Embelleze: Portugal "é um desafio", mas é porta para mercado europeu
Uma das empresas mais tradicionais do Brasil na área dos cosméticos, a Embelleze abriu, em 2010, a primeira sede na Europa, no município de Vila Franca de Xira, área metropolitana de Lisboa. Hoje, as operações atendem Portugal e todo o mercado europeu, gerando mais de 30 postos de emprego direto.
Texto: Caroline Ribeiro
Expandir os negócios para o exterior nos próximos dois anos está entre os objetivos de 51% das empresas brasileiras. É o que aponta a pesquisa "Trajetória de internacionalização", da Fundação Dom Cabral com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), com dados de 2023.
O relatório mostra que, para sair do Brasil, as empresas buscam, primeiro, os mercados do continente americano, com os Estados Unidos sendo o destino de 16% das companhias avaliadas e ocupando a primeira posição no ranking dos dez países mais procurados. No entanto, quando o assunto é o mercado europeu, Portugal assume a liderança. “É bastante comum as empresas escolherem os Estados Unidos pelo tamanho do mercado, Argentina pela proximidade e laços comerciais históricos e Portugal pela língua e por ser uma porta de entrada para a Europa", afirmou Lívia Barakat, coordenadora do estudo, na divulgação dos resultados.
Foi com esse objetivo que uma das empresas mais tradicionais do Brasil na área dos cosméticos, a Embelleze, abriu, em 2010, a primeira sede na Europa, no município de Vila Franca de Xira, área metropolitana de Lisboa. Hoje, as operações atendem Portugal e todo o mercado europeu, gerando mais de 30 postos de emprego direto.
"Quando as empresas vêm para a Península Ibérica, elas vão para a Espanha. A gente vai para Portugal, porque tem aquela ligação cultural com os portugueses, é o idioma, é tudo. Fora que é também o mercado da saudade para os brasileiros e quem já conhece", explica ao DN Brasil Vivan Santalucia, diretora-geral da empresa no país.
Segundo Vivian, Portugal se apresenta como a principal possibilidade de expansão para a Europa, mas tem "desafios" que precisam ser considerados. "Certamente, as empresas brasileiras vão ter que estudar e aprender a lidar com o 'sócio', que é o Estado português", brinca a gestora.
"É preciso saber como funciona, entender qual vai ser o custo disso também para operacionalizar aqui em Portugal. Eu acho que o Estado português não ajuda muito as empresas. É o primeiro país do mundo que eu vejo que você tem que pagar imposto de renda antecipado. A legislação trabalhista é extremamente complexa aqui. Contratar hoje já não é tão fácil assim. Não es tou querendo desanimar ninguém, estou botando as coisas realmente como elas estão. É um desafio", completa Vivian.
A frente da companhia desde o começo das operações em Portugal, a diretora também ressalta as obrigações com o cumprimento da regulamentação da União Europeia. Para isso, a empresa tem um departamento específico, criado para acompanhar as "constantes mudanças" na legislação.
"Os produtos são desenvolvidos no Brasil já de acordo com as normas europeias. A gente tem que produzir um produto que sirva para todos os países. E como a legislação mais pesada é europeia, então a gente foca nela. Então, sim, a gente teve que muitas vezes fazer alterações. A gente tem dentro da empresa um departamento de assuntos regulamentares", diz Vivian.
Atualmente, a Embelleze passa por um momento de rebranding dos principais produtos da marca, que também são comercializados no mercado europeu. Uma das formas de apresentar ao público a nova identidade visual foi ter ações de promoção no Rock in Rio Lisboa. Segundo a diretora, "dá trabalho" internacionalizar, mas, com a consolidação e perspectivas de crescimento, os resultados chegam. "Claro que depende do produto, do serviço", mas "vir para Portugal e abrir para outros países é "o mais acertado, eu diria".
caroline.ribeiro@dn.pt