Glossário culinário para facilitar o seu supermercado em Portugal
Alguns ingredientes culinários habituais dos brasileiros mudam de nome em Portugal. Há também aqueles para os quais não basta só adaptar o vocabulário, é preciso mesmo encontrar um substituto.
Texto: Caroline Ribeiro
Se você foi a um supermercado hoje e não encontrou creme de leite para o recheio do empadão, tudo bem, cheguei pra ajudar!
Na próxima, procure a caixinha das natas na mesma seção dos leites. E já que falamos de leite, quer o desnatado, semidesnatado ou integral? Por cá, só se for magro, meio gordo ou o gordo (sim, a literalidade do português de Portugal é maravilhosa em certos casos).
O bolo da vida do imigrante brasileiro em Portugal é enriquecido pela diversidade da nossa língua. Vale polvilhar um pouquinho de açúcar mascavado, que é o nosso mascavo, e esperar que a confusão de vocabulário passe rápido.
Na prateleira do nosso glossário tem ainda o gergelim que é sésamo, a abobrinha que é curgete e aquela pimentinha do reino que é, simplesmente, pimenta preta.
Agora, nem só de diferença linguística se faz um supermercado lusitano, tem diferença na linguiça também. Sabe aquela tradicional do churrasco de domingo? Vai ficar faltando. O estilo por cá é outro. Pra garantir algo parecido, peça a salsicha brasileira.
O tradicional pão francês do café da manhã nosso de cada dia - lembrando que até no Brasil muda de nome de estado pra estado - não comparece no pequeno almoço. Na tentativa de não ficar sem estes bons carboidratos, o cacetinho pode ser uma opção.
Pro recheio, tem quem ame requeijão, e me parece que essa é mesmo uma invenção brasileira. Infelizmente, o creme mais semelhante que tem por aqui é o queijo fundido, mas só pela textura e não pelo sabor. Requeijão em Portugal é um queijo mais firme, parece até um queijo minas. Vale provar e ver no que dá.
Falando no minas, indispensável pro real pão de queijo, também não tem. Mas sugiro usar o queijo da ilha. Perdoem-me os mineiros se cometi um pecado, mas essa troca, na minha receita, deu certo e passei a recomendar.
E encerrando o troca-troca ainda na queijaria, o nosso amado queijo coalho nordestino é aquele patrimônio que sempre vem na mala desta cearense que vos fala. Quando acaba, procuro algum pacotinho de halloumi pra suprir a necessidade. Com origem no Chipre, este queijinho não prometeu nada e entregou tudo no quesito "grelhar sem derreter", algo em que o coalho é campeão.
Anote a receita: corte fatias do halloumi com largura de meio dedo. Esquente bem a frigideira e coloque as fatias. Espere o barulhinho do "tchiiiiiiii" da casquinha queimando diminuir e vire. Deixe o outro lado grelhar também.
Vai bem no pão, na salada, como petisco e até com o empadão que quase ficou sem o creme de leite. Pra tudo a gente dá um jeito!
Quem testar, me conta! Vou adorar saber se o nosso glossário culinário ajudou alguém a otimizar a lista de compras e matar a vontade de um gostinho de Brasil.
caroline.ribeiro@dn.pt