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Marcos Caruso: "em Portugal, não sou mais 'aquele ator da Globo', sou um ator de teatro"
Marcos Caruso conversou com o DN Brasil no palco onde estreia, em Lisboa, a peça Cheque-mate. Foto: Leonardo Negrão.

Marcos Caruso: "em Portugal, não sou mais 'aquele ator da Globo', sou um ator de teatro"

Caruso se prepara para estrear Cheque-Mate, comédia, adaptada do sucesso brasileiro Caixa Dois, que marca a primeira vez do ator em uma produção 100% portuguesa. Em conversa com o DN Brasil, o brasileiro fala sobre a carreira e sobre as "surpresas" de ser, agora, um morador de Lisboa.

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por DN Brasil

Texto e entrevista: Caroline Ribeiro

Com 51 anos de carreira, Marcos Caruso enfrenta, atualmente, "um grande desafio". O ator faz parte do elenco da peça Cheque-Mate, que estreia neste sábado (21) em Lisboa. O roteiro é uma adaptação da famosa comédia brasileira Caixa Dois, escrita por Juca de Oliveira, e marca a primeira vez de Marcos Caruso em uma produção 100% portuguesa.

O ator está morando em Lisboa e vai ficar por cerca de nove meses, tempo em que a peça vai percorrer Portugal. Marcos Caruso recebe o DN Brasil para uma conversa no palco. Mostra o cenário, conta os detalhes sobre a empreitada, fala sobre o encantamento com a vida lisboeta e diz ter orgulho de ser reconhecido no país "como um ator de teatro".


Como foi a preparação para esse momento inédito na sua carreira, estar em cartaz em uma produção totalmente portuguesa?

Quando me foi feito o convite, achei um grande desafio na minha carreira. Ao mesmo tempo, privilégio. Quando eu leio o texto em português de Portugal, vejo que as palavras são iguais, mas a forma de falar, a pronúncia portuguesa é diferente da brasileira, como a brasileira é diferente da portuguesa. Ensaiar com um elenco português é diferente de você ler um texto em português de Portugal. Isto está sendo uma experiência inovadora, que coloco como um presente, como uma cereja do bolo da minha carreira. Mas eu acho que quem ganha com tudo isso não sou apenas eu, e não apenas os atores portugueses com os quais eu contraceno, porque há uma troca. Quem ganha mais é o público, que vê que nós podemos nos misturar na arte também. Isso acontece muito na televisão, música, cinema, no futebol, mas no teatro poucas vezes isso acontece. O público vai ganhar muito com essa parceria. 

Para o seu personagem, tem alguma palavra que você tem que falar da forma como ela é usada aqui em Portugal?

Meu personagem fala o português do Brasil. É um brasileiro que é presidente de um banco em Portugal. Tem vários momentos na peça em que ele se utiliza de palavras do português de Portugal para conversar, ou xingar, ou seduzir. Como é uma comédia, isso tem muita graça.

Com você no elenco há um grupo de atores com um forte nome aqui em Portugal, com alguns você até já tinha uma relação antes.

Sim, é o caso da Sara Barradas, do Rui Unas e do José Raposo, que fizeram o Trair e Coçar, que foi um imenso sucesso aqui. Eu conheci a Carla Andrino também, porque ela já fez novelas no Brasil. Quem eu não conhecia verdadeiramente era o Ivo Lucas, que eu conhecia como cantor, mas não conhecia como ator. Estamos em família, não apenas porque estamos no mesmo palco, mas porque temos essa familiaridade de relacionamento. O mais importante é essa troca de talentos. Considero o Raposo, a Carla e o Unas como grandes talentos de atuação. Eu não podia estar em melhor companhia.
Marcos Caruso estreou no teatro no Brasil em 1973. Foto: Leonardo Negrão.

A peça vai passar por Lisboa, Porto e outras cidades. Vai ser a primeira vez que você vai ter a chance realmente de ser uma pessoal local em Portugal?

Eu já vim várias vezes, mas nove meses direto vai ser a primeira vez. Eu gosto de gente, sou curioso pelo ser humano. É vivendo e sentando num café, ou numa praça, andando por um lugar, frequentando aquela farmácia, aquele supermercado, que você vive no local. Isso para mim está sendo uma outra grande experiência. Das outras vezes eu ficava hospedado em hotéis, mas agora não. Tenho uma casa, compro material de limpeza, falo com as pessoas. Isso é viver Lisboa.

Alguma coisa te surpreendeu nesse "funcionamento" do dia-a-dia aqui?

Quando o cara vai anotar o quanto você gastou de água, se você não está em casa pode deixar anotado para ele na porta. Esse tipo de confiança, que nós não temos no Brasil, é uma coisa que me surpreendeu. Você levar o lixo e colocar na rua, no dia específico daquela recolha, também é uma coisa que me surpreende.
O ator conversa com o DN Brasil no palco do Auditório dos Oceanos. Foto: Leonardo Negrão.

Tem algum dos seus personagens que você sinta que seja mais marcado aqui em Portugal?

Eu acho que Intimidade Indecente fez um sucesso muito grande porque eu vim aqui por quatro vezes. Foi uma peça que foi vista por gerações diferentes, tocou muitos portugueses. Na televisão, eu não tenho dúvida, porque eu sou abordado na rua, foi por Páginas da Vida, uma novela que fui muito assistida aqui. O meu personagem foi marcante no sentido de emocionar o público. Outra, que foi por divertir, que foi o personagem mais popular que eu já fiz, inclusive, que foi o Leleco de Avenida Brasil. Mas o que eu tenho mais orgulho é que o público português hoje não fala 'olha aquele ator da Globo', fala 'é aquele ator de teatro que já veio cá várias vezes e é por causa dele no teatro que nós vamos rever essa peça'. Então, o meu orgulho maior é ser reconhecido pelo público português como um ator de teatro.

E você, agora, comemora 51 anos de carreira!

Nada melhor do que você comemorar com esse texto de Juca de Oliveira, um clássico da comédia de costumes. Nós estamos falando de relações humanas, de poder, de afeto, de corrupção, que acontecem em todos os países do mundo. A direção é do [Carlos Artur] Thiré, que é uma deliciosa direção. A adaptação é importantíssima. Quando você adapta um texto para outros costumes, até da mesma língua, você tem que conhecer profundamente os costumes da língua e a forma de dizer, as gírias e os modos de falar. E o Henrique Dias fez uma brilhante adaptação. A produção é da UAU e da Plano 6, que nos dão condições de fazermos um ensaio no cenário durante 20 dias antes da estreia. Isso é quase impossível. No Brasil é impensável. Nos ajuda muito, porque não temos que ficar criando espaços, está tudo sob medida para nós estrearmos dia 21 com grande sucesso. Tenho certeza disso que vai acontecer, porque foi um sucesso extraordinário no Brasil.

  • Cheque-Mate fica em cartaz até o final de setembro, de quarta a domingo, no Auditório dos Oceanos, no Casino Lisboa. As próximas datas ainda vão ser divulgadas. Ingressos podem ser adquiridos aqui.

caroline.ribeiro@dn.pt

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