DN Brasil e Cícero Bistrot promoveram debate sobre combate à desinformação
Evento ocorreu no restaurante Cícero Bistrot, do empresário brasileiro Paulo Dalla Nora Macedo.
Texto: DN Brasil
O combate à desinformação e a importância do j0rnalismo profissional foram tema de um jantar-debate promovido pelo DN Brasil, em parceria com o Cícero Bistrot. O convidado foi o sociólogo Marco Ruediger, diretor da escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A proposta de realizar o encontro foi do empresário Paulo Dalla Nora Macedo, proprietário do restaurante. Todos os meses, o local sedia debates que envolvem temas do interesse da sociedade civil, sempre com foco na integração e troca de ideias entre Brasil e Portugal.
De acordo com o pesquisador, um dos maiores desafios é o uso cada vez mais rápido da inteligência artificial. "Isso faz uma mudança muito substantiva na capacidade das estruturas de regulação", explicou, citando o exemplo da desinformação no contexto eleitoral. "Além das imagens, agora podem falsear a voz, e ainda é muito difícil de detectar", disse.
Rudiger defende que as instituições, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) use a própria inteligência artificial para detectar a desinformação praticada com inteligência artificial. "É uma situação de extrema complexidade", analisou. Para Marco, é necessário o envolvimento da sociedade civil, poder judiciário e governo - o que por si só torna ainda complexo, por conta de interesses que podem estar envolvidos. "A própria polarização interessa a muita gente, não só pra extrema-direita, porque esvazia o centro político", pontua.
O especialista afirma que um momento crucial está chegando no Brasil e que servirá de exemplo para outros pleitos pelo mundo. "As eleições pra governador neste ano vão ser um ensaio para a presidencial de 2026", analisou, em referência ao como o combate à desinformação será realizado. 1 ano e meio depois da tentativa de golpe de estado, em que as fake news tiveram um papel central, o professor ainda vê perigo na democracia. "A democracia é uma instância que é socialmente construída a partir das pessoas, não a partir de máquinas. Então ocorra uma corrosão da democracia, não só pela deformação das informações que , das imagens falsas e dos discursos falseados, mas a própria desfuncionalidade de uma democracia que não opera mais a partir das pessoas", refletiu.
Apesar da necessidade de usar a própria IA para combater os malefícios da IA usada pelas pessoas, Marco Rudiger ainda vê como algo essencial a confiança e a fidúcia. "Todas as nossas relações se baseiam na fidúcia. É central à democracia. Quando se corrói a confiança, corrói o sistema democrático" disse. Para isso, o pesquisador analisa que o jornalismo é essencial. "É preciso preservar as marcas, para que as pessoas vejam o jornalismo com confiança", afirmou.
Marco respondeu questionamentos dos participantes, desde acadêmicos, empresários e desembargadoras brasileiras. Vários dos convidados, inclusive o próprio pesquisador, estão em Portugal nesta semana para participar do Fórum de Lisboa, que ocorre até sexta-feira.
O jantar-debate contou com degustação de vinhos da Herdade da Malhadinha Nova que acompanhou os pratos do Cícero Bistrot.