desafio emocional, você emigrar, independente de qual seja o contexto", afirma a cearense Delânia Malveira, que trabalha com consultoria para mudança para Portugal, o chamado relocation.
Delânia conta estar atendendo cada vez mais famílias com pets e explica que, nestes casos, garantir boas condições de estadia também para os bichinhos passa a ser uma etapa importante do trabalho. "Quando os clientes têm pets, eu digo: é a casa da Gaia, ou a casa da Maggie, ou a casa de seja lá qual for o nome do pet, e a gente trabalha em função dele. A gente entende que eles são a prioridade. Temos que tê-los muito bem instalados, pra gente conseguir ter juízo para trabalhar e pagar as contas no lugar onde vai viver, né?", diz a cearense, com bom humor.
Para isso, encontrar um imóvel que atenda ao perfil da família é fundamental. "A gente tem que entender se aquele ambiente é propício ao animal. Se é um lugar em que ele vai ser bem-vindo. Ou seja, eu tenho que entender do regulamento do condomínio. Se não tem nenhuma restrição", explica Delânia.
Em seguida, vem o cumprimento das exigências após a chegada, que pode trazer algumas surpresas. "O limite de animais domésticos em Portugal é de cinco", diz, contando o caso de um casal que já se mudou com quatro gatos. "Aqui, só podem ter mais um. Mas a gente coloca tudo no cronograma da consultoria que é feito antes da viagem", explica.
Delânia e a equipe incluem todas as obrigações prévias no plano, até mesmo os lembretes dos procedimentos que devem ser feitos pelos veterinários ainda no Brasil. Já em Portugal, orienta sobre o que é obrigatório. "Também depende de cada cidade. Aqui em Lisboa, é necessário ir à junta de freguesia registrar o animal", explica. Além disso, cães que fazem parte da lista de raças consideradas potencialmente perigosas no país, como o fila brasileiro, dogue argentino e o pit bull terrier, precisam de uma declaração específica emitida pela junta de freguesia. Outra obrigação é atualizar as informações do microchip implantado no Brasil. "Isso se faz já indo a uma clínica veterinária em Portugal", explica Delânia.
caroline.ribeiro@dn.pt