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Hungria prepara show em Lisboa com orquestra portuguesa: "Nunca imaginei pisar em um lugar desses"
Em turnê pela Europa, Hungria se prepara para apresentação neste sábado (9), em Lisboa. Foto: Gerardo Santos

Hungria prepara show em Lisboa com orquestra portuguesa: "Nunca imaginei pisar em um lugar desses"

Em entrevista ao DN Brasil, rapper brasileiro deixa um recado especial os imigrantes em Portugal: "Para quem mudou para cá: é trabalhar com dedicação e com fé, porque cair é normal. Mas levantar do chão também é".

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por DN Brasil

Texto: Nuno Tibiriçá

Gustavo da Hungria Neves escolheu seu primeiro sobrenome como nome artístico quando começou a dar seus primeiros passos na carreira. Rapper desde os 13 anos, já como Hungria Hip Hop gravou o seu primeiro álbum de estúdio, Hip Hop Tuning, em 2009 e começou a aparecer de vez para o cenário internacional em 2017, quando estreou fora do Brasil com shows nos Estados Unidos e no Japão.

Agora em turnê pela Europa, o artista se prepara para tocar em Lisboa no próximo sábado (9). Hungria tem encontro marcado com o público às 21h30, quando apresenta o espetáculo Atmosfera no emblemático Coliseu dos Recreios, no centro da cidade, na companhia de uma orquestra portuguesa.

"Quando comecei, eu não me imaginava nem andando de avião, ía me imaginar pisando num lugar desses? É uma obra de arte, nem nos melhores sonhos dava para imaginar um cara da quebrada aqui. Lugar que carrega uma história que a gente nem imagina, um bagulho muito louco", diz Hungria, brasiliense de Ceilândia (DF), em conversa com o DN Brasil realizada na própria sala onde o artista irá se apresentar no sábado.

A ligação de Hungria com rap começou justamente no lugar onde nasceu. Cidade-satélite de Brasília (DF), Ceilândia foi o berço de diversos jovens que, assim como Hungria ambicionaram um dia se tornarem artistas de rap. O brasiliense conta que, em comparação aos tempos nos quais deu seus primeiros passos na música, o rap passou por uma transformação grande no Brasil: o que antes era algo muito marginal aos olhos da sociedade, foi ganhando cada vez mais espaço e se popularizando ao redor do país. Daqueles tempos, afirma não ter grandes nomes que o inspiraram, mas sim referências do que acontecia a sua volta.

"As minhas músicas giram muito em torno daquilo que eu vivi, dos rolês que eu frequentei. É difícil pensar em nomes, ouvia de tudo, desde Zé Ramalho e Alceu Valença, que minha mãe escutava, até o Mano Brown, que é um cara de uma inteligência absurda. Mas no geral, foi muito do que vivi no dia a dia. Acho que hoje em dia é um pouco diferente, rolou uma disseminação do rap muito maior: quando cresci, era algo de nicho e alvo de muito preconceito. Absorvi minhas referências na comunidade, na rádio e na televisão não tinha essa popularidade de hoje em dia", afirma.

Terceira vez em Portugal

Está será a terceira vez que Hungria se apresenta na terrinha e o contato com o país já faz o artista passar a conhecer alguns nomes do cenário do rap daqui. Destes, destaca Soraia Ramos, cantora de origem cabo-verdiana com quem ambiciona em breve formar uma parceria: "A Soraia tem uma musicalidade absurda, achei o trabalho dela animal. Já até entramos em contato com ela, tivemos uma resposta e se Deus quiser vem aí um feat em breve", revela.

Além dos shows de Atmosfera, a turnê de Hungria pela Europa também está sendo filmada para um documentário do artista. As apresentações do rapper pelo Velho Continente, aliás, traz um conceito inovador, o qual já teve a oportunidade também de mostrar em diferentes estados do Brasil. Em Atmosfera, Hungria apresenta suas conhecidas batidas acompanhadas de uma orquestra tradicional.

Após show que teve a participação do Maestro João Carlos Martins em gravação feita em São Paulo, Hungria levou a iniciativa para o mundo, trazendo sempre orquestras convidadas do país de origem no qual se apresenta: foi assim com a orquestra belga em Bruxelas e a catalã em Barcelona na última semana e assim será no sábado em Lisboa e no dia seguinte em Londres.

"Estamos trazendo esse projeto para cá porquê acho que é a cara da Europa, uma coisa mais clássica. Estou até pensando em tirar essa roupa e meter um paletó", brinca o artista, que, no show em Lisboa, estará acompanhado de 26 músicos portugueses. Para Hungria, o projeto proporciona uma chance de dar visibilidade aos artistas locais, ao mesmo tempo que faz o próprio artista ter um contato com outras vertentes da música.

"Acho muito irado dar oportunidade para a rapaziada da própria cidade que faço os shows. E para mim, é uma experiência incrível, ter contato com gente que de fato estudou de forma profunda a música, dedicaram a vida a esse estudo de partituras, de algo conceituado, faculdade, especialização etc. Fazer meu rap com o requinte de uma orquestra é algo incrível", afirma.

Conhecido por suas composições motivadoras, que ambicionam uma ascensão na vida, Hungria finaliza dando um recado para a comunidade brasileira em Portugal, na qual se encaixam muitos que atravessam o Atlântico com pouco na bagagem e muitos sonhos na cabeça.

"É seguir. Hoje vejo uma geração afogada na ansiedade, achando que a hora nunca vai chegar, e isso me entristece muito. As coisas acontecem no tempo de Deus. Para quem mudou para cá: é trabalhar com dedicação e com fé, porque cair é normal. Mas levantar do chão também é", pontua. Vale lembrar que ingressos para o show de Atmosfera no Coliseu dos Recreios seguem à venda neste link. As entradas disponíveis variam entre os €50 e os €80.

nuno.tibirica@dn.pt

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