Mercados “do Brasil” em Lisboa dobram vendas neste Natal
Longe de casa e da família, garantir produtos típicos na mesa de Natal é a aposta que muitos brasileiros fazem para passar as festas de fim de ano mantendo as tradições de origem.
Texto: Caroline Ribeiro
Ainda faltavam seis meses para o Natal quando a empresária Anni Broietti e o marido, donos da rede Mercado Brasil Tropical, fizeram as encomendas dos primeiros panetones à venda neste período, para garantir que iam chegar a tempo. “Em junho, já começa a ter a organização para o Natal. Como algumas mercadorias vêm do Brasil, tem que ter antecedência. O panetone, logo que é fabricado, vem para cá, direto. Nas fábricas, os primeiros que saem vão para a exportação”, explica a imigrante ao DN Brasil.
Esta é só uma amostra do peso que o Natal tem nas vendas das lojas de produtos típicos. É quando os brasileiros mais investem no “mercado da saudade”, conceito que explica a procura por artigos tradicionais do país de origem. “Dias 23 e 24 são mesmo uma loucura. Porque a gente sabe como é que é, né? Muitas pessoas deixam para a última hora. E são pessoas que fazem ceia, querem tudo tipicamente brasileiro”, completa Anni.
Panetones, farofa e linguiça calabresa estão no topo das vendas neste período. Anni conta que sempre reforça os estoques dos produtos mais procurados na época, mas sem deixar de lado a preocupação com a qualidade. “O ano passado a gente teve o tender. Não vem do Brasil, porque não é permitido entrar, mas tivemos um que era fabricado aqui muito bom. Esse ano, estava com uma péssima qualidade, não vamos colocar ali um produto só por vender”, explica.
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A rede Mercado Brasil Tropical tem sete lojas em Portugal, a principal delas é a que fica em Arroios, em Lisboa, que está com decoração especial para o Natal. Uma árvore com caixas de panetones e um simpático papai noel recebem os clientes.
Poucos metros adiante, outra vitrine em clima de natal e com as cores que já indicam o que aqui se vende. Na loja Made in Brazil, dezembro é o mês de maior faturamento, que chega ao dobro. “Nessa época o pessoal está realmente querendo matar aquela saudade de casa, querendo lembrar daquela ceia. Por isso que a coisa realmente se avoluma assim. Elas procuram não é só um produto, é também ter aquele momento que ligue a sua tradição e tudo mais”, conta a proprietária, Rozana Guimarães Pinto, ao DN Brasil.
Assim como a vizinha, Rozana também começa os preparativos para as vendas do Natal ainda no primeiro semestre do ano, contando com o apoio do marido, que tem uma importadora, para garantir que os produtos que vêm do Brasil não vão se atrasar. Polpas de fruta, creme de leite e leite de côco estão no topo de vendas juntos com os tradicionais panetones e farofa.
Agora, nos últimos dias antes do Natal, vai apostar na estratégia que já faz parte da rotina e que todo cliente adora: promoções. “Até o último dia vai ter campanha do panetone. Tenho sempre na loja, mas no Natal tem um pouquinho mais. Eu tenho um balcão, que é o balcão das promoções. Tenho pessoas que só vão pra entrar naquele balcão”, conta.
No dia 25, as duas lojas fazem feriado, seguindo a tradição do comércio em Portugal. Depois disso, voltam para encerrar o ano com os produtos para as festas de Reveillon, mas mal 2025 entre já vão começar a organizar a segunda maior época de vendas: “as duas temporadas imbatíveis pra gente são o Natal e a Páscoa, diz Rozana. “A gente já começa em janeiro a planejar tudo para a Páscoa”, completa Anni.
caroline.ribeiro@dn.pt
Este texto está publicado na edição impressa do Diário de Notícias desta segunda-feira (23).