A mãe do imigrante Bruno Carvalho veio visitar o filho em Lisboa e comemorar o aniversário de 59 anos. O avião chegou na segunda-feira, 15 de dezembro, pela manhã, com o objetivo de ainda ter o dia todo para celebrar. Mas grande parte do tempo foi passada em pé, na longa fila da imigração no aeroporto de Lisboa. Ao DN Brasil, ele relata que foram mais de cinco horas de espera, com a saída apenas no fim da tarde.Os dois iam se comunicando por mensagens. Ela disse ao filho que havia apenas dois guichês funcionando para um salão repleto de pessoas. “Alguém tinha uma garrafa de água e dividiu com crianças na tampa de uma mamadeira, idosos deitados, pessoas deitadas”, relatou.Ele não era o único esperando. No saguão do aeroporto, muitas pessoas também estavam ansiosas. “Já tinha passado um pouco a emoção de ver minha mãe e veio a frustração de vê-la naquela situação. Quando ela saiu pela porta, foi mais um alívio por ela ter passado por aquilo do que por ter chegado a Portugal”, conta o imigrante.Nessas longas horas, o brasileiro fez amizade com pessoas que estavam na mesma situação, assim como a mãe, na fila. “Ela fez amizade lá dentro e eu lá fora. Tinha um pessoal esperando fazia três horas pela filha brasileira; era um português e uma brasileira. A filha da mulher ainda estava na fila e depois eles ainda iam para o Algarve. Ninguém se conhecia, a gente se juntou e ficou se confortando”, relata o imigrante.Quando a aniversariante finalmente passou pela porta, foi recebida com um caloroso “parabéns pra você”, acompanhado de palmas. “Foi muito lindo”, resume o jovem, que terá a companhia da mãe durante as festas de fim de ano e no mês de janeiro.Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsAppA mesma demora aconteceu com a sogra da brasileira L.B.A., que chegou às 14h40 e só passou pela imigração às 19h18. “Um verdadeiro absurdo, minha sogra tem 75 anos. Até os próprios policiais, quando perguntaram a algumas pessoas que estavam na fila a que horas o voo tinha chegado, ficaram constrangidos”, relata a imigrante ao jornal. Já a entrevista no guichê foi rápida: apenas dois minutos.Segundo a brasileira, a idosa questionou por que não era respeitada a prioridade para pessoas com mais de 65 anos. “Ela perguntou se não teria prioridade e eles responderam que a prioridade aqui é diferente do Brasil; aqui, para ela ter prioridade, teria que ter um atestado médico”, afirma a nora. Ela diz que das outras vezes em que veio passear nunca houve uma demora superior a duas horas.A situação caótica continuou nesta terça-feira, 16 de dezembro. A brasileira Giovana Lopes conta ao DN Brasil que a mãe ficou 7h30 na fila. “Só tinha três pessoas nas cabines”, destaca. Depois da demora e da confusão, a mala da passageira foi extraviada, mas finalmente está com a filha para celebrar Natal e Ano Novo."Capacidade máxima"O DN/DN Brasil questionou a Polícia de Segurança Pública (PSP) sobre o número de profissionais nos guichês de atendimento. No entanto, não obteve resposta. À Lusa, a PSP afirmou que trabalha “na capacidade máxima”. A força de segurança explicou ainda que a demora é causada por uma “dificuldade técnica no sistema de controlo de fronteiras” e que não é da responsabilidade da PSP.A ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, reconheceu em reunião no Parlamento esta tarde que a situação se agravou nos últimos dias e que a entrada em vigor das novas regras de entrada “correu muito mal”. O sistema começou a operar no dia 12 de outubro, apresentando problemas desde o início. A Embaixada dos Estados Unidos chegou a alertar publicamente sobre as demoras.O Governo criou uma força-tarefa para gerir a crise, ainda não solucionada. Nesta semana, especialistas da Comissão Europeia chegaram “de surpresa” ao aeroporto para avaliar as condições de segurança e os procedimentos. De acordo com um esclarecimento enviado pelo Sistema de Segurança Interna (SSI) ao DN, estão a ser verificados aspectos como o funcionamento dos sistemas informáticos de larga escala aplicáveis no âmbito do acervo de Schengen, em particular o Sistema de Informação Schengen (SIS) e o Sirene, os procedimentos de fronteira (1ª e 2ª linha), recursos humanos, formação e análise de risco.amanda.lima@dn.pt.O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil..Problemas técnicos no controlo de fronteiras provocam horas de espera no aeroporto de Lisboa.Fronteiras. Segurança Interna confirma inspeção europeia no aeroporto e no porto de Lisboa