DN Brasil: integração e Ivete Sangalo
Neste curto espaço de tempo, participamos de vários eventos, promovemos encontros, estivemos com os nossos leitores, noticiamos factos que fazem realmente a diferença na vida das pessoas.
Texto: Amanda Lima, editora-chefe do DN Brasil. Publicado originalmente no Diário de Notícias.
Brasileiros e portugueses dançavam, cantavam e pulavam animados em Braga ao som da música Pequena Eva, da Ivete Sangalo, no arraial brasileiro promovido recentemente na cidade, às vésperas do São João. Poucas horas antes, a própria Ivete Sangalo cantava a mesma música para 60 mil pessoas no Rock in Rio Lisboa, onde todos igualmente cantaram do início ao fim. Ao voltar para o hotel, no arraial do município ali mesmo ao lado, tocava música brasileira e a barraquinha tinha um letreiro bem grande “caipirinhas”.
No dia a seguir, domingo, foi a minha vez de cobrir o Rock in Rio Lisboa, em mais uma cartaz com artistas do Brasil, principalmente jovens. Eu corria pelo parque pra cobrir o concerto do Ne-yo no Palco Mundo, quando escuto uma voz brasileira no palco Tejo, o menor do festival - mas nem por isso menos repleto de público. Parei para analisar os fãs: adolescentes e jovens emocionados, cantando e gritando com os celulares filmando para o artista que eu nunca tinha visto na vida. Importante dizer: da pronúncia que ouvi, muitos eram portugueses assistindo.
Com uma rápida busca descobri que o brasileiro no palco que levava os fãs ao rubro se chama Thiago Veigh. Com apenas 22 anos, é um dos artistas mais prominentes da atualidade, com um álbum que conquistou o top 1 global do Spotify . Senti-me desatualizada (pra não dizer velha, mesmo com 31 anos) do panorama musical e mal por não conhecer um cantor de sucesso do meu país. Mas não vamos mais longe.
Até poucos dias antes do festival, eu também não sabia que o DJ Pedro Sampaio era brasileiro. Neste caso o nome até engana, poderia bem ser português. A música pocpoc, um dos principais sucessos, eu conhecia: toca sempre nas aulas de zumba do meu ginásio, ministrada por uma professora portuguesa. A andar pelo Rock in Rio naquela noite, vi que muitas pessoas, especialmente jovens portuguesas, estavam no festival por causa do Pedro Sampaio. Quando fui a roda gigante pisca-pisca, quatro adolescentes portuguesas da minha cabine perguntaram-me porque o Pedro Sampaio não estava no Palco Mundo. Eu respondi que não sabia, que até pouco tempo nem sabia quem era. O olhar das miúdas foi de desapontamento.
Todas estas situações, que envolvem o sentimento puro, genuíno e democrático que a música proporciona, reforçam que há muito coisas a nos unir do que a nos afastar. E é algo que mentalizo todos os dias, em especial hoje, ao completarmos um mês de DN Brasil. Neste curto espaço de tempo, participamos de vários eventos, promovemos encontros, estivemos com os nossos leitores, noticiamos factos que fazem realmente a diferença na vida das pessoas, recebemos mensagens de brasileiros, portugueses e imigrantes de várias nacionalidades, ampliamos a voz de pessoas que contribuem em tornar Portugal um país melhor e mais rico a cada dia, juntos.
“Me senti representada pela primeira vez”, disse-me uma brasileira que aqui mora há mais de 20 anos. Não há nada mais gratificante. Isto é DN, isto é DN Brasil, isto é jornalismo. Sempre com o foco de unir, de sermos porta-vozes da realidade, por mais complexa que seja. Há sempre aquilo que nos une, seja a Ivete Sangalo para os antigos e o Pedro Sampaio para os jovens.
amanda.lima@dn.pt
