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Edna era obrigada a entrar pelos fundos do restaurante em que trabalhava, hoje tem seu próprio
Edna é proprietária do Edna's Boteco, em Braga. Foto: Amin Chaar.

Edna era obrigada a entrar pelos fundos do restaurante em que trabalhava, hoje tem seu próprio

"Eu tenho que agradecer todos os dias, todas as horas, porque às vezes eu não consigo acreditar no momento que a gente está vivendo", comemora.

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por DN Brasil

Texto: Amanda Lima

O começo da vida de imigrante da brasileira Edna Costa foi como o de outros milhares de brasileiros em Portugal: limpando e trabalhando mais horas do que a lei permite e por um baixo salário. Cozinheira no Brasil, no novo país não "podia chegar perto do fogão". Apenas o serviço de limpeza lhe era permitido no restaurante em que trabalhava. Isso foi há quase 20 anos.

"Naquela época pesou muito o fato de eu ser negra e brasileira, eu também não tinha a consciência de hoje. Foi muito sofrimento, muita coisa horrível. Era uma época em que brasileira era considerado que vinha aqui só para fazer vida e mais nada, era descarado", conta ao DN Brasil.

Dois anos depois de trabalhar só nas limpezas e como ajudante na cozinha, Edna finalmente teve permissão para cozinhar. De restaurante em restaurante, a comida era sempre elogiada, mas muitos não sabiam que era a mineira quem tinha preparado o prato. "Já teve restaurante que a pessoa falava comigo que eu podia cozinhar, mas não podia dizer que era eu se alguém perguntasse, já teve restaurante que eu entrava só pelas portas dos fundos", recorda.

Segundo a brasileira, não tinha outra saída: era preciso trabalhar. Na época, a filha era pequena. "A gente ficava calada, não tinha nada, aceitava qualquer coisa", explica. Entre os empregos que teve, além da xenofobia e do racismo, também levou golpes, como o de trabalhar e não receber o salário até hoje. Nesta jornada de quase duas décadas, a imigrante também teve outros negócios na área que não deram certo, como um restaurante em uma aldeia, que faliu em três meses. "Era um casarão antigo, lindo, com um rio atrás, mas as pessoas não aceitaram a gente, achavam que era uma casa de prostituição por eu e a minha irmã sermos brasileiras", relata.

Sem desistir, a mineira voltou a ser funcionária, até surgir a oportunidade de ter uma lanchonete em um centro comercial. Logo veio a pandemia de Covid-19 e teve que fechar. "Foi quando eu comecei a cozinhar em casa, principalmente a feijoada. Eu mesmo cozinhava e ia entregar com a minha trotinete, até que apareceu um amigo motorista que fazia as entregas", ressalta.

Quando o estabelecimento pode reabrir, a cozinheira não estava satisfeita. "Eu não gosto de centro comercial, daquele tipo de negócio e de comida rápida. Então eu orei a Deus por outra oportunidade, que apareceu". A oportunidade foi comprar o ponto de um restaurante que existia há 20 anos. E assim, depois dos esforços, de cair e levantar, hoje é proprietária do Edna's Boteco, sempre com casa cheia.

A cozinheira diz que olha pra trás com emoção e gratidão.

"Eu tenho que agradecer todos os dias, todas as horas, porque às vezes eu não consigo acreditar no momento que a gente está vivendo", comemora.

O restaurante é referência em culinária brasileira na cidade e a brasileira é conhecida por todos pelo carinho que trata as pessoas e pelo sabor dos pratos - que tem como um dos segredos o tempero mineiro.

Edna e família no restaurante, sucesso em Braga.

Sempre conectada e pesquisando referências no Brasil, o Edna's Boteco é também um restaurante que apresenta novidades com frequência. Uma delas é o rodízzio de hambúrguer, o primeiro do país, servido nas sextas-feiras. Neste momento, o carro chefe é a parmegiana na travessa. Aos sábados, já é tradicional a feijoada.

O empreendimento tem 10 pessoas no quadro fixo de funcionários, todos imigrantes. "Sou a mãezona de todo mundo", brinca. Por falar em mãe, o restaurante é também familiar: o marido de Edna e a filha, hoje adulta, trabalham no negócio. A família cresceu e o casal possui mais um filho de seis anos.

amanda.lima@dn.pt

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