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Mário Maluco, o empreendedor da Amazônia com alma carioca que quer "conquistar a Europa"
"Mário Maluco", como o próprio se apresenta, é o responsável pelo restaurante Palaphita, em Cascais. Foto: Paulo Spranger / Global Imagens

Mário Maluco, o empreendedor da Amazônia com alma carioca que quer "conquistar a Europa"

Conheça a história do empresário dono do Palaphita, restaurante nascido no Rio e agora também com uma casa em um dos lugares mais especiais de Cascais.

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por DN Brasil

Texto: Nuno Tibiriçá

O sucesso do restaurante Palaphita, em Cascais, só não é maior que a ambição de Mário de Andrade Netto, conhecido, como o próprio revela, por "Mário Maluco". Empreendedor feroz, Mário tem longa bagagem no ramo e a missão agora é "conquistar a Europa". Nascido em Manaus, se mudou para o Rio de Janeiro ainda adolescente, vivência que se nota logo no sotaque carioca do manauara. Trabalhou com catering em grande parte da vida, fazendo banquetes para eventos como Fórmula Indy, festivais de música e até para o papa João Paulo II. As recordações, no entanto, não são das melhores.

"Era uma vida infeliz, um inferno. Telefone tocando toda hora, minha mulher grávida, não via meu filho... aí larguei a empresa de banquete na mão dos meus irmãos e resolvi abrir um outro negócio, ter uma vida mais linear, mais tranquila", diz o empresário que, após abrir mão da empresa de banquetes, inaugurou o primeiro Palaphita, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.

Restaurante de sucesso na cidade fluminense, o Palaphita, uma legítima casa amazônica, tanto na gastronomia, quanto no conceito eco-friendly, ainda teve outras unidades ao longo das últimas décadas, mas manteve apenas uma no Aeroporto do Galeão. Em 2021, em meio a pandemia, Mário já cansado da "falta de civilidade" no Rio de Janeiro, resolveu trazer o empreendimento para o outro lado do Atlântico. A difícil situação de Portugal e do mundo que vivia a maior crise sanitária da história moderna, não fez o empresário esmorecer.

"Quando o cabra é empreendedor, não tem tempo ruim. Todo dia você encara, 20, 30, 50 desgraças. E o homem só é grande quando ele consegue suplantar as barreiras. No dia seguinte, todo mundo acorda, pode quebrar, pode falir. Mas quando acorda, nasce o sol, tem esperança, tem brilho. Quem tem o tino empreendedor, não tem tempo ruim", conta Mário Maluco, o judeu de metre, católico de batismo, mas que tem o Candomblé como religião. Quando recebeu a reportagem, o empresário usava branco, no Dia de Xangô: "Sou um culto ecumênico", diz.

O lugar escolhido para abrir o Palaphita em Portugal foi Cascais. O restaurante do brasileiro fica na Casa da Guia, em um ambiente tomado pela natureza e que reúne as mesmas características focadas no meio ambiente que consolidaram o nome do Palaphita no Rio de Janeiro. Na clientela tem de tudo, mas especialmente turistas e brasileiros, muitos que vivem e, assim como Mário, empreendem por ali: a região de Cascais tem se tornado grande pólo de empreendedores de todas as partes do mundo, muitos vindos do Brasil.

"Sinto que chegou uma galera rica do mundo inteiro aqui em Cascais. Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Japão, China... e eles estão acostumados a comprar serviços de primeira qualidade nas melhores cidades do mundo. E aqui (Portugal) é um pouco atrasado ainda na qualidade dos serviços, é uma economia pequena, tem muita brecha, muita lacuna para prestação de serviços. Acaba vindo muita gente. Fora a beleza: olha ao seu redor para isso aqui", fala admirado Mário olhando para as árvores, as rochas e o mar.

O carinho de Mário por Cascais é tanto que faz o empresário apelar aos seus entes e queridos e colegas de profissão do Rio de Janeiro, que considerem uma mudança de país. "Eu amo o Brasil, tenho o maior orgulho de ser brasileiro, amo o Rio, fui para lá com 16 anos. Mas o que eu peço para as pessoas que eu amo e para as pessoas que eu conheço que empreendem é: saiam daí. Me considero o mais carioca dos amazonense, mas não posso ficar olhando para trás. Por bem ou por mal eu sou um empreendedor, eu sou um capitalista, lá não tem mais lugar para empreendedor. Para mim o melhor é estar aqui. O melhor lugar do Brasil é Cascais", afirma.

