Assine a Newsletter

Sucesso! Verifique a sua caixa de E-Mail

Para completar a Assinatura, clique no link de confirmação na sua caixa de correio. Se não chegar em 3 minutos, verifique por favor a sua pasta de Spam.

Ok, Obrigado
Escritor brasileiro passa em seleção cultural com projeto de livro sobre escravo que virou nobre em Portugal
Escritor Bruno Ribeiro nasceu em Minhas Gerais, mas cresceu na Paraíba e tem sete livros publicados. Foto: arquivo pessoal.

Escritor brasileiro passa em seleção cultural com projeto de livro sobre escravo que virou nobre em Portugal

Bruno Ribeiro foi selecionado para uma residência de duas semanas com o projeto de um romance histórico sobre João de Sá "Panasco"

DN Brasil profile image
por DN Brasil

Texto: Caroline Ribeiro

O escritor Bruno Ribeiro é o único brasileiro selecionado para a residência artística da Fundação Kees Eijrond (KEF), organização para incentivo de atividades culturais de origem holandesa, com uma sede em Lisboa. O programa oferecia três vagas para projetos de escrita e era aberto para candidatos de qualquer nacionalidade.

Bruno Ribeiro foi selecionado com o projeto de um romance histórico sobre João de Sá "Panasco", um homem negro natural do Congo, que foi capturado, escravizado e acabou comprado pelo rei João III, monarca que, no século XVI organizou a colonização do Brasil, dividindo o território em capitanias hereditárias.

"O Panasco era uma figura que se tornou muito popular pelo humor que tinha. Ele conseguia fazer piada com os fidalgos da época. Virou uma espécie de bobo da corte, ou repentista, e depois se tornou um cavaleiro da Ordem de Santiago, que, até então, nenhuma pessoa negra tinha conseguido isso. Me interessei muito pela história, principalmente pela possibilidade de transformar isso numa sátira também", conta Bruno ao DN Brasil.

Com a seleção, o brasileiro vai ter uma estadia de duas semanas em Lisboa, no mês de novembro, com hospedagem e espaço de trabalho para desenvolver sua pesquisa.

"Eu quero aproveitar essa residência inclusive para conhecer nomes que possam ter enveredado pela sátira. Tenho em mente uma linguagem muito similar ao que José Saramago fez. Ele era um provocador, pegava figuras históricas, até Jesus, e conseguia fazer um deboche muito sofisticado com isso. Está sendo um norte para mim, mas a minha ideia é ampliar esse escopo de referências", diz o escritor.

A vida do escravo que virou nobre ainda é desconhecida do grande público, por isso, Bruno afirma que a estadia em Lisboa vai ser fundamental para o trabalho. "A ideia desse projeto nasce com um olhar muito crítico mesmo. Quero muito bater nessa tecla de que o racismo existia, existe, e como o Panasco não foi uma figura heróica, foi uma figura trágica. Ele tinha que fazer os outros rirem para sobreviver, não é porque ele gostava de fazer os outros se divertirem. Então eu quero pegar a história dele para falar de questões que acho que são muito importantes, tanto para Portugal como para o Brasil", avalia.

Bruno Ribeiro tem 35 anos, nasceu em Minas Gerais, mas "adotou" a Paraíba. "Começou mesmo lá a minha vida, tanto que hoje eu me identifico como paraibano", explica. Foi enquanto vivia no estado nordestino que o escritor publicou seu primeiro livro, de contos, intitulado Arranhando Paredes. Depois de um mestrado em escrita criativa em Buenos Aires, na Argentina, lançou o primeiro romance, Febre de Enxofre. O trabalho mais recente do autor é um livro-reportagem sobre um crime real, um feminicídio ocorrido em uma cidade pequena na Paraíba, que se chama Era Apenas um Presente para o Meu Irmão.

Atualmente, Bruno mora em Campina Grande, interior paraibano. "Essa vida de andarilho, sempre com muitos deslocamentos, de alguma forma reflete até nos meus livros. Eu gosto muito de escrever sobre esses personagens em transição. Me interesso também, talvez até por essas mudanças todas da vida, em escrever vários gêneros. Me interesso muito por boas histórias, no final das contas", conta.

Bruno Ribeiro vai passar duas semanas em Lisboa, no alojamento da Fundação Kees Eijrond. Foto: arquivo pessoal.

Embora reconheça que os 15 dias em Lisboa "vão ser de muito trabalho", Bruno garante que, como todo bom turista, vai marcar pontos para conhecer e comidas para experimentar. "Ainda tenho que fazer essa lista. Parece que é um lugar comum falar isso, mas eu não esperava ser selecionado", diz o escritor, que já havia tentado uma seleção para outra residência também com o projeto do romance sobre Panasco.

"Me pegou muito de surpresa. Aí eu falei, 'vou ter que programar tudo o que eu vou fazer', mas com certeza vai dar tempo de trabalhar, de passear. Quero tentar absorver o máximo possível de Portugal nesse período. Eu não sei quando voltaria, então quero poder aproveitar tudo, e vai ser incrível estar em Lisboa".

caroline.ribeiro@dn.pt

Relacionadas

Artista brasileira Alessandra Leão faz apresentação em Lisboa no início de outubro
Espetáculo será no BOTA Anjos, no dia 1º e está marcado para às 21h30.
Brasileiro Japa System: “Portugal projeta a minha arte para o resto do mundo”
Em entrevista ao DN Brasil, percussionista radicado em Lisboa há três anos conta que a mudança para o país representou uma virada de chave na sua carreira.
DN Brasil profile image
por DN Brasil

Assine a nossa Newsletter!

Todas as semanas uma newsletter com temas atuais que dialogam com a comunidade imigrante de Portugal.

Sucesso! Verifique a sua caixa de E-Mail

To complete Subscribe, click the confirmation link in your inbox. If it doesn’t arrive within 3 minutes, check your spam folder.

Ok, Obrigado

Ler Mais