DN Brasil é jornalismo e coragem
Este seja o pretexto para se dar voz aos que menos voz têm para expor os seus problemas à sociedade, para se criar empatia e para se promover uma integração plena das diferentes comunidades residentes em Portugal.
Texto: Bruno Mateus, diretor interino do Diário de Notícias
Podíamos encontrar nos 50 anos do 25 de Abril um pretexto, ou nas comemorações também este ano dos 160 anos do Diário de Notícias, ou no bicentenário que se celebra no ano que vem das relações diplomáticas entre Portugal e Brasil, após o Tratado do Rio de Janeiro que proclama a “amizade perpétua” entre os dois países. Mas não precisamos de pretextos para lançar hoje o Diário de Notícias Brasil (DN Brasil), que será parte deste DN ao qual os leitores já se habituaram pelo rigor informativo, pluralidade, seriedade e independência, mas desta vez também com páginas escritas em português do Brasil, dirigidas à comunidade brasileira residente em Portugal.
Não precisamos de pretextos para este lançamento, se tivermos em consideração que Portugal já tarda numa iniciativa de integração e aculturação como esta, dirigida a uma comunidade com mais de 600 mil pessoas que escolheram Portugal para morar, sendo esta a maior comunidade imigrante a residir no nosso país.
Devo admitir, em primeiro lugar, sendo o nosso compromisso com a verdade, que muito nos entristece e preocupa que uma jornalista brasileira profundamente integrada no nosso país e na redação do DN, detentora de pleno exercício dos seus direitos, liberdades e garantias, seja alvo de extremismos, ameaças diretas à integridade física, vítima de palavras ofensivas, machistas, racistas e xenófobas. O DN não irá tolerar comportamentos dessa natureza, irá denunciá-los junto das autoridades, combatê-los e proteger quem é alvo de crimes de ameaça e de propagação de mensagens racistas nas redes sociais ou em qualquer plataforma ou forma de comunicação.
Vivemos em tempos onde a polarização política não pode ser a nova normalidade. A democracia e os direitos humanos devem ser protegidos minuto a minuto, e esse é um papel que cabe a toda a sociedade, mas que os políticos devem deixar bem claro quais os valores que defendem. A extrema-direita não pode ser berço de movimentos que atentem contra os valores mais elementares de uma sociedade justa.
Se eu achava que não era preciso um pretexto, talvez este seja o pretexto para se dar voz aos que menos voz têm para expor os seus problemas à sociedade, para se criar empatia e para se promover uma integração plena das diferentes comunidades residentes em Portugal, que contribuem com o seu trabalho, esforço, dedicação e projetos de família, para uma sociedade inclusiva e que traga futuro a Portugal.
O jornalismo não pode ser ameaçado, nem amordaçado. Se calarmos vozes ativas, jamais as pessoas serão ouvidas.
O DN Brasil não é mais, nem menos do que o jornalismo do Diário de Notícias. Os leitores é que podem ser outros, podem ser aqueles que encontram no jornalismo o rigor da informação que fala diretamente para os seus problemas e necessidades. A proximidade com o leitor é fundamental. E, por isso, escolhemos escrever em português do Brasil para sermos esse veículo de proximidade. Neste DN Brasil, estaremos a abrir portas, a derrubar muros, a combater extremismos sem politizar a informação, apenas com coragem. Todas as segundas-feiras poderá acompanhar esta edição no papel, e diariamente, com atualização constante, no digital.