Mala recheada: o que pode vir na bagagem do Brasil para Portugal?
Um "contrabando" cheio de saudade faz parte da vida dos expatriados. Alimentos, temperos, remédios... o transporte é permitido, desde que respeite as regras sanitárias e alfandegárias de Portugal e da União Europeia.
Texto: Caroline Ribeiro
Flocão de milho, feijão de corda, farinha de mandioca, arroz branco, sabão em pó, perfume tradicional de bebê e alguns medicamentos são os produtos que vieram na minha última mala de Fortaleza para Lisboa. Afinal, quem não aproveita uma viagem ao Brasil para voltar com a mala cheinha de coisas que a gente ama e sabe que trazendo de lá é melhor?
Esse "contrabando" cheio de saudade é permitido, desde que respeite as regras sanitárias e alfandegárias de Portugal e da União Europeia. Vamos a elas!
- Alimentos permitidos: alimentos secos, embalados industrialmente e selados, como farinhas, feijão, arroz, café, erva-mate, especiarias e temperos secos como pimenta, cúrcuma, orégano, são geralmente permitidos se estiverem devidamente embalados e rotulados (misturas que contenham carne ou produtos de origem animal são proibidas). Doces, como goiabada, cocada, doce de leite industrializado, além de outros produtos processados e não perecíveis, como biscoitos e chocolates.
- Alimentos proibidos: carnes, embutidos (salames, linguiças) e produtos de origem animal não processados industrialmente. Leite, queijos frescos e outros derivados de leite cru e produtos caseiros, como conservas e compotas não industrializadas.
- Plantas: plantas e sementes precisam passar por um rigoroso controle, para evitar que pragas e doenças sejam levadas de um país para o outro. É necessário obter um certificado fitossanitário emitido pelo Ministério da Agricultura do Brasil para que uma plantinha ou semente possa viajar, mas, ainda assim, algumas espécies são proibidas e o transporte sem certificado pode resultar em multas ou apreensão.
Tanto para alimentos quanto para plantas, os produtos transportados devem ser para consumo pessoal, em quantidades que não indiquem fins comerciais. Preservar cada artigo na sua embalagem original, com os rótulos visíveis, é importante caso haja necessidade de apresentação na alfândega.
Medicamentos
Remédios podem ser transportados em quantidade suficiente para uso pessoal ou para o tempo que durar o tratamento. Em todo caso, é imprescindível viajar com a receita ou outro relatório médico que comprove a necessidade e justifique a quantidade. O documento deve especificar o nome do medicamento, dosagem e motivo do uso.
Medicamentos controlados, com substâncias classificadas como psicotrópicas ou entorpecentes (por exemplo, alguns calmantes e analgésicos opiáceos) podem exigir uma autorização prévia do Infarmed, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde de Portugal, que funciona como uma espécie de Anvisa do país. Além disso, é aconselhável pedir ao médico uma declaração específica sobre a recomendação de tratamento do paciente.
É importante transportar os medicamentos em suas embalagens originais, com as indicações do nome do paciente e posologia também visíveis e acessíveis. Os remédios que são de uso essencial podem ser carregados na bagagem de mão, como insulina, para pressão arterial.
Atenção aos medicamentos de uso veterinário. Se o seu animal de estimação faz uso de algum remédio, mantenha a embalagem original e, assim como para os humanos, transporte junto a receita do veterinário.
Para se certificar sobre as substâncias proibidas em Portugal, consulte o site do Infarmed.
caroline.ribeiro@dn.pt