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Efigênia ou Fifi? As duas faces da artista brasileira que é chef de restaurante português
Fifi com as duas paixões de sua vida. Foto: Leonardo Negrão

Efigênia ou Fifi? As duas faces da artista brasileira que é chef de restaurante português

Fifi conta que, ao chegar, trabalhou como ajudante de cozinha em outro restaurante e, no tempo livre, se dedicava, além do trabalho como artista, a livros sobre gastronomia típica portuguesa.

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por DN Brasil

Texto: Nuno Tibiriçá

O balcão, as bebidas e o cardápio do restaurante Os Coutinhos, na rua de Matarraque, em São Domingos de Rana, Oeiras, não deixam quem ali entra se enganar: trata-se uma legítima tasca, estabelecimento tipicamente português. Embora a decoração e comida servida no restaurante seja a tradicional lusitana, há um bom toque de brasilidade no Os Coutinhos. A brasileira Fifi comanda a cozinha do espaço.

"Na cozinha, eu sou a Fifi. No meu ateliê, sou a Efigênia Coeelho. Assim, com dois e´s mesmo", conta Fifi ou Efigênia, chef de cozinha e artista plástica nascida em Goiás e radicada em Portugal há três anos.

Desde o último dia 22 de agosto, quando o restaurante na qual trabalha reabriu as portas após as férias, Efigênia, a artista plástica, exibe nas paredes do estabelecimento a sua mais nova exposição, intitulada "Filho Amado". A exposição é uma homenagem a seu filho, Flávio, falecido em 2023 após lutar contra um tumor cerebral. Segundo Efigênia, o seu talento para a arte era o que Flávio mais admirava na mãe.

Após a fatalidade, Efigênia conta que não conseguiu focar no seu trabalho artístico por algum tempo, algo que, agora, passado quase ano e meio do acontecido, ela conseguiu retomar. Nos 15 dias em que o Os Coutinhos esteve fechado, ela fez uma maratona de trabalho artístico em seu ateliê e produziu os quadros que agora colorem o restaurante.

"Fiquei acordada dia e noite, passei minhas férias todas produzindo estes quadros. É minha maneira de homenageá-lo, desde pequeno o Flávio gostava de ir me ver no ateliê, pintando... essa exposição que fiz é pensando nele", diz.

A carreira de Efigênia nas artes plásticas começou nos anos 90. Formada em arquitetura, ela sempre nutriu a paixão pela arte e chegou a trabalhar nos Estados Unidos no início deste século. Ela também expôs nos mais diversos estados brasileiros e até em países europeus, como na Itália: "Vendia três, quatro quadros por mês, cheguei até a fazer cinco exposições num só mês", conta.

Quando estava morando em Fortaleza, em 2020, Efigênia começou a se dedicar mais à sua outra paixão: a cozinha. Com o mercado em crise e vendendo poucos quadros, ela decidiu empreender em um bistrô delivery e deu vida à face de chef de Fifi.

"Para mim, a comida também é uma arte e todo mundo sempre gostou muito da minha comida. Esse bistrô surgiu porquê na época da pandemia as pessoas estavam perdendo muita coisa, alguns perderam quase tudo. E eu mesma não estava conseguindo trabalhar na arte como antes, tinha meses que vendia só um quadro. Então decidi abrir o negócio e sinto que foi um laboratório para mim, para conseguir ocupar o cargo que ocupo hoje em Portugal", diz.

Em meio a pandemia, surgiu a ideia de imigrar para Portugal, onde o ex-marido já vivia com o filho Flávio e em 2021, ela resolveu fez a mudança definitiva com sua outra filha, Cristal. Para atingir o patamar de chef em um restaurante português por aqui, no entanto, foi preciso muito estudo.

Fifi conta que, ao chegar, trabalhou como ajudante de cozinha em outro restaurante e, no tempo livre, se dedicava, além do trabalho como artista, a livros sobre gastronomia típica portuguesa: "Imersão total. A culinária portuguesa é muito ampla, centenas de pratos só de bacalhau, por exemplo. Então precisei estudar muito mesmo para conhecer os pratos e as técnicas", afirma a chef.

A caldeirada de bacalhau e camarão preparada por Fifi. Foto: Leonardo Negrão.

A goiana se apaixonou logo por Portugal, lugar onde logo se sentiu em casa: "Sou muito mística e, quando cheguei aqui, eu senti algo diferente, que nunca tinha tido nos EUA, por exemplo. Pensei: essa é minha casa", conta. Quando surgiu a oportunidade de se tornar chef do restaurante Os Coutinhos, Fifi agarrou com unhas e dentes. Além de pratos típicos portugueses, como a caldeirada de bacalhaum, ela até consegue colocar no cardápio vez ou outra alguns familiares ao público brasileiro.

"Faço picanha e feijoada. Também já tentei implementar outras coisas, como a moqueca, mas aí é algo mais específico, quem não tem tanta intimidade com os temperos baianos pode estranhar. Mas picanha e feijoada quase todo mundo gosta. Aliás tenho que ali ver o feijãozinho que temperei ", lembra a chef.

Feliz em Portugal, país onde diz ter sido muito bem recebida, Fifi pensa no futuro sempre com foco na arte e na gastronomia, levando por onde passa e no que faz, sempre a memória de Flávio. Um dos sonhos de Fifi é um dia ter um "Bistrô com arte", um restaurante que tenha galeria e promova exposições de seus trabalhos e lançamentos de outros artistas, sejam brasileiros, portugueses ou de qualquer canto.

"O Flávio virou meu anjo da guarda. Eu tenho a certeza que ele está vendo o que estou fazendo e está feliz por eu continuar com a minha arte. Eu pinto desde que me lembro por gente e vou continuar pintando. Por ele, eu não paro mais", finaliza a multifacetada Efigênia.

Confira fotos do restaurante Os Coutinhos e algumas das obras da exposição "Filho Amado"

dnbrasil@dn.pt

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