"Os bons portugueses da restauração estão na Suíça pra me receber"

Mário é um provocador implacável. Perguntado sobre quantos eram e as origens dos funcionários do Palaphita, sobrou para os portugueses. "Em torno de 35 funcionários, sendo que brasileiro aqui nada com pau. Também muita gente da África, de países de língua portuguesa. Português, muito pouco: os bons portugueses da restauração estão na Suíça para me receber quando eu for a Zermatt", afirma.

Por falar na Suíça, a ideia de Mário é expandir o negócio para outros países. De momento, uma nova unidade do Palaphita está garantida, a poucos quilômetros da primeira casa em solo português. O empresário está prestes a abrir uma delicatessen em São Pedro de Estoril, que contará com 80% produtos do Palaphita, sempre com foco na Amazônia. A ideia depois é abrir em outros países da Europa.

Um dos sonhos de Mário é levar o conceito amazonense do Palaphita para um lugar completamente diferente do ecossistema de seu estado natal. O manauara pensa em em fazer um projeto focado no inverno, em alguma região que neve, tendo entre suas possibilidades Barqueira Beret, na Espanha, ou alguma estação de esqui em Andorra. Em Portugal, a cena praiana está bem representada:

"Essa região nossa é como a Califórnia rica, Laguna Beach e Newport Beach. Falésias, mar, ciclovia. A única diferença é que lá eles usam lajota e aqui eles usam pedra portuguesa. Mas até o cheiro aqui é igual o da Califórnia, igual o de Malibu e Santa Bárbara", diz o sempre entusiasmado empresário que conhece o mundo todo.

O novo menu

História contada, é hora de falar de comida. O Palaphita de Cascais muda o menu a cada estação e, no verão, a chef-executiva Natacha Fink, irmã de Mário, apostou em receitas que trazem um mix entre a culinária amazonense e portuguesa, por vezes até inserindo uma influência oriental.

Entre os pratos principais, um dos destaques é o Arroz Marajoara (camarão, pimenta de Sichuan e cachaça de jambu). "O jambu amazônico é uma erva que abre as papilas gustativas e imprime uma sensação divertida de formigamento na boca", explica a Natacha. O formigamento, aliás, sente-se (e muito!) na hora de degustar o prato.

Outro dos carros-chefes da temporada de verão no Palaphita é a Caldeirada do Mar (caldeirada à brasileira de peixe e frutos do mar com pirão escaldado, farofa de alho e arroz). O peixe, cozinhado com precisão, simplesmente transporta o cliente para uma refeição em uma praia do Norte ou Nordeste do Brasil.

Dadinho de tapioca e o bolinho de macaxeira com queijo coalho seguem sendo das principais entradas no estabelecimento: dois quitutes fritos com categoria, nos quais, o difícil, é não querer pedir mais. A chef também incluiu no menu de verão alguns sanduíches especiais como o Do Pasto (rosbife de lombo, folhas da horta, vinagrete do Pala e maionese de castanha com jambu). Repartido, também configura uma boa entrada.

Nas sobremesas, doces típicos do Norte do país complementam a experiência. Ficam as recomendações do Bolo quente (tapioca com goiabada servido com lascas de coco e molho de coco, canela e baunilha) e o Carimbó (creme de cupuaçu com chocolate, biscoito crocante e castanhas tostadas da Amazónia).

Nos finais de semana, o eco-lounge do Palaphita fica cheio, não só pela comida e localização agradável, mas também porque, assim como no Rio de Janeiro, Mário investe na programação musical: "Investimos mais de €100 mil por ano nisso, somos talvez um dos principais contratadores da região. Três Dj´s entre sexta, sábado e domingo mais as bandas, muito samba, mas também covers, música internacional, tem de tudo", conta Mário.

O Palaphita Cascais fica na Casa da Guia, mais precisamente na Avenida Nossa Senhora do Cabo, 101. A casa abre todos os dias da semana, do meio-dia até às 23h.

Confira mais fotos do Palaphita, tiradas pelo fotojornalista Paulo Spranger.

nuno.tibirica@dn.pt

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